domingo, 16 de abril de 2017

A PÁSCOA CELEBRA A RESSURREIÇÃO DE CRISTO


Mas, seu reino continua não sendo deste mundo. 

Não pode ser cristã uma Páscoa celebrada por quem se omitiu e fechou os olhos diante de ditaduras, de torturadores, de injustiçados, com medo de sofrer e de morrer como Jesus morreu. Não celebra a Páscoa cristã quem se tornou insensível aos sofrimentos humanos e nada fez para denunciar a exploração dos mais pobres pelos ricos e poderosos deste mundo (Tg 5,1-6).



São Tiago, 5 1. 

"Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. 2. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça. 3. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias! 4. Eis que o salário, que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos. 5. Tendes vivido em delícias e em dissoluções sobre a terra, e saciastes os vossos corações para o dia da matança! 6. Condenastes e matastes o justo, e ele não vos resistiu."


 Hoje não tem artigo, crônica ou crítica. Tem música.


E é uma canção belíssima:



La Saeta. Fiquei arrepiado ao escutá-la pela primeira vez, na voz do nosso Fagner, em dueto com o autor Joan Manuel Serrat -outro extraordinário cantor/compositor catalão, a exemplo de Lluís Llach.
  
 
Ouça-o aqui:





Talvez porque, desde meus verdes anos, sempre me incomodasse a opulência do catolicismo oficial -- aquele dos altares, das procissões, da Inquisição e das  Redentoras.

Com o tempo aprendi que não era esse o verdadeiro legado de Jesus Cristo, mas sim uma mensagem de esperança para os pobres, os humildes, os fracos, os desprotegidos, os injustiçados e os excluídos da Judeia -como destaca o douto estudioso de religiões Reza Aslan numa das exegeses mais importantes e consistentes já produzidas sobre os evangelhos, Zelota (leia uma boa reportagem aqui).

Também mexeu muito comigo a tese levantada por um dos pais da contracultura, Norman O. Brown, em seu clássico absoluto, Vida contra morte (1959): a de que o pecado cometido pela humanidade contra o Pai já foi purgado por milênios de calvário, sendo chegada a hora de resgatarmos a promessa de liberdade e plenitude que o Filho trazia e foi escamoteada por visões religiosas que preferem enfatizar os horrores da crucificação, para tanger seus rebanhos ao conformismo.

Tudo a ver com esta canção que, comparando o calvário longínquo de Jesus ao calvário permanente dos ciganos, é uma altaneira negação do Cristo dos crucifixos (sois pecadores, arrependei-vos!) para afirmar o que andava sobre as águas (tudo podeis, libertai-vos!).


E aqui, a interpretação mais empolgante que dela encontrei no Youtube:




E, aos que estamos submetidos ao calvário interminável da exploração do homem pelo homem, não nos basta mais a esperança de um paraíso no além.

Queremos o paraíso agora!

Para que uma vida de verdade seja oferecida a esse povo que tanto anda atrás de qualquer alegria.

Então, os que sabemos o canto da gente, temos a sagrada missão de preparar o dia da alegria.

Fonte: Náufrago da Utopia 

 
Belíssima canção em memória dos mártires do nosso tempo! "Pai Nosso dos Mártires"


 



Extremistas de direita e ratos de igreja, deixem de ser hipócritas. Ao combater ideias de igualdade entre os homens enquanto aproveitam a celebração máxima do cristianismo para se deliciarem com bugigangas e iguarias que o dinheiro pode comprar, sejam cristãos de verdade. Defendam as ideias socialistas pelas quais Jesus Cristo deu a vida. 






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