Não me ocorre que esses fatos sejam desconhecidos das pessoas, pois essa relação espúria do “toma lá, dá cá”, já vínhamos denunciando há anos, e, em grande parte, não é de hoje que essas maracutaias se integram nas mesmas tramoias politiqueiras dos “direitos e privilégios” dos barões da Casa Grande, a velha elite semifeudal, escravocrata e corrupta que sempre deteve o poder no Brasil como se fosse a dona do país.
RD News
Por Antonio Cavalcante Filho
Não consigo entender como algumas pessoas, aqui, em Mato Grosso, em pleno século XXI, ainda se surpreendem com as imagens de malas de dinheiro entrando e saindo dos gabinetes e apartamentos dos poderosos espertalhões da politicalha. Intriga-me saber que alguns ainda ficam assombrados ao ver políticoides mato-grossenses abastecendo os bolsos, bolsas, caixas e mochilas repletas de maços de dinheiro roubado dos cofres públicos.
Por Antonio Cavalcante Filho
Não consigo entender como algumas pessoas, aqui, em Mato Grosso, em pleno século XXI, ainda se surpreendem com as imagens de malas de dinheiro entrando e saindo dos gabinetes e apartamentos dos poderosos espertalhões da politicalha. Intriga-me saber que alguns ainda ficam assombrados ao ver políticoides mato-grossenses abastecendo os bolsos, bolsas, caixas e mochilas repletas de maços de dinheiro roubado dos cofres públicos.
Não me ocorre que esses fatos sejam desconhecidos das pessoas, pois
essa relação espúria do “toma lá, dá cá”, já vínhamos denunciando há
anos, e, em grande parte, não é de hoje que essas maracutaias se
integram nas mesmas tramoias politiqueiras dos “direitos e privilégios”
dos barões da Casa Grande, a velha elite semifeudal, escravocrata e
corrupta que sempre deteve o poder no Brasil como se fosse a dona do
país. Não era à toa que as "madames paneleiras", às vésperas do golpe de
2016, gritavam do alto dos seus edifícios de luxo: “quero o meu país de
volta ”, enquanto batiam suas panelas de grife.
De outro modo, como que o multiprocessado ex-deputado José Riva
assegurou apoio dos seus nutridos “caititus” na Assembleia Legislativa
por tantos anos, se não fosse cevando todos eles no coxo da propina?
Como que o achacador da república, o criminoso Eduardo Cunha, se
elegeria presidente da Câmara Federal, inclusive, antes de ser preso,
contribuindo para a derrubada de uma presidente sem crime, se não
tivesse comprado os deputados com o dinheiro sujo da corrupção? E o que
dizer do megadelatado Aécio Neves, continuar solto e, no exercício do
mandato? O que pensar da decisão do Supremo Tribunal Federal, de
libertar Rocha Loures, ex-assessor do usurpador Michel Temer, flagrado
com uma mala de propina?
Socorrendo-me dos ditos populares: “só não viu quem não quer enxergar”!
Desde o século passado, quando decidimos criar o Movimento Cívico de
Combate à Corrupção (MCCC), organização essa que, aqui, em 2002, evoluiu
para Movimento de Combate à Corrupção eleitoral (MCCE), dizemos que
conceitos como “governabilidade”, “apoio político”, “base aliada”,
“abuso do poder econômico” (caixa dois), “uso da máquina administrativa
no processo eleitoral”, “compra de votos” e “curral eleitoral”, mantêm
relação íntima com o patrimonialismo fisiológico, clientelista,
nepotista e atrasado da velha oligarquia brasileira.
Só para explicar: Patrimonialismo é quando o sujeito entra na
política com vontade de ficar rico, seja porque tentou empreender no
setor privado e não foi bem-sucedido; seja porque empreendeu e pode
notar que, para os seus “empreendimentos” darem certos, precisa das
“relações políticas”. E há também aquele empresário que cansou de ter
intermediários em seus “negócios” com a Administração pública. Por isso,
ao invés de continuar financiando campanhas de candidatos lacaios dos
seus interesses (os “laranjas”, puxa-sacos, capachos, serviçais), como
sempre fizera, resolve investir em sua própria candidatura.
