Pedro Taques e seus secretários, alguns dos quais passaram longos e quentes períodos na cadeia, por terem atentado contra as leis e as regras da administração pública, eram os primeiros a chegarem nas manifestações contra Dilma e a favor do golpe, orgulhosamente vestidos com camisetas com a célebre e nojenta frase, “Eu votei no Aécio”.
Por Antonio Cavalcante Filho
Quando ainda era procurador da República e travava duros embates,
tendo por companheiro de armas o promotor de Justiça Mauro Zaque, o
agora governador de Mato Grosso Pedro Taques possuía um discurso que se
harmonizava com o desejo da maioria da população. Tanto é verdade que os
cidadãos deste Estado, até mesmo por falta de opção eleitoral,
desaguaram milhares de votos no candidato do PDT. Naquela época, ele
costumava afirmar que o crime organizado ainda atuava no Estado. “O
braço político do crime organizado ainda está valendo no Estado de Mato
Grosso”, ou ainda, “...quero mudar essa bandalheira que está aí”, dizia
ele.
Pedro questionava até mesmo as mordomias e regalias que faziam jus
alguns atores da vida pública, e um dos alvos das críticas eram
exatamente os membros do Tribunal de Contas e da Assembleia Legislativa,
inclusive alguns desses eram por ele classificados como “braço
político” do crime organizado.
Porém, algumas coisas mudaram. Para o político Taques, hoje no PSDB, o
promotor Mauro Zaque não mais possui o status de “amigão das horas
certas e incertas”, e merece ser tratado como inimigo do
“establishment”. Já os deputados estaduais (mesmo aqueles flagrados em
malfeitos) são agora os seus “amigos de infância” e colegas de
convescotes, festejos, nos quais são servidos como prato principal os
direitos sociais dos servidores públicos, e onde são negociados os
perdões de impostos aos milionários fazendeiros, aos grandes
latifundiários do agronegócio.
Mas o povo não é bobo!
A reação social é o completo desprezo demonstrado pela população em
relação a Pedro Taques e seus amigos do TCE e da AL, detestados por mais
de 80% da massa popular, que pretende se abster de participar da farsa
eleitoral representada pelas eleições deste ano.
Permita-me explicar por que me refiro à eleição vindoura como uma farsa.
Tudo tem a ver com o golpe de 2016, em que o país foi jogado aos
leões da cena econômica internacional, nossas riquezas entregues de
bandeja aos abutres estrangeiros, enquanto os trabalhadores brasileiros
estão ficando cada vez mais sem direitos, e a população ainda mais
pobre. Assim, partidos, e políticos que não respeitaram o voto dos
eleitores em 2014, e impuseram à nação a antiquíssima toada da política
golpista anti-povo e lesa-pátria e não admitem os seus erros, não
possuem legitimidade e nem credibilidade para pedir votos em 2018.
Se perderem a eleição mais uma vez, o “tapetão” que foi dado em Dilma
não será novamente acionado? O Brasil suportaria um novo golpe em 2019?
Quem não respeita os resultados das urnas, não tem moral para se
candidatar a nada, nem mesmo a sindico de cemitério. O golpe dentro do
golpe já está em andamento, que é tirar do processo eleitoral a
candidatura do ex-presidente Lula. Caso isso não funcionar, acionarão a
velha estratégia do parlamentarismo. E se isso também não der certo,
como em 1964, não apelarão também para a intervenção militar como querem
a extrema direita e os nazi-doidos? Pois é bem isso, o roteiro do
golpe, uma espécie de cortejo fúnebre, onde se consolidará no
sepultamento da democracia.
Quero lembrar que o senador Aécio Neves, um recordista em inquéritos
no Supremo Tribunal Federal, e que somente não é julgado porque a lei
não é para todos (os delinquentes filiados ao PSDB são poupados pela
Dona “Justissa”), foi o primeiro a se levantar contra a democracia após a
derrota na eleição presidencial de 2014, arrastando para o seu lado
aventureiro vários políticos, entre eles o governador Pedro Taques.
Naquela ocasião, todo tipo de acusação foi suscitada contra o
resultado do pleito que consagrou mais uma vez Dilma presidente, desde a
suposta falha nas urnas eletrônicas até o uso de dinheiro ilegal em sua
campanha, matéria na qual ele, Aécio, é um pós-graduado. Lembremos que o
nome do mineirinho o mega delatado, aquele que disse: “tem que ser um
que a gente mata ele antes de fazer delação”, consta de toda lista de
doação eleitoral ilegal feita por empresas em conflito com a lei.
Como resultado dessa birra, foram dados poderes ilimitados a um
sujeito da pior espécie, um bandido acusado de tudo, chamado Eduardo
Cunha, que presidiu a câmara e deu início ao processo de impeachment.
Hoje, ele está preso, mas era o ídolo da maioria dos colegas da bancada
de Mato Grosso, que o apoiava incondicionalmente. O tal MBL e outros
grupelhos de analfa-coxas e nazi-mirins, que rebolavam ao som da música
do Golpítiman, também conviviam harmoniosamente com o “Sabotador da
República”, e foram todos às ruas portando faixas com frases tipo:
“Somos Milhões de Cunhas! Ou ainda: “Cunha é Corrupto, mas está do Nosso
Lado!
Por aqui, em Mato Grosso, não foi diferente.
Pedro Taques e seus secretários, alguns dos quais passaram longos e
quentes períodos na cadeia, por terem atentado contra as leis e as
regras da administração pública, eram os primeiros a chegarem nas
manifestações contra Dilma e a favor do golpe, orgulhosamente vestidos
com camisetas com a célebre e nojenta frase, “Eu votei no Aécio”.
Até o conselheiro do TCE, Luis Henrique Lima, esbravejava contra a
Dilma e sua “pedalada” em artigos nos jornais, pedindo a cabeça daquela
que fora eleita pelo povo de forma legítima. A mesma coragem o ilustre
conselheiro não demonstra para renunciar ao recebimento de penduricalhos
no salário pago pelo povo, inclusive aquela famosa verba indenizatória
de R$ 30 mil mensais. Não entendo esse apego à mordomia!
Pelo que vi, as críticas do Pedro Taques eram circunstanciais, e
serviram apenas para enganar a distinta plateia, e vencer as eleições
(para o Senado e Governo). O país está em crise e o Estado de Mato
Grosso também, mas o dinheiro para bancar a mordomia do TCE e dos
deputados estaduais é repassada regiamente. Aqueles que eram o “braço”
do crime organizado agora se abraçam a Pedro Taques.
Pelo que soube, o tal FEX (Fundo de Exportação), dinheiro que era
repassado a Mato Grosso pelos governos Lula e Dilma, sem nenhum tipo de
pedido de contrapartida, diga-se de passagem, agora somente vem mediante
a aprovação de uma lei. O golpista Temer deu um tombo em seus aliados
tucanos de Mato Grosso. Mas os amigões de Pedro Taques, com “boca de
jacaré”, já querem transformar o FEX em emendas parlamentares, afinal,
cada um quer a sua “caravana da transformação” para chamá-la de sua.
Trata-se de mais uma tática para levar um circo eleitoral às cidades
mato-grossenses, visando a captura de votos nas eleições em 2018.
E tudo isso acontecendo nas barbas da Justiça Eleitoral e do tal
Tribunal de Contas! Por isso, digo, “Adeus Ano Novo, Infeliz Ano Velho”,
pois continuam, em 2018, os mesmos e velhos hábitos dos anos
anteriores.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News