domingo, 18 de fevereiro de 2018

CALOTE E COLAPSO


Todo o mal arquitetado com a restauração neoliberal, para implantar sua política de terra arrasada, tem desestabilizado alguns governos populares na América do Sul. Aqui, em Mato Grosso, terra dos bilionários do agronegócio e de uma classe política insaciavelmente faminta e sedenta de poder, pura e simplesmente para aquisição e multiplicação de suas riquezas pessoais ou de grupos, a política neoliberal encontrou um campo fértil para semear suas sementes perversas da injustiça social. 
 



Por Antonio Cavalcante Filho 



Todo o mal arquitetado com a restauração neoliberal, para implantar sua política de terra arrasada, tem desestabilizado alguns governos populares na América do Sul.

Infelizmente, isso chegou ao Brasil. E, como era de se esperar, seus ventos sombrios já sopram uivando pelas paisagens mato-grossenses, prenunciando tempos ruins que virão.

Só não vê quem não quer, pois esse fenômeno desalumiado e opressor, pairando sobre o Estado, é algo perfeitamente detectável há algum tempo, e decorre de um laboratório criado meticulosamente para gerar ainda mais concentração de renda.

Tudo é feito com muito esmero para aumentar os privilégios dos ricos, que não pagam impostos, onerar os trabalhadores, retirar os direitos das minorias, inclusive das mulheres, e espalhar a injustiça em nosso ambiente, tornando-o ainda mais sombroso e feio.

Aqui, em Mato Grosso, terra dos bilionários do agronegócio e de uma classe política insaciavelmente faminta e sedenta de poder, pura e simplesmente para aquisição e multiplicação de suas riquezas pessoais ou de grupos, a política neoliberal encontrou um campo fértil para semear suas sementes perversas da injustiça social.

Tem bolsominions (recalcados, sociopatas e narcísicos) por aí, seguidores de um nazi-doido, ou daqueles programas tipo BBB, da Rede Globo, que distorcem o que digo ou escrevo, espalhando fake News, ou simplesmente mentindo, na cara dura, a meu respeito. Confesso que isso não é novo e nem me incomoda.

Durante toda a minha vida, não poupei críticas ao que acho injusto, bem como nunca neguei minhas convicções (ou ideologias) políticas de esquerda comunista (socialista libertário, para ser mais exato). Por isso, é muito comum para mim ser hostilizado pela direita e sofrer patrulhamento dos cães de guarda do establishment, dos mercenários do status quo, dos bate-paus dos donos do poder, dos midiotizados ou de alguns alienados.

Pouco me importa se continuarei pregando no deserto, ou se seguirei nadando contra a correnteza, pororocas e tsunamis.

O fato é que, o golpe midiático, parlamentar e jurídico, imposto no Brasil, em 2016, como a exemplo dos que já ocorrem em outros países do nosso continente, nos joga de joelhos diante de potências mundiais, com o roubo de nossas riquezas, a cassação de direitos históricos dos trabalhadores, o aumento do desemprego e a proliferação da pobreza.

Todo esse caos gerado em nosso país, com fortes reflexos em nosso Estado, tem responsáveis. Nada disso nasceu por acaso. Essa cria tem alguns “pais”, seus genitores.

Nunca esqueçamos que, a derrota de Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014 despertou nele uma raiva, que foi demonstrada logo na primeira fotografia da derrota, onde está ao lado de figuras como Luciano Huck (Rede Globo) e Agripino Maia (DEM).

E lembrem que, logo em seguida, entidades abstratas como o tal MBL, com uma orquestrada ação dos grupos corporativos de mídia, como a citada Rede Globo, a Revista Veja, os jornais Estadão e Folha de São Paulo, cujos textos foram reproduzidos por “satélites” em todo o país, deram início à destruição de quaisquer possibilidades de governança de Dilma Roussef.

Nos estados, em movimentos “friamente calculados”, como diria o humorista Roberto Bolaños (do personagem televisivo Chaves), a coisa se repetiu. De camisetas amarelas nos corpichos branquelos, com a logomarca da honestíssima CBF e a frase “a culpa não é minha, votei no Aécio”, esses caras encheram nossa paciência durante meses, provocando uma crise sem precedentes, nos jogaram em um buraco que não conseguimos sair.

Se a coisa já está feia, a tendência é piorar ainda mais.

Em Mato Grosso, nunca é demais lembrar, que Pedro Taques, depois de enganar os filiados do seu partido, o PDT, após eleito, se filiou ao PSDB, e saiu alegremente pelo país afora de braços dados com o principal articulador do golpe, o “Mineirinho”, mega delatado da Odebrecht, Aécio Neves.

Portanto, Pedro Taques é um dos pais da crise e do colapso, no qual foi jogado o país e o nosso Estado. Com isso, traiu grande parte dos eleitores que, como eu, lhe confiamos o voto.

No ano passado, o pai do colapso em Mato Grosso, disse que não queria ser conhecido como caloteiro, então algumas medidas deveriam ser tomadas, a fim de que o Estado honrasse suas dívidas. Enquanto alardeava como um pequeno papagaio, que o seu governo “vende lenço para os que choram” (não comprei o lenço, mas confesso que chorei pelo meu país), ele xingava quem, como eu, vestia camisa vermelha, nessa altura, ele já preparava mudanças em algumas leis, retirando direitos dos servidores públicos.

Disse o governador, que aquela atualização anual de salário, conhecida como RGA não poderia ser paga aos trabalhadores, porque isso estaria impedindo a atuação do Estado, e poderia provocar atraso nos salários. Disse ainda, em todos os canais de tv e jornais, que a culpa da crise era do servidor público.

Mas peraí, e quem é o pai do golpe? Quem é o amigão do Aécio, o “Mineirinho” (e parece que do Luciano Huck também)?

Após muito choro e ranger de dentes, as 100.000 famílias mato-grossenses, que são formadas por pelo menos um servidor público estadual, concordam em perder para a inflação, e, portanto, o RGA foi para o ralo, em nome do não-atraso de salários.

E o que aconteceu? O salário atrasou. Mais um ponto para o pai do golpe, que também se revela caloteiro. Aquele candidato que, em 2014, em campanha eleitoral prometia ser o “novo”, perdeu sua camuflagem e se revela hoje, sem as roupagens das aparências, tal quais os velhos politiqueiros de sempre!

Aí vem a tal PEC dos Gastos, congelando por 10 anos o aumento de salários dos servidores estaduais, limitando as despesas públicas, de modo a permitir o alongamento das dívidas contraídas.

De novo, “chiadeira das vítimas”, acusa o governo representante do neoliberalismo e dos golpista no Estado

Mais uma vez, diz Taques, que, se não aprovar o fim dos aumentos, o salário vai atrasar, e esse argumento sensibiliza parte das categorias que se submetem ao sacrifício para evitar o mal maior.

Mas o salário atrasou de novo. Será que Pedro Taques mentiu?

Bom, já é inegável que deram um golpe em nossa combalida democracia, e “até” alguns bolsominions já perceberam que foram usados como massa de manobra. Uma pesquisa de intenção de voto, na última semana, mostra que o candidato Bolsonaro, preferido de quem votava em Aécio, do PSDB, simplesmente está se deteriorando.

A verdade é que o povo nunca foi respeitado neste país, mas as máscaras da carcomida democracia das elites escravocratas começam a ser reveladas. Creio que, o próximo passo, depois do colapso e do calote, pode ser a amplificação da consciência popular, e, consequentemente, o início do fim das velhas instituições burguesas na “terra brasilis”.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News