Esse que “entra na política” para defender os interesses de sua
construtora, de seu grupo econômico, do atacado, setor de combustível,
agronegócio etc, com o discurso de que “sou o novo”, “não sou político”,
“sou um administrador”, uma vez eleito, tudo o que irá defender, tudo o
que irá propor, tudo o que irá votar, se refere exclusivamente a
interesses próprios. E as vítimas, (eleitores) ludibriadas, aplaudem!
Lá nos anos 2000, eu vi um candidato do agronegócio que tinha comitês
espalhados por todo o Estado, pleiteando um cargo parlamentar. Notei
inclusive, comitês eleitorais em cidades paupérrimas, onde seguramente
aquele “burguesão” nunca fincaria seus pés em situação e temperaturas
normais. Mas era eleição e ele precisava dominar o eleitorado. E para
isso se valia do poder econômico.
Um dia fui de Cuiabá a Comodoro, na região oeste, e em todas as
cidades, à beira da rodovia, haviam centenas de placas amarelas de um
deputado que buscava a reeleição. Esse sujeito depois sentaria numa
daquelas “caríssimas” cadeiras vitalícias do Tribunal de Contas (TCE), e
de lá está duplamente apeado, primeiro, por decisão de um juiz, e
agora, por decisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Quando criamos o MCCC e, depois o MCCE, queríamos dizer para a
sociedade que os grandes problemas da cidade, do estado e do nosso país
começam quando a gente digita o “confirma” lá na urna do TRE, no dia da
eleição.
Quando o candidato se elege comprando votos, é claro que ele não tem o
menor compromisso com aquele que o elegeu. Afinal, ele “comprou e
pagou” o produto (voto), que o eleitor comercializou miseravelmente.
Depois não adianta chorar o leite derramado, o hospital sem remédios e a
escola sem professor. Ferrou-se a “chica véia”.
Naquelas situações em que o sujeito se elege mentindo para a
população, e nessa categoria está gloriosamente inserido Pedro Taques
(digo isso porque votei nele), que foi um senador sem expressão e agora
um governador que deixa a pior impressão aos cidadãos. Neste caso, não
podemos condenar o eleitor que foi enganado por uma propaganda
bem-feita, com truques de câmera no programa de televisão e umas
fotografias “fotoshopadas”. Aqui, preciso fazer minha “mea culpa”.
Mas em todos os casos deve o eleitor cobrar, desvotar (criticar o
candidato eleito e pedir a devolução do mandato), e, fundamentalmente,
nunca votar no sujeito de novo.
Aquele cara que um dia lhe ofereceu um benefício qualquer em troca do
voto, aquele que votava os projetos de lei que interessa aos ricos e
poderosos, aquele que rouba, que “grampeia” políticos e amantes, aquele
que se esquece de governar, deve receber o castigo merecido.
Não adianta agora a pessoa se escandalizar, achar que foi enganada,
ficar desiludida com a política e pensar que todos são iguais, porque
isso não ajuda no processo de melhoria das coisas. Sempre há as pessoas
boas, sempre existe o bem-intencionado, ele, provavelmente, só não teve
recursos financeiros para contratar verdadeiros exércitos de cabos
eleitorais, caríssimos marqueteiros para realizar a grande propaganda,
não tinha os cartazes, não havia carros de som divulgando seu nome, suas
ideias e comícios grandiosos.
É bom que o candidato não gaste recursos financeiros, absurdamente,
na eleição. Então, nessas circunstâncias, deve o eleitor fazer a sua
procura durante a campanha eleitoral, promover a busca dos nomes e
propostas que atendam aos interesses da maioria das pessoas, aqueles que
pensam nas crianças e no futuro das cidades. Ajude um candidato sem
condições, que não abusa de poder econômico, explore suas ideias,
conheça o seu passado, se tem antecedentes criminais, saiba o que ele
pensa e o que prega o partido político que ele integra.
E, essencialmente, não reeleja ninguém, principalmente àqueles que
apoiaram a conspiração midiática-parlamentar-judicial contra a
democracia em 2016, sobe pena de vermos cada vez mais o nosso País
soterrado sobre os escombros dos lamaçais das elites sanguessugas,
corruptas e golpistas que infernizam a vida dos trabalhadores
brasileiros desde o Brasil Colônia.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com