Marcelo Auler, do Jornalistas pela Democracia, faz referência ao
manifesto pela democracia que une diferentes personalidades, inclusive
de esquerda e direita. O documento, diz ele, "apresenta o rosto de parte
dos dois terços da sociedade que rejeita o descaminho que o presidente
Jair Bolsonaro e seus asseclas estão mergulhando o Brasil"
Por Marcelo Auler, em seu blog e para o Jornalistas pela Democracia
A sociedade civil sai da apatia. Transforma em nomes os números das
pesquisas. Apresenta o rosto de parte dos dois terços da sociedade que
rejeita o descaminho que o presidente Jair Bolsonaro e seus asseclas
estão mergulhando o Brasil. Cobra respeito ao Estado Democrático de
Direito, à Constituição, e à independência dos Poderes. São “cidadãs,
cidadãos, empresas, organizações e instituições brasileiras” que fazem
“parte da maioria que defende a vida, a liberdade e a democracia”.
Com a adesão inicial de mais de 3.500 assinaturas – que na noite de
sexta superou 5 mil endossos – artistas, religiosos, empresário,
economistas, intelectuais, jornalistas, juristas, médicos, professores,
profissionais liberais, representantes de movimentos sociais, políticos
de partidos e estirpes ideológicas diversas deram o chute inicial em um
movimento que tende a ganhar força e adesões.
A expectativa é que a subscrições – uma forma de protesto durante o
isolamento social que impede manifestações ao vivo – mostre o apoio de
mais de dois terços da população para que “representantes e lideranças
políticas exerçam com afinco e dignidade seu papel diante da devastadora
crise sanitária, política e econômica que atravessa o país”.
Assinam o documento o ministro aposentado do Supremo Tribunal
Federal, João Paulo Sepúlveda Pertence, o ex-Procurador-Geral da
República, Claudio Fonteles, o ex-subprocurador-geral da República,
Álvaro Augusto Ribeiro Costa e o juiz aposentado do TRF-4, Manoel
Volkmer de Castilho.
Representando a igreja católica estão Dom Odilo Scherer, cardeal
arcebispo de São Paulo; Dom Zanoni Demettino Castro, arcebispo de Feira
de Santana (BA) e bispo referencial da Pastoral Afro-brasileira; Frei
Betto e alguns padres. Também aderiram a budista Monja Coen e Diogo de
Andrade, líder evangélico no Rio. Há dois rabinos: Michel Schlesinger e
Nilton Bonder.
A eles somam-se o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seus
ex-ministros José Carlos Dias, José Gregori, Luiz Carlos Bresser
Pereira, Miguel Reale Junior e Nelson Jobim. Há três petistas: o
candidato à presidência, Fernando Haddad; o ex-ministro de Direitos
Humanos de Lula, Paulo Vannuchi; e Márcia Tiburi, ex-candidata ao
governo do Rio.
Na adesão ao documento juntam-se o ex-governador de São Paulo, Paulo
Egydio Martins, e o ex-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme
Boulos. Também aderiram Maria Vitória Benevides, socióloga e educadora e
o jurista Fábio Konder Comparato.
O documento foi endossado ainda por sete reitores e um ex-reitor, a
saber: João Sales, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Dácio
Roberto Matheus, da Universidade Federal do ABC (UFABC); Marcelo Knobel,
da Universidade de Campinas (Unicamp), junto com o ex-reitor da
Unicamp, Carlos Vogt Professor; Rui Vicente Oppermann, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Sandro Roberto Valentini, da
Universidade do Estado de São Paulo (UNESP); Vahan Agopyan, da
Universidade de São Paulo (USP) e Wanda Hoffmann da Universidade Federal
de São Carlos (UFSCAR).
O documento clama para que “lideranças partidárias, prefeitos,
governadores, vereadores, deputados, senadores, procuradores e juízes
assumam a responsabilidade de unir a pátria e resgatar nossa identidade
como nação”.
O manifesto, elaborado em poucos dias, une assim um amplo espectro da
chamada sociedade civil. Tenta repetir o que, em 1983, resultou na
Campanha das Diretas Já. Transforma-se desta forma no passo inicial de o
#MovimentoJuntos# que deverá se desdobrar em outras iniciativas,
inclusive Lives musicais, com representantes dos mais diversos ritmos
brasileiros. São muitos os atores, cantores, compositores e músicos que
aderiram à causa.
Apoio popular será forma de pressão
Através do site do Movimento Estamos Juntos os organizadores esperam
multiplicar as adesões de forma a demonstrar aos políticos brasileiros e
autoridades do judiciário que mais de dois terços da população está
contra este governo e a favor “de uma frente ampla e diversa,
suprapartidária, que valoriza a política e trabalha para que a sociedade
responda de maneira mais madura, consciente e eficaz aos crimes e
desmandos de qualquer governo.”
Nas suas 313 palavras, espalhadas por oito parágrafos que somam 36
linhas o Manifesto #Juntos não cita o presidente Jair Bolsonaro,
tampouco seus filhos, em nenhum momento. Mas a leitura atenta do que ali
consta mostra que os signatários se posicionam totalmente contrários ao
que o governo dele vem fazendo.
