Espera-se uma guinada para “Táxi 2.0” nesta última metade do mandato. Porém, faça o que fizer, mude o que mudar, arrependa-se, peça perdão ao povo, mas a pecha de golpista ficará para sempre marcada em sua testa, pois o golpe não foi contra Dilma, Lula ou o PT. O golpe foi contra o Brasil e o seu povo!
Por Antonio Cavalcante Filho
Até que enfim encerrou-se mais uma temporada do circo eleitoral das elites usurpadoras da República. Como já é de costume nesse período, milhares de eleitores atendem ao chamamento compulsório para participar de uma farsa que se convencionou chamar de “festa da democracia”.
Até que enfim encerrou-se mais uma temporada do circo eleitoral das elites usurpadoras da República. Como já é de costume nesse período, milhares de eleitores atendem ao chamamento compulsório para participar de uma farsa que se convencionou chamar de “festa da democracia”.
Pelo menos nesse dia, ao participar da jogatina da “democracia” dos
ricos, até as pessoas mais simples do povo têm a ilusão de estar
exercendo a sua mais “plena cidadania”. É que nesse dia, como num passe
de mágica, nem que seja só por alguns segundos, enquanto digita alguns
algarismos na urna, é o único momento onde neste país das injustiças e
das desigualdades, todas os “cidadãos”, dos mais pobres ao mais ricos,
têm os mesmos direitos e o mesmo valor: o valor de um voto. A maioria
não percebe que nessa falsa democracia a eleição é o mensalão dos ricos,
e o voto a migalha dos pobres.
Mas já é visível que uma boa parcela da população, finalmente vem
despertando para o fato de que o processo eleitoral não é panaceia para
todos os males de uma sociedade hipócrita. Basta observar que no segundo
turno, onde só havia dois candidatos em Cuiabá, um deles amargou o
terceiro lugar, perdendo a segunda posição para a abstenção, votos nulos
e brancos. É interessante lembrar que alguns golpistas mais afoitos e
enfurecidos foram derrotados no seu próprio campo, como a Globo no Rio,
Aécio em Belo Horizonte e Pedro Taques em Cuiabá.
Não me atrevo a comentar resultados eleitorais. Mas permito-me
avaliar e sugerir ações e políticas públicas, principalmente no âmbito
do Estado, cujas decisões afetam os 141 municípios.
O grande derrotado desse processo foi o governador Pedro Taques; sem
trocadilho, ficou menor nesta eleição, o que sugere que deva “descer do
caixote” que, de tão ofuscado pelo poder e embebido na egolatria,
imagina ser um pedestal. Deve ainda esquecer a tática policialesca,
mudar sua equipe, ajustar-se com o povo e garantir um descerramento
menos vergonhoso do seu mandato, que já caminha para a parte final, se
não quiser rolar muito mais ainda ladeira abaixo.
Se fala em reforma, ou rearranjo administrativo, e de fato, isso é urgente!
Ao trair o partido pelo qual foi eleito e dedicar todas as suas
forças em defesa do golpe e dos interesses do PSDB, Taques abandonou a
isenção necessária a um gestor que deve atender todas as cidades, sem
distinção. Episódios como as vaias recebidas em palanque, inclusive na
pacata e sempre respeitosa Rosário Oeste, onde bateu boca com
manifestantes durante um comício, evidencia a extensão de seus erros
políticos e administrativos.
O erro é humano, a reincidência nele mostra falta de juízo.
Uma reforma administrativa deve extinguir os penduricalhos conhecidos
como gabinetes, são vários, mostrando inclinação pela economia e
racionalização de recursos públicos. Não se admite um Gabinete de
Comunicação com mais de 100 cargos (superior a algumas secretarias) e
uma Casa Civil com 200 cargos comissionados e diversas secretarias
adjuntas. E isso sem necessitar de concurso público.
Um ex-governador, atualmente “hospedado” no anexo do Pascoal Ramos,
turbinou o seu chefe de gabinete com o status de secretário, mesmo que
fosse simplesmente chefe de gabinete, com responsabilidade sobre a
agenda da autoridade e contatos diários. A estrutura foi mantida, ainda
que o atual chefe de gabinete não “necessite” do foro privilegiado (o
anterior está preso também), e, por medida moralizadora, a função
deveria retornar ao que era: chefia de gabinete com responsabilidade
sobre a agenda do governador, sem mordomias, celular ilimitado e carro
com motorista à disposição.
São observações breves, sem entrar no mérito da desnecessidade de
estruturas luxuosas e caras, mantidas com recursos públicos, que
deveriam ser aplicados nas atividades finalísticas do estado: escola,
posto de saúde, lazer, segurança, entre tantas outras necessidades.
O gestor Pedro Taques nunca “desabrochou”, talvez porque logo após a
eleição para o Senado se esqueceu da nobre missão que lhe foi conferida
pelo povo e passou a dar ouvidos aos Bandeirantes (políticos do PSDB de
São Paulo), e deixou de lado o interesse dos Bororos, nós
mato-grossenses, que lhe outorgamos o poder de representação política.
Ao se eleger governador e se bandear para o partido dos quatrocentões
paulistas, golpistas e corruptos na origem, Taques se esqueceu de que
temos uma agenda apertada: a nossa dívida pública, cuja origem que deve
ser investigada, consome parte substancial do orçamento estadual. Será
que a privatização do Bemat (banco estadual), só para citar um esqueleto
que está no armário de Mato Grosso, não escondeu dívidas não pagas que
se transformaram em fazendas, aviões e riquezas de muita gente “debens”
que “pagam” de honestos nas colunas sociais?
Em eventos do agronegócio, criticou os “vermelhos”, não se referindo
ao Sport Clube Internacional de Porto Alegre ou ao Clube de Regatas do
Flamengo. Taques não entende de futebol e nem de moda (para criticar
camisas vermelhas), logo deveria estar se referindo a defensores de
ideologias e partidos políticos de esquerda, que deveriam ser
combatidos, disse ele. Esqueceu-se que alguns clientes do agrobusiness
mato-grossenses são vermelhíssimos, e citamos, como exemplo, a China,
simplesmente o país mais populoso do mundo, e a Rússia, que
“churrasqueia” com carnes aqui produzidas.
A agenda golpista quebrou o país, e um rearranjo administrativo - e
de práticas políticas - pode salvar ao menos 1% do que ainda resta da
biografia de Pedro Taques. Ao ser derrotado nas eleições municipais, o
mesmo vira presa fácil de políticos espertalhões, que de tudo farão para
entrar (ou voltar) no comando dos combalidos cofres estaduais.
O governador não deve ter medo de taxar o agronegócio, cuja bonança
dura (talvez) mais umas duas décadas, enquanto o solo e a água em terras
tapuias são atraentes e fomentam uma criminosa acumulação capitalista.
Passado esse período, restará um solo frágil, água escassa, pobreza
generalizada e mais encargos ao estado assistencial.
Não se intimide com o agronegócio, governador, ele já desembarcou do
táxi. Apoiou em peso as candidaturas que derrotaram o PSDB e seus
partidos satélites nesta eleição municipal.
Espera-se uma guinada para “Taques 2.0” nesta última metade do
mandato. Porém, faça o que fizer, mude o que mudar, arrependa-se, peça
perdão ao povo, mas a pecha de golpista ficará para sempre marcada em
sua testa, pois o golpe não foi contra Dilma, Lula ou o PT. O golpe foi
contra o Brasil e o seu povo!
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)
"Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)
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