sábado, 14 de janeiro de 2017

Vamos fingir que Temer, que indicou Geddel para a Caixa, não sabia dos esquemas com Cunha.


Curioso que, agora, ninguém se lembre da teoria do domínio do fato. Como dizia Jucá, Michel é Cunha — que é também Geddel, que é Assis Filho, que é Padilha, que é o golpe. Em breve, estarão todos juntos novamente, mas numa cadeia. 

Eles



Por Kiko Nogueira

O silêncio de Michel Temer diante do novo escândalo envolvendo dois de seus antigos homens fortes, Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, é ensurdecedor.

Temer, o bom e velho covarde com quem nos acostumamos, manter-se-á calado porque tem as mãos sujas. Até quando é que são elas.

Num vídeo que viralizou, MT aparecia num culto da Assembleia de Deus confessando que as tarefas difíceis ele entregava para Cunha. A produtiva amizade culminou no impeachment. Hoje Cunha é uma ameaça porque sabe de tudo.

A operação Cui Bono (“Quem se beneficia”, em latim) da PF colocou Geddel como membro de uma “organização criminosa”. No posto de vice-presidente da Caixa, liberava empréstimos para empresas. Na sequencia, Cunha chegava para cobrar propina ou “doação” para o PMDB.

O nível da coisa fica explícito nas trocas de mensagens de um celular apreendido na Residência Oficial da Câmara. Questionado por Eduardo sobre uma movimentação envolvendo a J&F, Geddel responde:

— Ta resolvido Ta na pauta do CD de terça Vc tá pensando que eu sou esses Ministros q vc indicou? Abs.

Cunha devolve com o proverbial “rsrsrs”.

Geddel foi indicado para o cargo por Michel Temer, então vice decorativo e bastante ativo nas sombras, e presidente nacional do partido. De acordo com uma matéria do Globo de 2011, a indicação “foi acertada com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci”.

Temer e Geddel se conhecem há 23 anos. A proximidade ficou evidente na pressão que Michel exerceu sobre Calero no episódio do edifício La Vue e na subsequente tentativa de segurar Geddel quando o escândalo estourou.

É assim que esse pessoal opera. Está tudo em casa. Veja o caso do novo secretário nacional de juventude, Francisco de Assis Costa Filho.

Substituto de Bruno Júlio, o indigente mental que defendeu mais chacinas em presídios, Assis Filho, do PMDB do Maranhão, teve os bens bloqueados num processo por enriquecimento ilícito e improbidade administrativa.

Ninguém olhou? Havia alternativa de um sujeito ficha limpa?

Provavelmente, não.

Curioso que, agora, ninguém se lembre da teoria do domínio do fato. Como dizia Jucá, Michel é Cunha — que é também Geddel, que é Assis Filho, que é Padilha, que é o golpe.

Em breve, estarão todos juntos novamente, mas numa cadeia.