Em especial quando defende que “como aconteceu no movimento Diretas
Já, é hora de deixar de lado velhas disputas em busca do bem comum.”
Conclamam então “esquerda, centro e direita unidos para defender a lei, a
ordem, a política, a ética, as famílias, o voto, a ciência, a verdade, o
respeito e a valorização da diversidade, a liberdade de imprensa, a
importância da arte, a preservação do meio ambiente e a responsabilidade
na economia”.
Trata-se de uma resposta aos desmandos que ocorrem e, ao mesmo tempo,
uma conclamação para que os demais poderes assumam seu papel importante
na defesa do Estado Democrático de Direito de forma a que se possa
“juntos sonhar e fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o
orgulho de ser brasileiro”.
A ideia dos organizadores é de trazer o apoio de ampla camada da
população para, como se disse acima, apresentar com nome e sobrenome as
cidadãs e cidadãos que, nas pesquisas de opinião, já se mostram
favoráveis a, democraticamente, se por um fim aos desmandos do governo
atual. Para tal, a campanha será impulsionada buscando uma maior adesão
dos brasileiros.
Partidos ainda reticentes
Embora o documento pretenda, inicialmente, abranger todos os
espectros políticos/partidários, o resultado até o momento não demonstra
isso. Ao que parece os políticos do PT – não seus eleitores e
apoiadores – ficaram de fora, pois nenhum aderiu ao manifesto além dos
já citados Haddad. Vannuchi e Márcia.
Já o PSDB, além do ex-presidente Fernando Henrique e seus
ex-ministros aparece com dois parlamentares: o deputado federal Pedro
Cunha Lima e o vereador de São Paulo, Daniel Annenberg. Representando a
REDE de Sustentabilidade está o senador Randolfe Rodrigues (AP).
O PCdoB aderiu através do governador Flávio Dino, do Maranhão, e dos
deputados Orlando Silva (SP), Jandira Feghali (RJ) e Perpetua Almeida
(AC). O PSOL além de Boulos aparece com nove deputados federais, entre
veteranos, como Luiz Erundina e Ivan Valente, de São Paulo, e novos,
como Marcelo Freixo, Glauber Braga, David Miranda (todos do Rio),
Fernanda Melchionna (RS) e Sâmia Bomfim (SP). Jean Willys assina como
ex-deputado, jornalista e escritor.
O PDT marca posição com três assinaturas: a do presidente, Carlos
Lupi, do seu líder na Câmara Wolney Queiroz (PE) e do líder da oposição
naquela Casa, André Figueiredo (CE) e a deputada Tabata Amaral (SP).
O PSB tem 25 signatários, capitaneados pelo presidente Carlos
Siqueira e por seu líder na Câmara, Alessandro Molon (RJ). Por ser o
partido mais representado no documento é também o que tem políticos dos
mais variados estados (ao todo 16). São eles: Aliel Machado, Alessandro
Vieira, Luciano Ducci (PR), Bira do Pindaré (MA), Camilo Capiberibe
(AP), Cássio Andrade (PA), Denis Bezerra (CE), Ricardo Silva, Rodrigo
Agostinho, Rosana Valle (SP), Elias Vaz (GO), Danilo Cabral, Felipe
Carreras, João Campos, Tadeu Alencar (PE), Gervásio Maia (PB), Ted
Conti (ES), Heitor Schuch (RS), Júlio Delgado, Vilson da FETAEMG (MG),
Lídice da Matta, Marcelo Nilo (BA), Mauro Nazif (RO), Rafael Motta (RN).
São quatro políticos do Cidadania, incluindo o presidente, Roberto
Freire, o senador Alessandro Vieira (SE), os deputados federais Marcelo
Calero (RJ) e Rubens Bueno (PR). O PV aparece com o ex-deputado Eduardo
Jorge, constando ainda um representante do PSD, Antônio Celso de Paula
Albuquerque.
Empresários – Há no abaixo-assinado três dezenas de
empresários, tais como Kati Almeida Braga, Israel Klabin, Paulo Ferraz e
Paulo Francini. Tem ainda o editor Luiz Schwascz e sua mulher, Lilia,
historiadora e antropóloga, uma das idealizadoras do Manifesto. Também
aderiu o editor Luiz Fernando Emediato.
Economistas – Já os economistas chegam a duas dezenas.
De todos os naipes e posições políticas, tais como: Andrea Calabi, Caio
Tendolini, Cláudia Alessandra Tessar, Edmar César Falleiros Diogo,
Eduarda La Rocque, Edzard Schultz, Eduardo Moreira, Elena Laudau,
Francisco Vidal Luna, Joana Jereissati, Laura Carvalho, Marcos Hecksher,
Paula Jancso Fabiani, Ricardo Henriques.
Uma ampla adesão de artistas
Na área do cinema há uma forte representação, até por ter sido a
autora e roteirista Carolina Kotscho uma das idealizadoras do movimento.
