O não-acontecimento, na Globo, do escândalo que causaria a cassação do Bolsonaro, é sinal grave de aprofundamento do componente militar e totalitário do golpe.
O grande acordo, “com o supremo, com tudo”, está bem encaminhado. Em gíria coloquial: “tá tudo dominado”.
Por Jeferson Miola
A Globo da famiglia Marinho trava com a TV Record do
charlatão religioso Edir Macedo uma disputa renhida pelo posto de órgão
oficial de comunicação do regime nazi-bolsonarista.
A Record fez a primeira aposta no 4 de outubro, cedendo a Bolsonaro
uma generosa entrevista em simultâneo ao debate entre os candidatos que
acontecia na mesma noite e no mesmo horário na Globo – tudo com a
complacência do TSE.
Hoje chegou a vez da Globo mostrar seu cacife, e a emissora não
desperdiçou oportunidade de demonstrar seu profissionalismo e
sofisticação semiótica.
O grande acontecimento da eleição brasileira no dia de hoje, que
inclusive ocupou o topo mundial de citações no twitter, foi a revelação,
pela Folha de SP, do esquema criminoso do Bolsonaro, de manipulação do
whatsappfinanciado por empresários corruptos com dinheiro de caixa 2.
O sumiço do assunto nos veículos da Globo é um escândalo de tal
magnitude que só é eclipsado pelo próprio escândalo do crime eleitoral
cometido pelo Bolsonaro, que seria suficiente para cassar a candidatura
dele.
A Globo, porém, cumpriu ortodoxamente seu manual de jornalismo
fascista: o que não é mostrado pela emissora, simplesmente não existe.
Na não-cobertura do escândalo, a Globo salvaguardou todos os interesses do nazi-bolsonarismo, e em todos seus veículos:
1 - no jornal Hoje, das 13 horas, o fato sequer existiu;
2 - nos sites on line dos veículos do monopólio familiar – G1, Globo.com e Oglobo.com – o assunto foi tratado marginalmente;
3- na programação noticiosa da GloboNews no turno da tarde, na edição
das 18h e no Jornal das Dez, o expectador se sentiria como se vivesse
em outro país; e
4 - no Jornal Nacional [JN], não teve nenhuma [repito: nenhuma]
reportagem sobre o esquema criminoso do Bolsonaro. O JN apenas editou
pequeno trecho de citação do Haddad sobre o assunto em discurso de
atividade de campanha e, na sequência, leu na voz editorial do
apresentador W. Bonner as declarações do presidente do PSL, poupando o
candidato Bolsonaro de prestar esclarecimentos sobre os crimes revelados
pela Folha.
Hoje a Globo deu ao nazi-bolsonarismo uma demonstração
importante do seu poderio e da sua serventia para o aprofundamento, no
futuro imediato, da estabilidade de dominação do regime totalitário que
se instaurará.
O que não falta à Globo é experiência e conhecimento em regimes que
castram a democracia, as liberdades, a pluralidade, os direitos, como
aquele regime que ela conspirou para instalar e que apoiou desde o
primeiro minuto a partir de 1º de abril de 1964.
O não-acontecimento, na Globo, do escândalo que causaria a cassação
do Bolsonaro, é sinal grave de aprofundamento do componente militar e
totalitário do golpe.
O grande acordo, “com o supremo, com tudo”, está bem encaminhado. Em gíria coloquial: “tá tudo dominado”.
Aliás, Merval Pereira deliberadamente deixou escapar, no Jornal das
Dez da Globo News deste inesquecível 18 de outubro, um registro lapidar:
“almocei hoje com o Bebbiano”. Para quem não sabe, Bebbiano é o presidente nacional do PSL, do candidato Bolsonaro.
Fonte Brasil 247