sábado, 2 de maio de 2020

E DAÍ?


Messias é o segundo nome de Bolsonaro. Ocorre que no exercício dos inúmeros mandatos de deputado federal e como presidente da república raramente usa publicamente o nome completo. No entanto, ao ser questionado sobre o número de mortes lembrou-se deste segundo nome e em tom irônico, respondeu: “Eu sou Messias, mas não faço milagre”.
 



Por Dr. Rosinha

E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.
 
A frase foi dita por Bolsonaro, em 28 de abril, ao ser perguntado sobre o fato de o Brasil, naquele dia, ter registrado 5.083 mortes – superando a China, que registrou até aquele momento 4.632 óbitos – e 73.235 casos confirmados de Covid-19.

Não sei se nesse mesmo dia o senhor Luiz Renato Junior Durski, bolsonarista, ex-madeireiro, dono do restaurante Madero, declarou alguma coisa.

No dia 23 de março, por iniciativa própria e compromisso ideológico com seu mito, entre outras coisas, Junior Durski, disse:

“nós não podemos, por conta de 5.000 pessoas ou 7.000 pessoas que vão morrer… eu sei que é muito grave, eu sei que é um problema, mas muito mais grave é o que já acontece no Brasil…”

Sim, senhor Durski, o que acontece no Brasil é muito grave, principalmente por ter um governo que não planejou e preparou o país para enfrentar uma guerra – como está sendo definido o enfrentamento à pandemia.

Para enfrentá-la, são necessárias políticas econômicas, sociais e de saúde.

Na guerra, a gente não se esconde atrás de palavras e demagogia. A gente planeja e luta.

No dia 26 de março passado, Roberto Justus, outro bolsonarista, declarou que o impacto econômico e a recessão que poderiam vir da pandemia seriam “ainda mais preocupantes que as mortes”.

Alexandre Guerra, outro bolsonarista, da rede Giraffas – que acabou levando um puxão de orelhas do pai pelo que disse –criticou as medidas de combate ao coronavírus.

Para ele, os trabalhadores deveriam estar com medo de perder o emprego, e não de pegar o vírus.

E eu digo-lhe: “coitados” se tivessem o azar, poderiam morrer.

Caso o governo fosse competente e tivesse planejamento adequado, o número de mortes seria menor e ninguém ficaria entre a cruz e a espada dos empresários.

Ou seja, escolher entre morrer de fome ou de Covid-19.

No artigo A linha explosiva da epidemia, publicado no Tijolaço, em 29 de abril, o jornalista Fernando Brito parte dos números oficiais do Ministério da Saúde.

Usando o mesmo método dos epidemiologistas, agrupa os dados de mortes e de casos registrados de infectados e de mortes pelo Covid-19 no Brasil, Brito conclui:

Do dia 16 de abril, quinta-feira, até quarta, 22 de abril, a média diária de casos novos foi de 2.491 por dia, Na semana seguinte, de 23 de abril até hoje, 29, esta média de novas confirmações de infecção pelo Covid-19 subiu para 4.629. Média, não considerando que o número hoje passa de 6.200.

Comparadas apenas as médias, o aumento de semana para semana é de 86%, o que leva – se não houver ampliação nos testes miseramente aplicados hoje – a um acréscimo médio de 8.602 casos diários de amanhã até o dia 6 de maio. O que dá, em números redondos, 60 mil novos casos até aquele dia. Repita-se, se a velocidade de expansão não aumentar, como vem acontecendo.

No total, portanto, somando aos casos existentes hoje, teremos 140 mil infectados e, com a taxa de mortalidade de 7% que temos agora, isso significa 10 mil mortos.

E daí é que nos seus cálculos ele desconsiderou um possível esgotamento dos recursos médicos e o próprio caráter exponencial da expansão da pandemia.

Se levar esses dois pontos em consideração o número de doentes e de mortos pode ser superior.

Portanto, não é nenhum exagero pensar que podemos chegar as 44 mil mortes, conforme as previsões, na melhor das hipóteses, do Imperial College of Medicine, de Londres.

E daí Messias?

A resposta seria a mesma.

Messias é o segundo nome de Bolsonaro.

Ocorre que no exercício dos inúmeros mandatos de deputado federal e como presidente da república raramente usa publicamente o nome completo.

No entanto, ao ser questionado sobre o número de mortes lembrou-se deste segundo nome e em tom irônico, respondeu: “Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

Ninguém quer milagres.

O que se quer é seriedade, solidariedade, vida digna.

O que se quer é respeito a dor de quem perdeu pessoas amadas.

E se você me perguntar “e daí?”, te respondo: “renuncie para o bem do Brasil e do povo brasileiro”.

Dr. Rosinha é médico pediatra, militante do PT. Pelo PT do Paraná, foi deputado estadual (1991-1998) e federal (1999-2017).  De 2015 a 2017, ocupou o cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.

Fonte Vi o Mundo 


A CAFAGESTAGEM BOLSOMÍNION


Quem é Jair Messias Bolsonaro? Bolsonaro é um cafajeste! Cafajestes são também seus filhos, decrépitos e ignorantes. Cafajeste é também a maioria que o rodeia.