Assim, assinam o Manifesto, entre outros Ana Flavia Cavalcanti , Ale
McHaddo, Alexandre Stockler, Allan Fiterman, Amir Haddad, André Câmara,
Bel Kutner, Cao Hamburger, Carlos Baldim, Carolina Kotscho (também
organizadora do Manifesto), Clara Carvalho, Clara Kutner, Clarisse
Abujamra, Daniel Filho, Denise Sarraceni, Eduardo Escorel, Elias
Andreato, Fernando Meirelles, Flavio Tambelini, Guel Arraes, Helena
Solberg, Hélio Goldsztejn, Janaina Diniz Guerra e José Joffily.
Compositores, cantores e maestros – Entre compositores e
cantores aparecem Antônio Nobrega, Beatriz Azevedo, Caetano Veloso,
Fafá de Belém, Francisco Bosco, Ivan Lins, João Bosco Mônica Salmaso,
Zélia Duncan e Zizi Possi e vários outros. O surpreendente é a presença
no abaixo-assinado de Lobão. Também assinam Tony Bellotto, como músico e
os maestros Isaac Karabtchevsky, Jonh Neschling, Kleber Mazziero, Tiago
Costa e Wagner Tiso.
Atrizes – Do mundo artístico há uma forte
representatividade das mulheres entre as quais estão: Adriana Esteves,
Andrea Beltrão, Camila Morgado, Camila Pitanga, Cláudia Abreu, Débora
Duboc, Dira Paes, Eliane Giardini, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres,
Giulia Gam, Helena Ranaldi, Irene Ravache, Julia Lemmertz, Letícia
Sabatela, Lilia Cabral, Louise Cardoso, Malu Mader, Maria Padilha,
Marieta Severo, Miriam Rinaldi, Natália do Vale, Patrícia Pillar,
Priscila Steinman, Silmara Costa, Tais Araújo, Vera Zimmermann e Zezé
Mota. Sem falar em Paula Lavigne, que também endossou.
Escritores & jornalistas – O documento conta ainda
com 71 escritores e 115 jornalistas, sendo que muitos acumulam as duas
funções, como Antônio Prata, que foi com Lili e Carolina um dos
idealizadores do documento. Na relação de escritores/jornalistas está o
veterano Luís Fernando Verissimo. Ele e o internacional Paulo Coelho
talvez sejam os mais conhecidos. Aparecem ainda Ana Miranda, Ana Helena
Tavares, Alberto Villas, André Sant’Anna, Antônia Pelegrino, Beatriz
Bracher, Edney Silvestre, Eric Nepomuceno, Geraldo Carneiro, Gregório
Duvivier (que também aparece como ator), Humberto Werneck, Leandro
Karna, Mário Prata e Marta Góes, entre outros.
Entre os jornalistas, muitos já endossaram documentos como este na
chamada época dos anos de chumbo, ou seja, nos anos 70, período da
ditadura militar, quando a categoria lutava por liberdade de imprensa e
até mesmo pela anistia. Entre as dezenas deles há veteranos e novatos,
entre os quais: Antônio Henrique Lago, Antônio Luiz Cunha Geremias,
Arnaldo Cesar Ricci Jacob, o cartunista Aroeira, Beatriz Santacruz,
Elane Maciel, Eleonora de Lucena, Eliane Brun, Eugenia Moreyra , Eugênio
Bucci, Fábio Pannunzio, Fichel Davit Chargel, Flávia Oliveira,
Françoise Vernot, Fred Ghedini, Hélio Doyle, Ignacio de Loyola de
Brandão, Jorge da Cunha Lima (também poeta), Juca Kfouri, Laura
Greenhalgh, Laurindo Leal Filho, Leão Serva, Leda Beck, Lia Ribeiro
Dias, Lucas Figueiredo, Luís Weis, Marceu Vieira, Maria Luiza Franco
Busse, Mariana Kotscho, Miguel Paiva (também cartunista), Norma Curi,
Paulo Jeronimo de Sousa (presidente da ABI), Paulo Markun, Regina
Pimenta, Reinaldo Azevedo, Rejane Bueno Guerra, Ricardo Kotscho, Rodolfo
Lucena, Rodrigo Lara Mesquita, Rosa Freire d’Aguiar (também tradutora),
Rose Nogueira e Vera Perfeito.
O manifesto que chegou a público na noite desta sexta-feira, agora
estará aberto a nova adesões. Foram como os seus idealizadores entendem
que será possível mostrar ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário
que alguma coisa tem que ser feita para que o país volte a ter rumo,
frente à pandemia, salve vidas e, ao final, como termina o texto do
manifesto, “fazer um Brasil que nos traga de volta a alegria e o orgulho
de ser brasileiro”.
Em um primeiro momento, antes de abrir a adesão ao público, os
organizadores chegaram a mais de 1.500 assinaturas. Quando foi aberta
uma plataforma para a adesão popular, rapidamente as adesões chegaram a
3.000 assinaturas.
Querendo endossar o Manifesto, clique aqui.
Fonte Brasil 247
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