A podridão que exala das nossas instituições é tão grande que não consigo ver nenhuma delas funcionando.
Por Antonio Cavalcante Filho
Em qualquer país, cuja concentração de renda dos 5% mais ricos detém a mesma fatia que os demais 95% da população, não é um país democrático e sequer podemos chamá-lo de Estado, no máximo, podemos dizer que se trata de uma republiquetazinha plutocrática.
Em qualquer país, cuja concentração de renda dos 5% mais ricos detém a mesma fatia que os demais 95% da população, não é um país democrático e sequer podemos chamá-lo de Estado, no máximo, podemos dizer que se trata de uma republiquetazinha plutocrática.
O Brasil é líder mundial em desigualdade econômica. Com tamanha
injustiça social, um governo que só governa para os ricos não é um
governo do povo, pelo povo e para o povo, e sim, um serviçal das elites,
um bate-pau dos poderosos, um capitão do mato, um capacho da ‘Casa
Grande”, ou seja: um canalha.
Uma frase que vem sendo muito utilizada pela mídia corporativa e
redes sociais ligadas a empresas sonegadoras de impostos e aos setores
dominantes, herdeiros de uma aristocracia semifeudal, é de que “as
instituições no Brasil estão funcionando normalmente”.
Mentira! Esta frase é mais um fake news emprestada dos
inimigos da democracia com o objetivo de dar ares de verdade a uma
narrativa criminosa, típica do pós-verdade. Ou como diria George Orwell,
palavras dissimuladas para fazer as mentiras soarem verdadeiras e para
dar aparência consistente ao puro vento.
Não houve um só ato da presidenta Dilma, em 2014, que justificasse o
impeachment, este, sim, um crime cometido por Eduardo Cunha e seus
deputados amestrados (inclusive pelos daqui de Mato Grosso). Lembremos
que o bandidão Cunha acelerou a votação das contas de diversos
ex-presidentes, paralisadas há anos, para “julgar” e desaprovar as
contas de Dilma para justificar sua cassação.
Idêntica postura foi adotada pelo Tribunal de Contas da União, e vale
registrar que o relator das “pedaladas” foi visitado pela polícia em
sua casa recentemente, e há provas documentais de seu envolvimento com
as empreiteiras que saquearam o país.
Para garantir a impunidade, as empresas pagavam proteção para esse
tipo de gente, e foi essa “casta” (protegida pelos tribunais de contas,
setores do ministério público e da magistratura) que cassou os votos de
54 milhões de eleitores, e colocou uma quadrilha no poder.
Eu diria que as instituições vêm apodrecendo desavergonhadamente a
olho nu, numa velocidade nunca vista! Visivelmente estão carcomidas,
corroídas, fedem enxofre e são as representações de tudo o que de mal
pode acontecer ao país e às pessoas.
Temos uma crise de desemprego, empresas fechando as portas, cassação
de direitos, e os culpados de tudo isso são facilmente identificados:
são os mesmos políticoides que estão aí em busca de reeleição, são os
banqueiros, ruralistas do agronegócio e empresários escravocratas, são
juízes, promotores, policiais e integrantes de tribunais de contas que
deram cobertura para mais um golpe contra a democracia no Brasil.
Uma prova do apodrecimento do chamado “sistema de justiça”, como se
fosse possível conciliar o ideário de justo, no sentido filosófico, e a
prática de receber salários milionários, mordomias, privilégios, que
elevam o salário de pessoas como o juiz Sergio Moro a receber mais de
100 mil reais por mês.
Para não falar nos inúmeros penduricalhos, cito apenas o
auxílio-moradia, que por si só já é uma aberração moral, diante da
situação de pobreza e de desamparo em que milhões de brasileiros se
encontram.
É assustador ver a entrevista do Diretor Geral da Polícia Federal,
que disse no fim de semana que recebeu telefonemas de magistrados e da
própria Raquel Dodge, a Procuradora-Geral da República, a chefe dos
“fiscais da lei”, determinando que “não se cumprisse a lei”, no caso do
encarceramento político do ex-presidente, o que, desde o Brasil colônia,
mais governou para os pobres.
Após afastar uma presidente sem crime de responsabilidade, o conluio
golpista quer ir mais longe, quer cassar os direitos políticos da maior
liderança popular da história do Brasil, mantendo-o condenado e preso de
modo farsesco, sem provas, sem evidências, sem documentos nem atos
determinados.
Tudo demonstra que Lula é prisioneiro político das elites corruptas e
egoístas que assaltaram o poder no Brasil e que só é mantido preso
porque lidera com folga todas as pesquisas para presidente. Estas
elites, filhas da ganância e da barbárie, nunca consentiram que o
próprio povo construísse o seu caminho, derrubando as seculares
estruturas autoritárias rumo a liberdade, a justiça, a felicidade e a
verdadeira democracia.
Em um país como o nosso, num estágio tão avançado de putrefação,
nesta semana que renovamos as nossas esperanças de que a Democracia
possa ser resgatada com a entrega à Justiça eleitoral dos pedidos de
registro de candidaturas (entre elas a do ex-presidente Lula), a
podridão que exala das nossas instituições é tão grande que não consigo
ver nenhuma delas funcionando.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
EU NÃO VOTO EM GOLPISTA!
ENTRE OUTRAS MALDADES, O GOLPE FOI
PARA CORTAR GASTOS ESSENCIAIS PARA OS POBRES E GARANTIR OS EXORBITANTES
LUCROS DE BANQUEIRO E RENTISTAS.
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