"Pela primeira vez, um Papa se opõe diretamente ao sistema econômico
que, no afã de acumular de forma ilimitada, explora nações, manipula
mercados, cria milhões de pobres e agride gravemente os ecossistemas,
pondo em risco o futuro da vida na Terra", aponta o teólogo brasileira.
Leonardo BOFF.com
Por Leonardo Boff
É importante que os católicos, os cristãos e pessoas interessadas em
assuntos religiosos saibam da enorme e até perversa campanha articulada
por multibilionários estadounidenses, ultraconsrevadores, junto com
pessoas de dentro do Vaticano, ocupando altos cargos, interessados em
distorcer suas doutrinas, criticar suas práticas pastorais e diretamente
difamar a pessoa do Papa Francisco. E há uma razão manifesta para esta
campanha (que supomos ter representantes também no Brasil) porque, pela
primeira vez, um Papa se opõe diretamente ao sistema econômico que, no
afã de acumular de forma ilimitada, explora nações, manipula mercados,
cria milhões de pobres e agride gravemente os ecossistemas, pondo em
risco o futuro da vida na Terra. Sua encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da Casa Comum
(2015) dirigida a toda a humanidade, recebe grande rejeição destes
grupos radicais de direita que se apresentam como piedosos. Frustrados
por não conseguirem fazê-lo renunciar (são demasiadamente ingênuos e
confiantes em seu poder financeiro), propõem-se a elaborar dossiers
detalhados com o auxílio de agentes da FBI sobre os futuros cardeais,
favorecendo o mais que podem aqueles que podem servir a seus interesses e
atacando duramente aqueles que talvez prolongarão a agenda do Papa
Francisco, submetendo-os a grandes constrangimentos com fake
news,inverdade e calúnias. Estes opositores figadais sabem da
reconhecida liderança moral e também ético-política do Papa Francisco
sobre a opinião pública mundial e sobre outros chefes de Estado que
apreciam sua coragem, sua sinceridade, seu carisma e seu entranhável
amor aos pobres e aos imigrados de África e do Oriente Médio, fugindo da
fome e das guerras a caminho da Europa. De seu círculo bem próximo
viemos saber que o Papa se comporta de forma soberana, dorme como uma
pedra das 9,30 da noite às 5,30 da manhã e vive o espírito das
bem-aventuranças evangélicas da perseguição e difamação. Confiamos no
Espírito que conduz a história. também a Igreja de Deus r nas orações
das pessoas de mente pura para que as maquinações maliciosas destes
grupos poderosos sejam totalmente frustradas. Elas não vem de Deus mas
de um espírito impuro e mau. Lboff
O complô dos USA para derrubar o Papa Francisco
Jornalista francês denuncia o círculo de interessados em uma
conspiração no Vaticano, composto pelo setor de mega milionários
ultraconservadores, que usa sua influência e poder econômico para
assediar o sumo pontífice
Por Eduardo Febbro
Carta Maior de 17/09/2019 18:45
“Para mim, é uma honra que os norte-americanos me ataquem”, disse o
Papa Francisco quando o jornalista francês Nicolas Senèze,
correspondente do diário católico La Croix em Roma, mostrou a
ele o livro-reportagem sobre o complô estadunidense contra o seu papado,
durante a viagem de avião que os levou a Moçambique. O título da obra é
“Como a América atua para substituir o Papa” (o título original é
“Comment l’Amérique veut changer de Pape”).
Os detalhes desse complô e os nomes dos protagonistas e dos grupos
envolvidos estão claramente expostos nas páginas do livro, que
descrevem, desde o seu início, a mecânica da hostilidade contra o papado
atual. O operativo tem até o nome de “Relatório Chapéu Vermelho”
(“The Red Hat Report”). Um círculo preciso que move dinheiro e
influência e é organizado pelos setores ultraconservadores e de mega
milionários dos Estados Unidos. As peças deste jogo de calúnias e poder
se encaixam em um complexo quebra-cabeças, que os adversários do
pontífice vêm armando nos últimos anos. O golpe começou a ser fomentado
em Washington, no ano de 2018. O grupo de ultraconservadores se reuniu
na capital norte-americana para fixar duas metas: atingir a figura de
Francisco da forma mais destrutiva possível e adiantar sua sucessão,
para escolher, entre os atuais cardeais, o mais adequado aos interesses
conservadores.
