Chegamos a mais de 162 mil pessoas vitimadas pelo Covid e o líder dos conservadores e direitistas pousa de “líder de hospício” fazendo chacota com as famílias e assumindo um permanente discurso irracional e tresloucado.
Por José Trindade
Este domingo poderá em graus diferenciados pelo país marcar um ponto de viragem histórica no atual cenário brasileiro.
As
eleições municipais, especialmente das capitais, desde muito longe, já
durante a ditadura civil-militar de 1964, definiu por assim dizer um
ponto de inflexão na ordem política, econômica e social vigente, por
exemplo quando das eleições gerais de 1974, foram nas principais
capitais brasileiras que se impôs uma primeira e fatal derrota ao “poder
de botas”.
Tratar do significado das eleições municipais
implica falar em um conjunto de aspectos que não somente ou meramente
eleitorais repercutirão profundamente pelos próximos anos e na
trajetória que o país percorrerá, eis o intuito deste breve texto.
Um
primeiro ponto a tratarmos refere-se ao modelo econômico. Nos últimos
cinco anos tivemos a radicalização do modelo neoliberal, cujas
características principais já tínhamos vivido nas décadas de 1990 e 2000
e somente muito parcialmente rompidos nos anos dos governos populares e
reformistas. Esse modelo se apeia em componentes que já perduram algum
tempo na história:
uma crescente redução dos gastos sociais do
Estado e um esforço fiscal crescente destinado somente ao lado
financeiro do orçamento público, algo que se agravou muito desde a
Emenda Constitucional 95/16 que praticamente objetivou destruir o pouco
de políticas públicas destinadas aos mais pobres;
uma senha
devastadora das empresas públicas, sempre sob o discurso da eficácia ou
eficiência privada, mas cujo centro é destinar os recursos públicos para
“privataria” e ganhos extorsivos de uns poucos, que os digam os
Macapaenses e como têm experimentado o doloroso fruto da privatização do
fornecimento de energia elétrica, vale notar que a empresa que passou a
fazer o fornecimento de energia elétrica em Macapá é uma empresa
espanhola a Isolux;
desmonte das políticas sociais,
flexibilização dos mercados de trabalho e destruição da seguridade
social, componentes necessários ao estabelecimento da ideologia
liberal-conservadora (“cada um por si, Deus por todos”). No Brasil já
temos 47 milhões de pessoas que estão desempregas e subempregadas,
constituindo parte da enorme massa de pessoas não servíveis ao
capitalismo neoliberal.
A disputa social colocada nesta eleição
pode nos levar a ruptura com este modelo econômico. O escrutínio que
estará em votação refere-se a necessidade social e cívica de reconstruir
as condições básicas de um modelo de organização econômica contrária ao
neoliberalismo e que coloque no centro de uma nova ordem a ser
construída a solidariedade e as condições dignas de vida para o povo
brasileiro, contrariando os interesses daqueles que nutrem com a divida
pública, com a pobreza da população e com a extorsão dos bens públicos,
sejam ao nível macro, como estão fazendo com a Petrobrás, Eletrobrás e
Vale do Rio Doce, seja ao nível local, como fazem com o sistema público
de transportes ou de fornecimento de água potável e energia elétrica.
Um
segundo aspecto fundamental refere-se a um acerto de contas com os
setores conservadores e de direita, os mesmos que empurraram o país para
uma crise tão profunda em que ficou difícil discernir sobre o que real e
o que é fantasia na cabeça dos seus principais dirigentes, assim
chegamos a 162 mil pessoas vitimadas pelo Covid e o líder dos
conservadores e direitistas pousa de “líder de hospício” fazendo chacota
com as famílias e assumindo um permanente discurso irracional e
tresloucado.
Não há como esconder, em cada capital e cidade
média brasileira, que gente como Crivella, Zenaldo, Bruno Covas, ACM
Neto e por aí vai, são responsáveis e parte da mesma cultura política
que gerou e é Bolsonaro. Desfazer a enorme destruição social e política
representada pela figura nefasta daquele “líder de hospício” implica
superar seus alcaides e candidatos a continuidade desse martírio imposto
ao povo brasileiro.
Um terceiro elemento a nos guiar até domingo
refere-se a construção de um projeto de longo prazo para todo país. O
Brasil é hoje uma sociedade urbana com quase 85% de sua população
vivendo em grandes ou médios aglomerados urbanos, necessariamente um
projeto de Nação Soberana nasce pela construção de um projeto de Cidade
que se vincule a percepção de democracia enquanto soberania popular,
relacionada a condição imperiosa de melhoria da vida da nossa gente, bem
como espaço da ampla convivência entre os diferentes e de acesso
universal aos bens públicos e de combate permanente as desigualdades
sociais e formas de degradação da natureza.
Quarto, mas central,
as eleições deste domingo nos estimulam a construção de uma Revolução
Solidária enquanto princípio de reorganização das condições de vida nos
diversos pontos centrais: saneamento básico universalizado, política de
transporte público, saúde pública enquanto condição universal, educação
como direito inerente e garantia mínima de renda, assim como acesso ao
trabalho digno.
Por fim, garantir a eleição de candidatos da
esquerda democrática e socialista para Prefeituras e Câmaras de
Vereadores, converge com a necessária organização crescente da sociedade
brasileira para que em um determinado prazo na história se construa uma
nova forma social que supere definitivamente o capitalismo, sua ânsia
opressora, de ganhos para alguns e de pobreza e desprezo para as amplas
massas da sociedade.
Fonte Carta Maior
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