terça-feira, 6 de setembro de 2016

Se abster ou voto nulo: consciência cidadã


Nas campanhas eleitorais se revelam mais claramente os interesses ocultos das elites governantes, o maquiavelismo corrupto dos politicóides profissionais fica mais nítido, visto que eles escancaram, sem nenhum pudor, suas demagogias e cinismos. Portanto, esse momento exige de cada um de nós uma especial atenção. 




CONSCIÊNCIA CIDADÃ É TAMBÉM SE ABSTER OU VOTAR NULO



Por Antonio Cavalcante Filho 



A decisão de emitir opinião sobre os fatos da vida, da militância nos movimentos sociais, da opção de “ter lado” e de mostrar publicamente o que penso, digo e faço, acaba por render algumas contrariedades. Mas é a garantia de que nossa passagem por este plano da vida não é morna, tem sabor (e dissabores) e no fim revela a consciência de ter feito algo em defesa daquilo que acreditamos ser justo.

Jamais deixei de sonhar com a possibilidade de construirmos um mundo mais fraterno, humano e solidário. E mais do que isso, nunca fugi desse debate.

A quem me acusou de partidarismo, demonstrei que critiquei a todas as correntes políticas quando necessário, e, algumas vezes, até as elogiei, quando senti que era preciso por ser verdadeiro (sem com isso ter compromisso com partido algum). Evoluí em alguns aspectos e reconheço regressão em outros. Paciência, ninguém é perfeito!

Por vezes sou atacado “na pessoalidade” e não por minhas ideias!

Não sou organizado a ponto de guardar minhas escritas, mas a internet permite um repositório no sistema de “nuvens” e outras invenções que se revelam grandemente úteis para arquivos de ideias. E ali encontrei textos que fiz desde o século passado, e de cujo teor não me arrependo. Ao contrário, são incrivelmente atuais.

Uma das opiniões que tenho emitido se afina com a possibilidade do voto nulo e até mesmo a do eleitor se abster do processo eleitoral se assim entender. Creio que esse exercício é também um legítimo exemplo de cidadania. Já que os partidos não se esmeram em apresentar bons programas, ou candidatos que eu possa confiar o meu voto, ninguém pode me obrigar a votar em qualquer um ou no “menos pior”. Não tenho dúvidas de que esta postura é exemplo sim de consciência cidadã.

Recupero aqui ideias veiculadas em artigos de minha autoria, publicados há cerca de 10 anos.

Disse que é normal em ano eleitoral o acirramento dos debates políticos nos mais diferentes segmentos sociais, que no calor dessas discussões os trabalhadores podem observar com mais atenção o antagonismo irreconciliável dos interesses de classes. O período eleitoral é excelente para os setores explorados desmistificarem a “pregação” abstrata da classe dominante de que vivemos numa democracia na qual todos os “cidadãos” são iguais perante a lei com os mesmos direitos e deveres.

Balela.

Notou que ninguém fala em transporte público de graça? Você percebeu que o custo de um ônibus, com dois empregados, não é tão alto a ponto de ser impeditivo para que o município assuma esse serviço? Será que percebe como ficaria melhor o trânsito da cidade? A cidade de Maricá (RJ), por exemplo, já faz anos que instituiu o transporte público a custo zero.

Esse é um exemplo claro de que a eleição é o momento em que a classe dominante reafirma sua influência e direciona os debates para que seus  privilégios sejam ainda maiores. No caso do transporte público os interesses dos empresários é mais “relevante” aos políticos do que os direitos dos cidadãos empobrecidos.

Então, fuja da farsa.

O “circo eleitoral” já foi instalado e apresenta o voto como “cura” para todos os males, montado num cenário perfeito para refletirmos com profundidade se realmente temos um governo do povo, pelo povo e para o povo. Vai ser aí, no meio das mentiras e palhaçadas dos programas eleitorais, que iremos nos perguntar: afinal a Constituição que afirma que o Brasil se constitui em Estado Democrático e de Direito, tendo como fundamento a cidadania e a dignidade da pessoa humana, veicula uma intenção verdadeira ou apenas mais uma ficção?

Nas campanhas eleitorais se revelam mais claramente os interesses ocultos das elites governantes, o maquiavelismo corrupto dos politicóides profissionais fica mais nítido, visto que eles escancaram, sem nenhum pudor, suas demagogias e cinismos. Portanto, esse momento exige de cada um de nós uma especial atenção.

E é aí que entendo que parte da elite política ainda não considera que o povo se emancipou, que a senzala tem direitos e os exige de imediato, não sendo a eleição, ou uma votação, um pressuposto para que os empobrecidos reclamem o seu quinhão.

Os graves problemas sociais somados à imoralidade reinante em todos os escalões republicanos convidam a uma reflexão não apenas da estruturação social, econômica e administrativa desta sociedade hipócrita, mais principalmente do atual modelo de representação política.

Quero meu direito de votar nulo ou o de me abster e dizer aos partidos políticos, à caríssima estrutura da Justiça Eleitoral, aos candidatos sem-proposta, que o voto nulo ou a abstenção é também uma legítima declaração de insatisfação a tudo o que me apresentam como “festa da democracia”. Chega de ver programas eleitorais em que o candidato é um ator de novela, que ri e chora com muita facilidade, mas não apresenta resposta aos mais simples problemas de nossas vidas.

Pelo direito à felicidade, e para que futuramente eu não me sinta culpado pela “bobagem” política ou administrativa de alguém que ajudei eleger com o meu voto (isso aconteceu-me recentemente) invoco a reflexão do cidadão eleitor não só pelo voto nulo, mas também pela a abstenção!


Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


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