quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

TORCENDO A FAVOR DO BRASIL


O que levou milhões de eleitores votarem no “Capitão Mito”, que fugiu de todos os debates e não apresentou nenhuma proposta aos seus eleitores, se não foram os fake News e as embustices esparramadas aos milhões nas redes sociais? 




Por Antonio Cavalcante Filho 


Em 2019, continuarei torcendo pelo meu país. Mas não é preciso ser profeta para antever o mal que desabará sobre o Brasil, a partir de janeiro. Seguindo o roteiro do golpe e aprofundando as maldades do Temer contra o povo, Bolsonaro deve arrematar o desmoronamento da nossa soberania, nos oferecendo, de quatro, ao desvairado Donald Trump.

A novidade nesse período pós-eleitoral, onde impera o pós-verdade, o fake news, a mentira qualificada, é apontar o dedo a alguém e perguntar se ela é contra ou a favor do governo que vai assumir. Antes que me indaguem, já vou adiantando: sim, sou contra! Pois sou contra a precarização do serviço público, sou contra a vulnerabilidade dos servidores e contra a perseguição da classe trabalhadora, maldades que vêm sendo sinalizadas pelo governador Mauro Mendes e o presidente Jair Bolsonaro.

Em encontro recente ocorrido em Brasília, onde o presidente, cuja família possui o motorista mais rico do Brasil, o tal Queiroz, Bolsonaro recebeu 19 governadores e um pedido: o fim da estabilidade do servidor público. Entre os presentes, ao “convescote”, estava o governador eleito de Mato Grosso, Mauro Mendes.

Sou totalmente contrário à absurda concentração de renda que se antevê, com a concessão de incentivos fiscais cada vez mais substanciosa a empresas “amigas”, ao agronegócio, sem a devida contrapartida no desenvolvimento das cidades e na distribuição de renda. Sou contra a discriminação das cidades empobrecidas, que ficam fora do orçamento e do planejamento das políticas públicas.

Alinho-me contra a atividade governamental diária de surrupiar direitos trabalhistas, levando as pessoas a um nível de “quase informalidade”, como deseja Bolsonaro, que nunca teve uma carteira assinada em sua vida. Esse sujeito sempre sobreviveu com o dinheiro obtido em cargos públicos, nunca levantou de madrugada e pegou um ônibus lotado. Nunca ficou na fila da prefeitura para obter as migalhas de um programa social e jamais teve que sobreviver seis meses de um seguro-desemprego, que, na verdade, é a linha tênue que separa o limite da dignidade e da fome.

Sou totalmente contra a militarização de escolas, vide às constantes denúncias de maus tratos a alunos e até acusações de estupros de jovens inocentes, traumatizados para toda a vida. Sou contra a perseguição a professores e à liberdade de pensar. Sou contra a cobrança de mensalidades em escolas públicas e ao ensino à distância, que simplesmente elimina o contato entre alunos e professores. Sou contra a perseguição às universidades e rechaço os ataques à autonomia universitária e liberdade de cátedra.

Sou contra a destruição do princípio da solidariedade que permeia as políticas públicas, como na saúde e na previdência. Por esse viés humanitário, o trabalhador de hoje recolhe uma contribuição que vai pagar a aposentadoria daquele que não mais pode trabalhar. O sistema público de saúde, tão carente de recursos humanos e financeiros, ainda é altamente republicano, porque ricos e pobres recebem a mesma atenção no posto de saúde ou na enfermaria.

Sou contra o desmatamento e a destruição da política ambiental para favorecer alguns grandes fazendeiros, que não economizam veneno na lavoura, transportando para o prato das refeições uma enormidade de veneno como o Paraquat. Essa “desgraça” causa depressão, mal de Parkinson e câncer, e foi proibida nas lavouras da União Europeia, porém está entre os 8 venenos mais vendidos no Brasil.

Sou contra a propagação de mentiras como tática de enganação, e não aceito que um presidente recuse assinar o Pacto da Migração sob o tosco argumento de que estrangeiros viriam para o Brasil para “casar” com crianças de 10, 11 anos de idade. Isso é terror barato, é algo aceito em diálogos de adolescentes brincalhões, mas nunca de um presidente eleito, que possui altas responsabilidades.

Persistindo essas posturas de governos, apregoando medidas desastrosas para o país e seu povo, sou visceralmente contra todos eles e torço pela abreviação dos seus mandatos com os cidadãos arrependidos dos seus votos, indo às ruas pedir suas “cabeças”.

Mas o que levou milhões de eleitores votarem no “Capitão Mito”, que fugiu de todos os debates e não apresentou nenhuma proposta aos seus eleitores, se não foram os fake News e as embustices esparramadas aos milhões nas redes sociais? Entre seus embustes está a falsa promessa de fazer um governo de homens honestos. Porém, nem sequer assumiu e já se sabe que, dos seus 22 ministros que prometia serem somente 15, 9, estão atolados de problemas com a justiça.

O futuro da democracia no Brasil dependerá de como o povo reagirá a tudo isso. Desejando a todos um Feliz Natal, torço para que, em 2019, a população se cure do torpor, da enganação e cegueira bolsonarista, se reorganizando para barrar o entreguismo, resgatar o Estado Democrático de Direito e reabilitar seus direitos roubados!

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News