Revelações do Intercept evidenciam a meta da Lava Jato: governar sem a “chatice” do voto. No “vale tudo contra eles”, ilegalidades e perseguições a inimigos. Hora é de denunciar crimes de Moro – e exigir revisões de suas sentenças
Por Artur Araújo
I) o material divulgado até agora confirma o sobejamente conhecido:
as sentenças de Curitiba são redigidas e assinadas antes de que seja
“juntado aos autos” (como se diz em língua esotérica) qualquer outro
documento enviado pela acusação ou pela defesa;
II) esse fato já era conhecido por dois significativos grupos de
brasileiros: o dos que avaliam que isso é um absurdo e o dos que acham
que “vale-tudo ‘contra eles’ é válido”. Os vazamentos só documentam o
fato, dificilmente alteram convicções do segundo time;
III) abre-se, a partir das revelações do Intercept, uma grande
disputa entre esses dois grupos: quem conquistará a maioria dos
brasileiros para sua interpretação das ilegalidades e imoralidades
praticadas por Moro, Dallagnol & Co.?
IV) a grande maioria do povo sabe perfeitamente – e há séculos – que
pré-julgamento é o padrão quando o réu é pobre. O Morogueite demonstra
que o mesmo pode se aplicar no jogo da política sórdida invadindo
tribunais. Há boa possibilidade de associação;
V) fica evidente que toda a operação LJ tem meta única: governar o
Brasil sem ter que passar pela “chatice” do voto. Além da obsessiva
atuação antipetista e antilulista, os “tenentes de toga” candidamente
lamentam que será “um pouco mais difícil limpar o Congresso”;
VI) fica claríssimo para o “mundo da política”, de qualquer
orientação político-ideológica, que deixar impunes os golpistas da LJ é
garantia de faca afiada em seu pescoço, per omnia saecula saeculorum
[pelos śeculos dos séculos] e empunhada por protoditadores;
VII) a incidência “jurídico-processual” do escândalo no destino de
Lula é próxima de zero, porque a corporação se fechará qual cágados
frente a onça. Só a conquista de forte maioria de opinião de massas
poderá fazer das revelações um instrumento real de alteração do quadro;
VIII) para os que prezam a democracia, o estado de direito, o império
da lei, a civilização, não há outro caminho que não seja se associar à
denúncia diuturna do golpismo da LJ e à exigência de revogação de todos
os seus “produtos”, porque são todos frutos de golpe contra a
Constituição, contra as leis, contra o voto e contra a verdade.