sexta-feira, 7 de outubro de 2016

DIREITA, VOLVER!


É a Casa-Grande retomando "o que lhe é de direito", conforme determinado há alguns séculos pelos colonizadores portugueses. 
 



Por Sebastião Costa

O pensamento do filósofo italiano Norberto Bobbio é cristalino quando define esquerda e direita: "A esquerda entende as desigualdades como sendo de cunho social e assim passíveis de eliminação. Por outro lado, a direita acredita que essas desigualdades são naturais e, dessa maneira, não há forma de extingui-las". Como a direita, aqui e alhures, sempre manteve nas mãos o monopólio do poder político-econômico, é muito natural a manutenção do profundo desequilíbrio na distribuição da renda e das riquezas mundiais.

Thatcher e Reagan acharam pouco e ainda meteram na cabeça do mundo ocidental a ideia de um neoliberalismo promovendo o 'trikle-down (gotejamento que transborda dos mais ricos para os mais pobres ). E o que se viu foi a pobreza inundando a Europa e as injustiças sociais se aprofundando na América Latina.

Por falar em AL, alguns líderes políticos de esquerda - Evo, Rafael Correia, Kirchner, Mujica, Chávez, Lula, andaram surfando na contra-mão dessa história e reduziram drasticamente as desigualdades sociais em seus países, coincidindo com a filosofia do pensador italiano.

A esquerda tende a ser solidária, a direita, egocêntrica

No Brasil, particularmente, há uma unanimidade quando se avalia a evolução dos indicadores sociais durante os governos petistas. A chamada nova classe média, sob o impulso de 22 milhões de novos empregos evoluiu sua renda familiar de R$1,1 mil para R$ 4,5 mil, injetando na economia 100 bilhões de reais a partir de 2002. Essa novo segmento social passou a usufruir das mordomias de frequentar shopping centers, viajar de TAM e adquirir o carrinho 1.0.

Ocorre que essa festa durou muito pouco. O trabalho sincronizado do complexo elite-mídia-judiciário-policial contribuiu efetivamente para a derrubada do partido dos Trabalhadores do poder e foi decisivo para a vitória indiscutível da direita nas eleições municipais do último domingo. E aquela nova classe média, vejam que ironia, foi quem mais contribuiu para jogar o PT na lona. Muitas palmas para a competência do complexo!

É a Casa-Grande retomando "o que lhe é de direito", conforme determinado há alguns séculos pelos colonizadores portugueses.

Os números não permitem dúvidas: mais da metade das cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes serão governadas por prefeitos com conta bancária acima de 1 milhão de reais. Medalha de ouro para o prefeito de São Paulo que mantém nos bancos a merreca de 180 milhões de reais e já avisou que não vai tolerar manifestações de movimentos sociais. Onde já se viu! Já tiveram muita liberdade nesses 13 anos.

Outra ironia, é que o grande derrotado dessas eleições foi o PT do mensalão e do petrolão. E o grande vencedor, foram os tucanos do mensalão mineiro, da compra de votos para a reeleição do príncipe, da lista de Furnas, do assalto ao Banestado, da privataria, do superfaturamento da merenda, do trensalão...

Mas, as urnas também deixaram um recado à todos políticos sem distinção de ideologia: Votos brancos, nulos e abstenções venceram o primeiro ou o segundo colocado em 22 capitais, inclusive o milionário de São Paulo. Destaque para a insatisfação dos cariocas e belo-horizontinos, onde brancos, nulos e abstenções superaram a soma dos votos do primeiro e segundo colocados.

A pura realidade extraída das urnas aponta para um Brasil ultra-conservador, decepcionado com o político e desiludido com a política

Fonte Brasil 247


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