segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Capitalismo e corrupção: dois lados da mesma moeda


Aos golpistas de 2016, que a pretexto de “combaterem a corrupção”, afastaram uma presidente legitimamente eleita, digo, que são triplamente corruptos: pois roubaram mais de 54 milhões de votos, estão blindando os seus comparsas envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção, e implantando no país um capitalismo tão perverso que somente as mentes irremediavelmente degradadas, os cérebros sem luz podem conceber. 



 
Por Antonio Cavalcante Filho 


Não é de hoje que reservo parte da minha vida à militância política social, mais notadamente no combate a corrupção, a começar pela corrupção eleitoral, que é a eleição ilegítima, com o uso de subterfúgio, dinheiro sujo, utilização de estrutura estatal e tantas outras formas de degradação da Democracia e de suas instituições. Por isso, ouso compartilhar essa reflexão:

A corrupção pode ser entendida como “deterioração”, decomposição física ou orgânica de algo, ou putrefação, como o elevado grau de “corrupção” de um cadáver, por exemplo. Corrupção também significa “modificação”, adulteração das características originais de algo, ou ainda, no sentido figurado, pode significar degradação dos valores morais, hábitos ou costumes. É a “corrupção” dos costumes de que tratamos na atualidade, e esse é o significado a que me refiro nesse artigo.

Dentro de nosso sistema de leis, principalmente punitivas, a corrupção (degradação de valores) vem prevista no Código Eleitoral (art. 299) e no Código Penal, quando se refere à corrupção ativa e passiva, situação em que um cidadão corrompe um servidor público, ou recebe deste um pedido de propina.

Penso que a democracia e suas instituições, mesmo essa nossa, que nem de longe é a democracia dos meus sonhos, devam ser tratadas com decência e protegidas contra os “seus inimigos” que atualmente são representados pelos segmentos golpistas, que recentemente violaram a vontade do povo e instalaram no poder uma quadrilha de alta periculosidade.

O Brasil pertenceu à Coroa Portuguesa durante alguns séculos, e mesmo com a Proclamação da República, resolveu criar as suas instituições nos exatos moldes em que se operava na Colônia, aquela mesma que o padre Antonio Vieira há mais de 300 anos denunciava: “o roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza”. Ou ainda, a do ditado popular da época: "Quem rouba pouco é ladrão, quem rouba muito é barão. E quem mais rouba, e esconde, passa de barão a visconde."

Sergio Buarque de Holanda, um dos mais importantes historiadores brasileiros, afirma que: “a democracia foi sempre no Brasil um lamentável mal-entendido. Uma aristocracia rural e semifeudal importou-a e tratou de acomodá-la aos seus direitos e privilégios”. Nossos pensadores da época não foram ousados o suficiente para instituir sistemas, leis, estruturas públicas e de uso comum que respondessem às nossas necessidades.

Só para citar um exemplo: mesmo que nosso país seja coberto por clima temperado, e faça calor na maior parte do território, “importamos” o uso de terno e gravata como símbolo de elegância, etiqueta e tal vestimenta é até hoje exigência para acesso a diversos ambientes, como alguns órgãos públicos, bem ao estilo dos velhos mandatários do Brasil.

Ora, tínhamos sociedades indígenas avançadíssimas, que foram destruídas pelos invasores portugueses porque seus hábitos não foram reconhecidos por estes. Em termos de vestimentas e adornos haviam modelos excepcionais, que atendiam às exigências do clima e mantinham a elegância e a harmonia com a natureza.

Sei que usei exemplo extremo.

Mas é que preciso demonstrar que o sistema capitalista implantado no Brasil é ignominiosamente criminoso, não foi criado por nós, muito menos para nós, e é essa uma das causas da corrupção que campeia solta por aqui, desde o ano de 1500 até os nossos dias. Lembremos que a acumulação de riqueza em nosso país começou com o tráfico de seres humanos escravizados. Eram jovens, mulheres e crianças que eram retiradas do seio de suas famílias por meio de seqüestros e trazidas para cá como “animais”, a fim de servirem à lascívia da acumulação capitalista.