O “Relatório Chapéu Vermelho” foi organizado por um
grupo de ex-policiais, ex-membros do FBI (Departamento Federal de
Investigações dos Estados Unidos), advogados, operadores políticos,
jornalistas e acadêmicos que trabalharam no estudo da vida e das ideias
de cada um dos cardeais, com o fim de destruir as carreiras dos que não
interessam, ou beneficiar as daqueles que pretendem impor como
substituto de Francisco, quando chegue o momento oportuno. E enquanto
esse momento não chega, o grupo busca preparar o terreno para o que
Senèze chama de “um golpe de Estado contra o Papa Francisco”.
Em uma manhã de 2017, Roma amanheceu coberta com cartazes contra o
Papa. Foi o primeiro ato da ofensiva: o segundo, e certamente o mais
espetacular, aconteceu em agosto de 2018, quando, pela primeira vez na
história do Vaticano, um cardeal tornou pública uma carta exigindo a
renúncia de Francisco. O autor foi o monsenhor Carlo Maria Vigamo,
ex-núncio do Vaticano nos Estados Unidos. O correspondente do La Croix
no Vaticano detalha a odisseia maligna deste grupo de poder em sua
missão por tirar do caminho um Papa cujas posições contra o
neoliberalismo, contra a pena de morte, a favor dos imigrantes e sua
inédita defesa do meio ambiente através da encíclica Laudato Sí
promove uma corrente contrária à desses empresários. Os conspiradores
não têm nada de santos: são adeptos da teologia da prosperidade, possuem
empresas ligadas mercado financeiro e de seguros, e estão envolvidos
até com a exploração da Amazônia. Francisco é uma pedra em seus sapatos,
uma cruz sobre suas ambições.
Segundo Senèze, organizações de caridade como “Os Cavaleiros de
Colombo” (que possuem cerca de 100 bilhões de dólares, graças às
companhias de seguros que administram), o banqueiro Frank Hanna, a rede
de meios de comunicação Eternal World Television Network (EWTN),
cujo promotor (o advogado Timothy Busch) também é criador do Instituto
Napa, que tem a missão de difundir “uma visão conservadora e favorável à
liberdade econômica”, estão entre os membros mais ativos do complô. Mas
também há outros, como George Weigel e seu famoso think tank, o Centro de Ética e Política Pública. No diálogo com o jornal argentino Página/12, Senèze fala sobre a trama que, apesar do poder de suas, ainda não foi capaz de derrubar o Papa.
Pergunta: Parece uma história de novela, mas é uma
história real. O Papa Francisco foi e é objeto de uma das campanhas mais
densas já vistas contra um sumo pontífice.
Nicolas Senèze: O Papa Francisco não serve aos
interesses desse grupo de empresários ultraconservadores, e por isso
decidiram atacá-lo. Atuam como se fosse o conselho de administração de
uma empresa, quando se despede o diretor porque ele não alcançou os
objetivos desejados. Essa gente conta com enormes recursos financeiros, e
mesmo assim, durante o mandato de Francisco, não conseguiram
influenciar sua linha de pensamento. Por isso, começaram a se aproximar
de pessoas de dentro da Igreja que também estão contra Francisco.
Algumas delas, como o monsenhor Vigamo, chegaram a exigir publicamente
sua renúncia. Creio que esse grupo de ultraconservadores superestimaram
suas forças. O monsenhor Carlo Maria Vigamo, por exemplo, não calculou a
lealdade das pessoas dentro do Vaticano, que não estavam dispostas a
trair o Papa, mesmo as que são críticas de Francisco.
Pergunta: A operação que organiza o “Relatório Chapéu Vermelho” tinha dois objetivos, um para agora e outro para o futuro.
