segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

O TCE E O DIA DE COMBATE À CORRUPÇÃO


Além da entrega das nossas riquezas às multinacionais, o roubo dos direitos dos trabalhadores e aposentados, um dos objetivos do golpe foi exatamente esse: “estancar a sangria”, como revelou descaradamente o delatado senador golpista, Romero Jucá, permitindo que a política brasileira continuasse se afogando nesse poço de patifaria. 





Por Antonio Cavalcante Filho 


Neste dia 9 de dezembro se convencionou comemorar o Dia de Combate à Corrupção e a data é inspirada na decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de aprovar uma Convenção mundial Contra a Corrupção. De acordo com o artigo 67 deste documento, a aprovação ocorreu na cidade de Mérida, no México, em 9 de dezembro de 2003.

Durante dois anos, escoado em 9 de dezembro de 2005, o documento ficou aberto para adesão de países interessados. O Brasil, durante o governo Lula, foi um dos primeiros a observar as regras da Convenção, e aprovar as leis internas para dar efetividade ao combate a esse estado de decomposição que já dura há séculos entre nós.

O artigo 9 deste documento se refere expressamente à necessidade de que os governos criem sistemas de controle interno eficientes, de modo a impedir que particulares se aproveitem da coisa pública. E que isso seja um freio para dificultar os atos de corrupção.

Lembremos aos movimentos coxinhas midiotizados, travestidos de falso moralismo, que saíram às ruas contra a democracia pedindo intervenção militar e fingindo combaterem a corrupção, que foram os governos Lula/Dilma que sancionaram as principais leis que permitiram efetivamente atacar a corrupção no Brasil. Antes, o fedor exalado na putrefação desse mal, que afeta a todos os brasileiros, era escamoteado para debaixo dos tapetes palacianos dos três poderes da república, desde a sua proclamação em 1889.

Só para refrescar a memória dos militontos golpistas, lembro que, em 4 de junho de 2010, o presidente Lula promulgou a Lei da Ficha Limpa. Em 9 de julho de 2012, Dilma sanciona a lei 12.683, que trata dos crimes de lavagem de dinheiro, dando-lhe mais eficiência a persecução penal. A lei 12.846, batizada de Anticorrupção, foi sancionada por Dilma em 1 de agosto de 2013, e também, no dia 2 de agosto, do mesmo ano, ela sancionou a lei 12.850, conhecida como a Lei das Organizações Criminosas.

Sem essas medidas saneadoras contra a corrupção, tomadas corajosamente pelo governo Lula/Dilma, esses grandes escândalos que alvoroçaram pelo país e por todos os escalões da república, suas investigações, apurações e punições, seriam impraticáveis, principalmente a Lava Jato. Inclusive, porque, além da entrega das nossas riquezas às multinacionais, o roubo dos direitos dos trabalhadores e aposentados, um dos objetivos do golpe foi exatamente esse: “estancar a sangria”, como revelou descaradamente o delatado senador golpista, Romero Jucá, permitindo que a política brasileira continuasse se afogando nesse poço de patifaria.

Mas voltando aos tribunais de contas do Brasil, que são muitos, contando o Tribunal de Contas da União (TCU) e os Tribunais dos Estados e do DF, além de alguns municipais, são uns 33 no total. São máquinas gigantescas, inspiradas numa ideia de Rui Barbosa, e que custam muito dinheiro ao país. São necessários, conforme o artigo 9 da Convenção (mesmo que ele fale em controle interno, e não externo), mas precisam se reinventar, porque são muito caros.

Nos últimos dias, os mato-grossenses viram que 5 Conselheiros foram apeados das “caríssimas” cadeiras do TCE de Mato Grosso, e a ordem do Supremo Tribunal Federal dá a impressão que ocorria ali a “cegueira deliberada”, uma vista grossa bem remunerada contra os desmandos e atos de corrupção que infernizam a vida do nosso povo e esvaziam os cofres públicos.
 
Todos esses Conselheiros saíram da política partidária, mas a política não saiu de alguns deles, como nos casos de Júlio Campos e Antonio Joaquim. Este último, há dias vem falando em disputar eleição novamente, mas quer uma aposentadoria de 70 mil por mês, já que cada um deles recebe mais ou menos 35 mil de salário e outra quantia de verba indenizatória (para indenizar o quê, eu não descobri!).

Na semana passada, critiquei o Antonio Joaquim, pedindo pra parar de “mimimi”, renunciar ao cargo de conselheiro do TCE, tirando essa despesa de aposentadoria das costas do sofrido contribuinte de impostos. Considerando que uma aposentadoria de R$ 70 mil mensal custe quase  R$ 1 milhão por ano ao erário, e que o aposentado viva mais uns 40 anos, podemos bem calcular o custo aos cofres públicos. E se Antonio Joaquim seguir o exemplo de Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, que casaram com uma “novinha”, a aposentadoria pode se transformar em pensão para a viuvinha e se prolonga no tempo.

Parece-me que Antonio Joaquim vai renunciar, e isso é um sinal de bom prenúncio.

Mas o TCE, agora com os novatos Conselheiros Substitutos no comando, precisa aproveitar a oportunidade e dar um belo exemplo ao Brasil, cortando toda espécie de mordomia e super-salários, eliminando penduricalhos, carros oficiais e celulares ilimitados. A primeira medida é acabar com a desnecessária e caríssima verba indenizatória de 30 mil mensais aos Conselheiros, inclusive os substitutos.

O orçamento do Tribunal de Contas é uma loucura, que aumenta todo o ano. Em 2012, foram gastos pelo TCE R$ 120.370.943,00. Em 2014, o custo subiu para R$ 143.029.215,00. No ano de 2016, a despesa subiu 17,5%, em relação ao ano anterior, chegando a R$ 189.140.195,00, ou acréscimo de 17,5 % em relação ao ano anterior. E agora, em 2017, já subiu 14,3%, chegando a R$ 191.385.017,00.

Em 5 anos, o custo do TCE de Mato Grosso aumentou inacreditáveis 65%. Assim o cofre não aguenta!

A hora é agora, já que os Conselheiros substitutos estão no comando e cheios de gás. O Conselheiro Luiz Henrique de Lima, de passado brizolista, e autor de críticas contumazes a Dilma, Lula e o PT deveria puxar a fila, exigindo o fim da verba indenizatória e de todos os penduricalhos que são pagos.

E que seja restaurado o orçamento de 2012, assim o Tribunal de Contas de Mato Grosso permitiria que esses valores de mais de 70 milhões de reais, com apenas esta decisão, fossem utilizados para equipar os pronto-socorros e UTIs que atendem bebezinhos recém-nascidos.

TCE de Mato Grosso, aproveita o Dia de Combate à Corrupção e nos dê essa alegria!

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News