domingo, 2 de dezembro de 2018

GENOCÍDIO ANUNCIADO DOS DESPOSSUÍDOS


Só para se ter uma ideia do impacto catastrófico, existem 372 médicos atendendo em aldeias indígenas. Muitos dos nossos municípios sabem o que é isso. Desse total, 301 são cubanos que estão sendo expulsos pelo falastrão fascista, guindado a presidente por uma minoria de eleitores (apenas 39,3% do total de 147,3 milhões de eleitores aptos a votar). 




Por Antonio Cavalcante Filho 


Enquanto o maior líder popular da história do Brasil, desprovido de todos seus direitos, continua jogado no calabouço dos golpistas, o ataque inconseqüente e ideológico do presidente da extrema direita ao Programa Mais Médicos segue semeando a morte nos lares de milhões de brasileiros (dos mais pobres, é claro!).

Antes que comecem as “ofensas dos bolsoleones” nos comentários, peço que esperem por minhas informações preliminares:

O Programa Mais Médicos foi criado no governo Dilma Rousseff, por meio da Lei nº 12.871/2013, que tinha como principal finalidade formar recursos humanos na área médica para o Sistema Único de Saúde (SUS), objetivando: I - diminuir a carência de médicos nas regiões prioritárias para o SUS, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área da saúde; II - fortalecer a prestação de serviços de atenção básica em saúde no país; III - aprimorar a formação médica no Brasil e proporcionar maior experiência no campo de prática médica durante o processo de formação; IV - ampliar a inserção do médico em formação nas unidades de atendimento do SUS, desenvolvendo seu conhecimento sobre a realidade da saúde da população brasileira; V - fortalecer a política de educação permanente com a integração ensino-serviço, por meio da atuação das instituições de educação superior na supervisão acadêmica das atividades desempenhadas pelos médicos; VI - promover a troca de conhecimentos e experiências entre profissionais da saúde brasileiros e médicos formados em instituições estrangeiras; VII - aperfeiçoar médicos para atuação nas políticas públicas de saúde do País e na organização e no funcionamento do SUS; e VIII - estimular a realização de pesquisas aplicadas ao SUS.

Pelo que se nota este programa visa disciplinar os cursos de medicina no país, o que gerou uma chiadeira nos homens de roupa branca (em sua maioria filhos da classe média que se imaginam burgueses), com ataques deturpados e vergonhosos ao envio de profissionais da medicina cubana aos rincões do Brasil, onde a população morria à míngua, sem nenhuma assistência médica, nem medicamentos.

A citada lei que cria o referido programa deixa bem claro o desejo de atender às cidades de difícil acesso, e o critério do artigo 13 da norma prevê a preferência a profissionais brasileiros, pois dispõe no parágrafo 1º que a preferência é para “I - médicos formados em instituições de educação superior brasileiras ou com diploma revalidado no país, inclusive os aposentados; II - médicos brasileiros formados em instituições estrangeiras, com habilitação para exercício da Medicina no exterior; e III - médicos estrangeiros, com habilitação para exercício da Medicina no exterior”.

Quando ainda deputado, Jair Bosonaro tentou impedir de todo modo que o Mais Médicos fosse bem-sucedido, comparando os médicos cubanos a enfermeiros, guerrilheiros e agentes militares infiltrados. Puro delírio! Depois, ainda, quis impedir que familiares dos médicos cubanos viessem ao Brasil, e o fez com a emenda de Medida Provisória 723, de 29 de abril de 2016. Portanto, esse discurso de que os médicos cubanos deveriam trazer a família é somente para enganar os alienados, os coxinhas midiotizados e seus exércitos de militontos nazi-doidos.

Mas vamos ao drama do morticínio anunciado dos despossuídos:

A PEC do Teto de Gastos, que começou a vigorar este ano de 2018, determina que durante 20 anos não se pode gastar com saúde valores maiores que 2017. Isso significa que aquele posto de saúde sem médicos que você viu no ano passado, vai ficar assim por duas décadas, e, esta medida sacana, teve o voto e apoio incondicional do hoje presidente Jair Bolsonaro quando ainda era Deputado.

Ora, dizer então que a saída de 8.500 médicos não impacta na vida de um país tão deficitário na área da saúde pública como o nosso, é uma enorme mentira que nem os fake news disseminados aos milhões nas tuitadas, nos whatsapps e nos facebooks bolsomions serão capazes de esconder o sofrimento e a morte de milhares de brasileiros que veremos daqui em diante.

Aqui, em Mato Grosso, o Mais Médicos atraiu 258 profissionais, e destes, 132 são cubanos, e a saída abrupta gera problemas em 55 cidades, ou seja, 1/3 dos municípios mato-grossenses ficarão sem médicos.

Só para se ter uma ideia do impacto catastrófico, existem 372 médicos atendendo em aldeias indígenas. Muitos dos nossos municípios sabem o que é isso. Desse total, 301 são cubanos que estão sendo expulsos pelo falastrão fascista, guindado a presidente por uma minoria de eleitores (apenas 39,3% do total de 147,3 milhões de eleitores aptos a votar).

Agora, somados a tudo isso, vêm o aumento do desemprego, da pobreza, a “Reforma da Previdência”, o roubo dos direitos trabalhistas, o desmonte do “Programa Minha Casa, Minha Vida”, a liberação de armas para a população civil, os conflitos no campo exteriorizados pelo presidente da UDR, Nabhan Garcia, que, nomeado para cuidar dos assuntos fundiários, já incita à violência, prometendo atacar, sem clemência, os trabalhadores rurais sem terra.

Se todo esse conjunto de maldades não for um prenúncio do genocídio deliberado da população mais pobre, nada mais será!

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News