Desde lá, a “reprodução” da riqueza segue o mesmo parâmetro, com a expropriação da força de trabalho de indígenas, negros escravizados e depois os trabalhadores vindos da Europa, os “escravos modernos”, escravos assalariados.

O capitalismo é a quebra de regras das boas e saudáveis relações verdadeiramente humanas, fraternas, solidárias. O capitalismo é por si mesmo a própria corrupção. Como diria Dom Pedro Casaldáliga: "O capitalismo é “intrinsecamente mau”, porque é o egoísmo socialmente institucionalizado, a idolatria pública do lucro pelo lucro, o reconhecimento oficial da exploração do homem pelo homem, a escravidão de muitos ao julgo do interesse e da prosperidade de poucos." Capitalismo e corrupção são inseparáveis um do outro, são dois lados da mesma moeda.

Como explicar que uma quantidade enorme de pessoas de uma empresa (empregados) se sujeitem a horas de labor diário durante 30 dias, e que tudo o que produziu vai para o deleite de alguém que se auto intitula “patrão”, mas que na realidade é um explorador sanguessuga do trabalho, esforço, suor e sofrimento alheio, se apropriando de todo o excedente da produção dos trabalhadores, os “escravos do século XXI”.

Por isso, o Papa Francisco chamou o capitalismo de “ditadura sutil”, e defendeu uma mudança de estrutura, reconhecendo que esse sistema impôs a lógica do lucro a qualquer custo, sem pensar na exclusão social ou na destruição da natureza. Este sistema, disse ele, “já não se agüenta. Os camponeses, trabalhadores, as comunidades e os povos tão pouco o aguentam. E tão pouco o aguenta a Irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco, completou o Papa.

No serviço público do Brasil há uma regra de ouro: nenhum salário pago pode ser maior que aquele recebido por um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que é de cerca de R$ 34 mil em dias atuais. Mas, o que vemos por aí não é isso. O capitalismo distorce qualquer regra.

Para se ter uma ideia, o juiz que conduz a operação Lava Jato, supostamente destinada a combater a corrupção, recebe um salário que é “adornado” e chega a ser o dobro do que é permitido pela Constituição Federal, o que é um escárnio. Sem falar que juízes recebem auxílio moradia, complementos para ajudar na educação dos filhos, para aquisição de livros e uma série de mordomias proibidas aos demais cidadãos.

Outro caso é o Tribunal de Contas. O gestor do TCE de Mato Grosso quer ser governador, mas atualmente se dedica a “combater a corrupção”, todavia, mantém o pagamento de uma anomalia chamada “verba indenizatória” no valor de R$ 30 mil, pixuleco destinado a conselheiros titulares e substitutos. Isso contraria a própria Constituição Federal, é uma afronta a sociedade, e demonstra que aqui a corrupção é indissociável do já cambaleante capitalismo que no Brasil foi moldado tal qual a cara de uma elite semifeudal, que deve ser combatido.

Enfrentar a corrupção de fato, e não apenas “no faz de conta”, é combater o capitalismo e todas as formas de acumulação e exploração dos mais fracos, eliminando os privilégios e mordomias em todos os setores da sociedade, principalmente no serviço público, tais como a concessão de carros com motorista, vagas especiais para “autoridades” nos estacionamentos, e o corte imediato de qualquer quantia, verba ou adicional que ultrapasse o teto determinado pela Constituição Federal.

Aos golpistas de 2016, que a pretexto de “combaterem a corrupção”, afastaram uma presidente legitimamente eleita, digo, que são triplamente corruptos: pois roubaram mais de 54 milhões de votos, estão blindando os seus comparsas envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção, e implantando no país um capitalismo tão perverso que somente as mentes irremediavelmente degradadas, os cérebros sem luz podem conceber.

Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News


ATÉ A VITÓRIA, SEMPRE!

Obrigado, camarada Fidel Castro, grande comandante revolucionário, por ensinar a nós, povos oprimidos, a lutar com coragem e dignidade contra a exploração do Império Capitalista! 

Chegará também a nossa vez, mas você viverá para sempre em nossos corações como reconhecimento eterno de sua luta por justiça social, dignidade, fraternidade e solidariedade. 

Cuiabá, 26 de novembro de 2016

Antonio Cavalcante Filho




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