domingo, 12 de fevereiro de 2017

A POLÍTICA DO ÓDIO


Essa “direitização” da política, que como uma onda conservadora vem invadindo o país, espalhando ódio medo, violência e sangue, é um ciclone da politicagem das velhas múmias sempre contrárias aos interesses populares e do Brasil. O resultado é esse furacão de ódio insano contra a política de inclusão social do governo Lula/Dilma. Mas tudo isso, é apenas os estremecimentos sepulcrais das oligarquias escravocratas contra a libertação dos escravos que em pleno século XXI ainda ecoam do fundo lá das covas! 



RD News

Por Antonio Cavalcante Filho 


Parece-me que a cada dia estamos nos distanciando do “homem cordial”, imortalizado por Sérgio Buarque de Hollanda, em Raízes do Brasil. E o que é pior, estamos deixando de lado os valores mais caros aos humanistas: o respeito ao próximo, à solidariedade na dor e o zelo por sua condição de pessoa humana. Penso que, a nossa espécie está a cada dia se apartando daquela ideia de povo cortez, tolerante, bondoso, agregador e alegre, cujas virtudes e qualidades nos eram antes atribuídas.

Sinceramente, por mais que tente, não me foi possível ter uma ideia exata das causas dessa “degradação”, que hoje nos leva a ser “menos gente”. Mas posso deduzir que os ataques recentes à democracia no Brasil, a defesa (consciente ou não) do golpe e o ódio propagado pelos golpistas, são causas da imbecilidade e desumanização nunca antes vistas em nenhum outro golpe do período republicano.

Lembremos que, ao lançar o país na ribanceira econômica e social, por simplesmente não aceitar a derrota nas eleições de 2014, Aécio Neves, o PSDB, seus “amiguinhos” espalhados pelo país (incluindo Pedro Taques em Mato Grosso), com o apoio da pauta bomba de Eduardo Cunha, da idiotização coletiva da população por obra da Rede Globo, revista Veja e outros veículos da midiotização, já temos os culpados pela crise: são os golpistas, inimigos da democracia e da classe trabalhadora.

Não adianta discutir. Fatos notórios não dependem de outras provas, já dizem os rábulas.

Sabemos que a televisão emburrece as pessoas, e quanto a isso as provas são científicas. O professor e médico neurocientista, doutor Ryuta Kawashima, da Universidade de Tokohu, no Japão, realizou um estudo sobre o funcionamento do cérebro humano nas mais diversas situações. Quando a pessoa lê e resolve cálculos complexos movimenta os dois hemisférios do cérebro. O córtex pré-frontal fica ativo.

No outro extremo, quando assiste um programa na televisão, somente o lobo occipital (para orientação visual) e o lobo temporal (auditivo) ficam pouco ativos, mas é quase imperceptível. Enquanto assiste televisão, o cérebro do telespectador quase para, se observa praticamente o mesmo resultado de quando a pessoa dorme!

É por essa razão que esses programas inúteis do tipo Cadeia Neles, Resumo do Dia, Comando Geral, Datena, Big Brother Brasil, Ratinho, Jornal Nacional e tantos outros, da mesma espécie, conseguem apenas lançar desinformação, ou incitar ódio e medo na população, porque influenciam as pessoas como se elas estivessem dormindo. É como se alguém colocasse no telespectador um fone de ouvido enquanto ele dorme, com a repetição das mensagens direcionadas.

Vimos na última semana algumas horrendas mensagens e manifestações de ódio explícitas, quando da internação e precoce morte da esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E a violência veio de médicos, juristas e servidores públicos de alto escalão, justamente pessoas dos quais se espera raciocínio, coerência, afinal, são criadores e executores de políticas públicas destinadas a toda a população.

Os golpistas afastaram a presidente legitimamente eleita e implantaram uma pauta que ofende os mais corriqueiros direitos civis, estão retirando direitos conquistados a duras penas pela sociedade, penalizando aos mais empobrecidos, atacando o sistema de educação e extinguindo as aposentadorias.

É claro que isso pode transformar o país em um caldeirão, tal como se verifica em algumas cidades do então pacato estado do Espírito Santo, em que há saques nas lojas, toques de recolher, pessoas estão sendo assaltadas e mortas na porta da casa.

É isso que o golpe quer para o Brasil?

E a tendência é piorar ainda mais, nossa previsão se vale do perfil das pessoas que estão se apropriando dos espaços de decisão política, a começar pelas cidades até  aos mais altos escalões da República.

Em Várzea Grande, uma das mais violentas e injustas cidades de Mato Grosso, um grupo político “ganhou”, em um processo judicial, o direito de gerir a cidade, a reeleição ficou fácil com esse “apoio”. De imediato foi fechada a pista de skate do Ipase, e o ginásio Ferreirão, que estava ocupado por jovens e estudantes e transformado em refúgio de arte, esporte e cultura. O que fez a prefeitura conservadora? Retirou a gurizada e jogou todo mundo na rua, agindo com apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal.

Como resultado, uma estudante de 13 anos, não tendo mais espaço de lazer e ocupação no bairro Cristo Rei, aceitou carona numa motocicleta para buscar ocupar seu tempo no bairro do Porto. Naquele local sofre acidente e foi lançada sob as rodas de um ônibus.

Será que os gestores várzea-grandenses sabem disso?

Cuiabá é outro exemplo de que as coisas podem até piorar. O prefeito eleito, conhecido como o “menos pior” na eleição, vem restaurando os velhos maus hábitos dos políticos profissionais, carreiristas e fisiológicos, “herança maldita” das múmias coronelistas, que na gestão de Mauro Mendes, mesmo que timidamente, foram de certo modo aplacadas.

Nas secretarias municipais de Cuiabá já se vê de volta as cenas escandalosas decorrentes das nomeações de cabos eleitorais, de apadrinhados ou de parentes dos vereadores em espaços que deveriam se destinar aos servidores de carreira ou aos técnicos capacitados para exercer a função pública. Se não é a vigilância das entidades da sociedade civil organizadas, legislações importantes duramente conquistadas estariam em risco, e isso não é novidade para o político Emanuel: há espaços em que a gestão não pode ser entregue a politicagens. A população pode se revoltar e revidar, como fez com o senhor Pedro Taques nas eleições de 2016.

Fechando o raciocínio, essa “direitização” da política, que como uma onda conservadora vem invadindo o país, espalhando ódio medo, violência e sangue, é um ciclone da politicagem das velhas múmias sempre contrárias aos interesses populares e do Brasil.  O resultado é esse furacão de ódio insano contra a política de inclusão social do governo Lula/Dilma. Mas tudo isso, é apenas os estremecimentos sepulcrais das oligarquias escravocratas contra a libertação dos escravos que em pleno século XXI ainda ecoam do fundo lá das covas!

Diziam os golpistas que o “impeachment” seria a solução de todos os males da nação. Como se vê, não é bem isso.

O fato é que esse ódio passou a ser a principal motivação das ações golpistas. Criaram no Brasil um clima de caça às bruxas e o resultado está aí, diante de nossos olhos: deterioração da política, do Supremo Tribunal Federal, das empresas e das instituições. Apesar de tudo isso, não se ouve mais o batucar das panelas de grife nem as passeatas dos militontos coxinhas, dos fascistas mirins e nazi-doidos.

Onde esse ódio nos levará?

Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News

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