Senèze: Efetivamente. Como não puderam derrubar o
Papa, tentam agora uma nova estratégia. Francisco tem 84 anos, e podemos
pensar que estamos cerca do fim do seu pontificado. O que estão fazendo
é preparar o próximo conclave. Para isso, estão investindo muito
dinheiro, contratado ex-membros do FBI para preparar dossiê sobre os
cardeais que participarão da eleição. O primeiro objetivo é destruir
aqueles que têm a intenção de continuar as reformas aplicadas pelo Papa
Francisco. Depois, buscar um substituto adequado aos seus interesses. O
problema desta meta é que, ao menos até agora, não eles não contam com
nenhum candidato verosímil. Não será fácil para eles. Entretanto, podem
ir bem no trabalho de arranhar a credibilidade dos candidatos
reformistas, e dessa forma, podem levar à eleição de um reformista fraco
e manipulável, que ceda a pressão em favor de desmontar as reformas de
Francisco. Para isso, contam com muito poder econômico e influência.
Creio profundamente que a maioria dos católicos norte-americanos
respaldam o Papa Francisco. Mas nos Estados Unidos, a quantidade não
basta. O que fala mais alto é o fator dinheiro.
Pergunta: Esses grupos já existiam antes, mas nunca atuaram com tanta força.
Senèze: São empresários com enormes meios à sua
disposição. Cada um deles foi criando seu grupo de reflexão dentro da
Igreja, sua escola de teologia, sua universidade católica, sua equipe de
advogados para defender a liberdade religiosa. É uma nebulosa operação,
que funciona mediante uma rede de instituições privadas, e que chegou
para dominar o catolicismo norte-americano. São, por exemplo, aqueles
que doaram muito dinheiro para ajudar as dioceses estadunidenses que
tiveram que pagar enormes indenizações após a revelação dos casos de
abuso sexual. Por isso, podem impor uma direção ideológica a essas
dioceses. Por exemplo, Tim Busch está presente em todas as etapas dessa
montagem. Para proteger poderosos interesses econômicos na Amazônia,
esses grupos usam toda a sua força para desviar a atenção e evitar,
assim, a promoção de ideias em defesa da ecologia. Trabalham sempre para
distrair a atenção dos debates fundamentais. Por exemplo, nos sínodos,
buscam impor seus pontos de vista, ou seja, seus interesses.
Pergunta: E como um grupo tão poderoso pode deixar que Francisco fosse eleito Papa?
Senèze: Não perceberam que isso ocorreria, porque a
eleição de Francisco foi resultado de uma dinâmica que envolveu outras
necessidades: este Papa foi eleito devido à crise no seio da
instituição, graças à vontade dos bispos do mundo inteiro de recuperar a
após anos de problemas gerados por erros do passado, que levaram, por
exemplo, à omissão diante dos casos de abuso sexual. Bergoglio se impôs
porque era o mais disposto a reformar essa Igreja. Mas sua ideologia
choca com a visão que os católicos ultraconservadores dos Estados Unidos
têm sobre qual é o papel da Igreja. Além disso, outro ingrediente
próprio do catolicismo estadunidense é o desprezo dos católicos brancos
pelos latinos. O setor conhecido pela sigla WASC (“white anglo saxon
catholics”, ou “católicos brancos anglo-saxões”) odeia os latinos, os
considera pobres fracassados. Os WASC são muito influenciados pela
teologia da prosperidade difundida pelos evangélicos.
Pergunta: Donald Trump atua nesse jogo?
Senèze: Não creio que Trump tenha muitas convicções
próprias. Ele certamente os escuta, mas quem tem mais proximidade com
esse setor é o vice-presidente Mike Pence. As diferenças entre
Washington e o Vaticano são muitas: o tema da pena de morte, a postura
de Francisco contrária a um liberalismo fora de controle, entre outras. O
Papa, é hoje um dos principais opositores aos fundamentos do poder
econômico dos Estados Unidos.
*Publicado originalmente no Página/12 | Tradução de Victor Farinelli veja também em Carta Maior de 17/9/2019
Fonte Blog do Leonardo Boff