Diferente dos velhos caciques do PSDB, que tardiamente fazem “mea-culpa”, os erros do governador mato-grossense foram tantos que o seu caso não é mais de autocrítica, e, sim, de necrópsia para detectar o momento exato e a razão da sua morte política. 
Por Antonio Cavalcante Filho 
Uma das mais memoráveis poesias de Chico Buarque, criada nos 
estertores da Ditadura Militar, lá pelo fim dos anos 70, me descreve, 
com segurança, o pós-golpe em que vivemos, e que no revela a dificuldade
 da Rede Globo, outrora um império que ninguém questionava, em se 
adaptar com os ventos da democracia.
Na canção “Apesar de Você”, Chico canta “Hoje você é quem manda, 
falou, tá falado, não tem discussão”, e emenda: “Você que inventou o 
pecado, esqueceu-se de inventar o perdão; apesar de você, amanhã há de 
ser outro dia”.
Sempre defendi que nas eleições o candidato tem que se 
expor, ser questionado, investigado e, ao debater com a sociedade, deve 
explicar todos os seus planos e projetos. Deste modo, as reuniões com 
populares, comícios, e outros momentos que permitem a interação entre o 
postulante ao cargo público com a população, são muito importantes. 
Nesse contexto, as entrevistas em rádio e televisão, assim como os 
debates, são iniciativas bem-vindas.
Mas o que fazia a Rede Globo nas eleições de 2014 é inaceitável, 
alguns entrevistadores mostravam uma má vontade, uma falta de respeito e
 de urbanidade assustadora. O problema é que nas entrevistas mostradas 
pela Globo com os candidatos a presidente em 2018 a postura beligerante 
se repete, e isso faz um mal danado à democracia.
O Jornal Nacional não quer saber dos programas dos candidatos a 
presidente e, sim, mostrar a opinião dos entrevistadores, que usam mais 
da metade do tempo da entrevista, tornando-a inútil para o fim a que se 
destina. Foi isso o que William Bonner e Renata Vasconcellos fizeram com
 Haddad, ao interrompê-lo 62 vezes sem deixar o candidato terminar uma 
frase sequer.
Em 2013, a Rede Globo, que na época já era investigada pelos rolos 
com a FIFA, para ter a exclusividade na transmissão de jogos da Copa do 
Mundo, mediante o pagamento de propina, manobrou os manifestos de junho 
de 2013 para jogar a população contra o governo do Partido dos 
Trabalhadores. Logo em seguida, embarcou “com gosto” na campanha 
golpista, fazendo de seus noticiários uma batalha permanente contra 
Dilma Rousseff.
Quem não se lembra das agências internacionais mostrando o “risco 
Brasil”, e o púlpito global para marginais como o ex-deputado sabotador e
 chantagista profissional, Eduardo Cunha, derrubar a presidenta que não 
aceitava comprar os picaretas? Na época, qualquer meia dúzia de gatos 
pingados que se reunia para criticar Dilma recebia uma transmissão, “ao 
vivo”, como se fosse a final do campeonato brasileiro de futebol.
No dia 13 deste mês, numa entrevista ao jornalão Estado de São Paulo,
 vi o ”mea-culpa” tardio de uma figura que esteve no centro do golpismo,
 o senador Jereissati, ex-presidente do PSDB nacional, confessar que o 
golpe foi um erro que acabou com o Brasil: “O partido cometeu um 
conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado 
eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição) ”.
Quer dizer que a eleição de 2014 foi legítima, e o ambiente criado na
 Rede Globo, no sistema bancário, tocado por figuras como Aécio e 
Eduardo Cunha na coordenação da "assembleia de bandidos”, como bem 
definiu o escritor português Miguel Sousa Tavares, para esfacelar a base
 de apoio de Dilma foi um “erro memorável”, segundo o senador Tucano do 
Ceará.
Mas a cereja do bolo foi essa afirmação: “O segundo erro foi votar 
contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser 
contra o PT”, ou seja, como um menino mimado, o PSDB por meio de seus 
políticos com mandato destruíram o país, jogaram milhões de pais de 
família na fila do desemprego, entregaram nossas empresas estratégicas a
 estrangeiros, e tudo foi feito “por birra”?
Esse tipo de confissão a Rede Globo não mostra. Mas grande parcela da
 população já percebe o jogo sujo da mídia golpista, por isso a 
audiência da “platinada” está no limbo, por não respeitar a Democracia e
 seus agentes. Este ano, o eleitor brasileiro deve votar em quem 
(partido/candidato) é a favor da Democracia, que combateu o Golpe e é 
contra a Rede Globo.
Quase todos os grandes caciques do tucanato golpista já está se 
propondo a fazer autocrítica, inclusive mesmo sem deixar claro quais 
foram os seus “equívocos”, até mesmo em propaganda vinculada na 
internet com o slogan "É hora de pensar no país", o PSDB admite que tem 
errado. “O PSDB errou e tem que fazer uma autocrítica. Não adianta pedir
 desculpas”, diz um dos personagens do vídeo.
Em Mato Grosso, Pedro Taques, o governador tucano, um dos primeiros a
 apoiar o golpe, a estrela das manifestações de rua pela derrubada da 
presidenta Dilma, diz não se arrepender de nada e que faria tudo outra 
vez. Ele, que busca sua reeleição, ficará na história como o único 
governador que poderá não se reeleger e sequer chegar ao segundo turno.
Diferente dos velhos caciques do PSDB, que tardiamente fazem 
“mea-culpa”, os erros do governador mato-grossense foram tantos que o 
seu caso não é mais de autocrítica, e, sim, de necrópsia para detectar o
 momento exato e a razão da sua morte política.
Nunca na história de Mato Grosso um governador atrasou os repassasses
 de recursos para a aquisição da alimentação escolar, até esta malvadeza
 contra as nossas crianças o Taques fez. Cantemos então com o Chico 
Buarque: “Hoje você é quem manda, Falou, tá falado, Não tem discussão”. 
Mas: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”.
Pedro, o povo não é bobo!
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e 
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: 
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD New
OS GOLPISTAS, TRAIDORES DA DEMOCRACIA E VENDILHÕES DO BRASIL, MORRERÃO JUNTOS, ABRAÇADINHOS
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