quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Cunha sai, centenas de Cunhas ficam — e o jogo continua o mesmo


A prisão de Cunha serve a muitos interesses, ainda que deixe várias sanguessugas de Brasília estendendo a mão para a garrafa de uísque. Cunha preso, como no caso de Marcelo Odebrecht, é pão e circo para o povo. A ideia de vê-lo encarcerado desencadeia uma catarse coletiva. Pegaram o ladrão. 



Do intercept:

Por Andrew Fishman

O ex-deputado federal Eduardo Cunha finalmente foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira, dia 19, e teve sua casa revirada por agentes em busca de provas que liguem o então homem forte com o esquema de propinas na Caixa Econômica Federal. Levando em consideração a notícia de que a Justiça Federal bloqueou mais de R$ 220 MILHÕES dos seus bens, parece inegável que o montante de acusações justifiquem sua prisão. A dúvida é se essa ação representa justiça sendo feita ou uma ovelha sendo oferecida em sacrifício para as massas. Para quem carrega as bandeiras de “Fora Cunha” e “Fora Temer”, parece um momento mais adequado à vigilância que à celebração.

O desprezo a Cunha por grande parte da população atingiu níveis estratosféricos com seu papel chave na articulação da expulsão de Dilma Rousseff. O ódio e desespero sobre tudo o que tramitou injustamente em Brasília ficou focado nas figuras de Eduardo Cunha e Michel Temer. (São farinha do mesmo saco, afinal. “Michel é Cunha”, assegurou o aliado Jucá.)

Além da imagem de usurpador escorregadio que Temer representa na consciência coletiva da oposição, não existe uma figura que melhor desminta a promessa de “impeachment para livrar o país de corrupção” do que um líder do partido-parceiro mais próximo ao PT nos esquemas de corrupção: ele mesmo é acusado de embolsar dezenas de milhões de reais através de contratos corruptos. Já a palavra “Cunha” virou quase um xingamento para milhões de brasileiros. Ele é tão odiado que nem consegue andar em aeroportos sem apanhar de tiazinhas sob uma trilha sonora de vaias.

Os caciques do PMDB não são iniciantes na política e entenderam que Cunha parou de ser o instrumento incisivo de antes e virou uma pesada cruz para seus aliados carregarem. Deixaram-no para os lobos. O juiz Sérgio Moro, que abertamente articula uma estratégia midiática, também consegue reconhecer o valor de pegar um peixe peemedebista deste tamanho — especialmente neste momento, com seu poder e respeito em declínio por ter ultrapassado limites constitucionais e ignorado o mandato de imparcialidade. Apoiadores de outrora, como Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly, reconhecem a politização do Lava Jato:
“Diria que a politização do caso é exatamente o que permitiu que ele progredisse até onde foi sem ser interrompida por seus inimigos. Perversamente, também é o que vai começar a levar a investigação a seu fim, provavelmente nos próximos meses.”
A prisão de Cunha serve a muitos interesses, ainda que deixe várias sanguessugas de Brasília estendendo a mão para a garrafa de uísque. Cunha preso, como no caso de Marcelo Odebrecht, é pão e circo para o povo. A ideia de vê-lo encarcerado desencadeia uma catarse coletiva. Pegaram o ladrão. Mas esse alívio pode até ser um fator desmobilizante da oposição, com o “Fora Cunha” cumprido. Ao mesmo tempo, Moro consegue usá-lo como um exemplo de sua imparcialidade sem cuspir diretamente no olho dos novos donos de Brasília, que estão salivando para fechar sua investigação interminável (quase todos são implicados) e voltar para o negócio de sempre. Sem dúvida, será uma potente ferramenta retórica no esperado dia em que Moro pedir que a PF volte com a cabeça de Lula.

Fonte intercept


ELEIÇÃO SEGUNDO TURNO (Cuiabá MT)

Se os partidos políticos me oferecem péssimas opções de candidaturas, não sou obrigado a votar em qualquer um, muito menos no “mal menor “, ou no “menos pior”. Se os candidatos que estão disputando o segundo turno não são os dos meus sonhos, os que me representam, por que votar neles se já sei que amanhã irão me trazer pesadelos?



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