segunda-feira, 4 de setembro de 2017

UMA ANO SEM SEM DEMOCRACIA


Um ano depois do conluio de bandidos afastar Dilma, o que temos a dizer é que há muitas vítimas, mas a principal delas é a democracia, que precisa ser fortalecida, sob pena de que o estado da barbárie impere em nosso país.





Por Antonio Cavalcante Filho


Uma das dificuldades de não seguir bovinamente a opinião da mídia corporativa, Rede Globo e suas organizações satélites à frente, é que o cidadão não dispõe do mesmo espaço para contrapor à onda de ódio e informações falsas, disseminadas com a intenção de formatar a opinião pública. Desse modo, somente o tempo consegue ser mais eficiente em convencer as pessoas de que elas foram enganadas, e aquilo que elas defendiam nas ruas era, na verdade, o interesse de uma burguesia corrupta, entreguista e ladra, travestida de “combatentes da corrupção”.

Mas, a missão é seguir denunciando o aniversário de 1 ano sem democracia.

Pelas tais pedaladas ficais, há exatos 365 dias, um consórcio golpista afastou da Presidência Dilma Roussef, a primeira mulher a eleger-se presidente da República do Brasil, tendo o candidato megaderrotado Aécio Neves à frente, juntamente com o multirréu Eduardo Cunha, o ilegítimo Michel Temer e o rebolante MBL.

Aqui, em Mato Grosso, a oposição à Dilma era liderada por Blairo Maggi, Silval Barbosa, Emanuel Pinheiro, Pedro Taques, Leitão, apenas para citar alguns. E todos sabem que os “respeitáveis” senhores brancos e “bem-criados” acima fizeram e fazem diante da sofrida população mato-grossense.

Dilma foi reeleita em 2014 pelo voto de mais de 54 milhões de brasileiros, e passou a enfrentar uma oposição criminosa dos derrotados que usaram as tais “pautas bombas” para paralisar o país. Nos noticiários da Rede Globo era só pronunciada a palavra “impitima”, dia e noite. E no dia 31 de agosto do ano passado, em votação no Senado Federal, 61 senadores deram à Dilma a “graça” de ser a segunda presidente do Brasil a sofrer impeachment.

Pois bem, a petista deixou o cargo garantindo que a “história seria implacável” com os traidores, e o vendilhão Michel Temer assume o governo, com a promessa de ser um governo de “travessia para dias melhores”, mostrando a tal “ponte para o futuro”. E hoje, 1 ano depois, somente 5% da população aprova a gestão golpista, segundo dados do CNI/Ibope. No seu pior momento, por se recusar a negociar com os congressistas do naipe de Fufuca, Cunha, Galli e Bolsonaro, a menor aprovação de Dilma foi de 9% no período de junho a dezembro de 2015. 
A mentira tem mesmo perna curta, tão curta que chega a ser estropiada. Em menos de um ano, a Polícia Federal isentou Dilma, e os ministros do Superior Tribunal de Justiça acolheram a manifestação no tal processo que se investigava eventual obstrução à Justiça. Na mesma toada, os técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) isentaram Dilma pelo prejuízo com a compra da refinaria de Pasadena.

Era mentira: as tais pedaladas não existiram.

Só que essa mudança no cenário político gerou consequências maléficas para o Brasil: na atualidade, são 15 milhões de pessoas desempregadas e sem nenhuma perspectiva de melhoras no curto prazo. É muito comum vermos idosos nas ruas das cidades vendendo picolés e outros produtos de pequeno valor. Ao mesmo tempo em que atingiu os mais empobrecidos, o golpe contra a Democracia permitiu que os ricos aprovassem leis que tão somente a eles beneficiam. É o caso da entrega do trilionário petróleo do pré-sal, que agora é de petroleiras estrangeiras e não será mais aplicado nas políticas de educação e saúde, como era o desejo do povo brasileiro que elegera Dilma presidente da república.

E por aqui, em terras tapuias, o que foi feito daqueles políticos que vestiram a camiseta amarela da CBF e foram às ruas fazer a “dancinha do impeachment”, tocada pelos militontos do MBL?

O senhor Blairo Borges Maggi está sendo denunciado pelo STF, por ser o chefe de uma organização criminosa que se perpetuou no poder através de crimes e chantagens, gerando prejuízos milionários ao sofrido povo de Mato Grosso. As pessoas devem se lembrar dos discursos do Emanuel Pinheiro na assembleia pregando o impeachment de Dilma, acusando-a de cometer atos ilegais. Logo o Emanuel, que pegava tanto dinheiro ..., mas tanto dinheiro, que chegava a escorrer pelos bolsos do paletó. Segundo Silval Barbosa, que disse ao STF, esse dinheiro era desviado dos cofres públicos para pagar a chantagem que os deputados lhe faziam.

Vou reduzir a lista dos caras que são vítimas da “maldição do impeachmnent”, políticos e pessoas públicas que criticaram Dilma por ser corrupta, mas a verdade os desmentiu. E de quebra, estão caindo um a um, só para lembrar. O ex deputado Eduardo Cunha, amigão do MBL, repousa numa desconfortável cela da prisão, cumprindo a primeira condenação que a ele foi imposta.

O megadenunciado Aécio neves é um cadáver que anda, é rejeitado até pelos próprios colegas do PSDB, que sentem-se mal em ter a sua companhia tão desagradável. Até o medo de delatar Aécio, e ser morto, parece que não existe mais. Em terras tapuias, Pedro Taques é acusado de permitir que a Secretaria de Educação, Esportes e Lazer se transformasse em um órgão, onde “o esporte é roubar”, e que políticos e empresários ali tenham seu “espaço de lazer” contínuo.

Taques está na lista da JBS, segundo consta na investigação do STF, junto com seu colega Nilson leitão, aquele deputado que deseja revogar a Lei Áurea. Pesa contra o governador Pedro Taques, uma série de acusações, entre elas permitir que seu primo e assessores próximos mantivessem uma central criminosa de escutas telefônicas, em que os alvos eram jornalistas, políticos e amantes de políticos.

Já Blairo Maggi dispensa apresentação, uma vez que o sujeito se dá bem mesmo em tempo de turbilhão. Conseguiu que os trilhos da ferrovia passassem na porteira de sua fazenda, ganhou um banco de Temer e se prepara para ser candidato a qualquer coisa que lhe mantenha protegido pelo foro privilegiado.

Mas a delação do Silval Barbosa, outro que se insurgiu contra Dilma e que fomentou o Golpe, lança novas luzes sobre a burguesia local, mostrando que de liberais eles não têm nada, uma vez que suas fortunas crescem com dinheiro público, e os caras não têm limite quanto aos métodos para a sua obtenção.

Com toda essa enxurrada de denúncias de corrupção, o Grupo Gazeta de Comunicação tem promovido diariamente ampla campanha, estimulando os cidadãos a denunciarem os corruptos, mas até agora, o que parece, como resultado da campanha "Cidadão Delator", somente o ex-governador Silval Barbosa, seus familiares e assessores aderiram à campanha, que poderia ser chamada daqui pra frente, de “Delator Ladrão’, que vem delatando todos os seus cúmplices e comparsas, delatando, inclusive, a gráfica Milenium, pertencente ao presidente do mesmo grupo de comunicação da campanha "Cidadão Delator".

Um ano depois do conluio de bandidos afastar Dilma, o que temos a dizer é que há muitas vítimas, mas a principal delas é a democracia, que precisa ser fortalecida, sob pena de que o estado da barbárie impere em nosso país.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News

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