Na morte, nos igualamos.
Na vida, porém, somos abjetamente desiguais no Brasil.
Que pelo menos as lamentações, tão fartas para Thomaz entre políticos ávidos por platitudes, se estendam também para Eduardo.
Os sinos dobram por ambos.
Desculpa esse mundo, Eduardo. Desculpa esse mundo.
Do escritor Pablo Villaça, no Facebook:
Eduardo tinha dez anos de idade.
Eduardo tinha pais, irmãos e amigos.
Eduardo gostava de correr, de brincar, de ver televisão, de rir de desenho animado e de comer bobagem antes do almoço.
Eduardo queria ser bombeiro quando crescesse.
Mas Eduardo não vai crescer. Ele começou o dia criança e terminou
cadáver. Tinha sonhos e agora é carne machucada e sem vida. Seus verbos
agora são no passado.
Sonhou. Riu. Brincou. Viveu.
Eduardo foi executado por um policial militar no Morro do Alemão. Sua
morte não foi o principal destaque dos portais e jornais. Quando foi
noticiada, ele se transformou apenas em um “menino do Morro do Alemão”,
em uma estatística da violência.
Eduardo nasceu sem chances e sem chances morreu.
Talvez Eduardo tivesse medo do escuro. De monstros. De trovão.
Talvez. Por outro lado, provavelmente tinha da polícia. E estava certo
em ter. Se eu fosse pobre e morasse na favela, também teria – porque
saberia que, para boa parte da sociedade e dos agentes da lei, eu não
seria apenas uma criança; seria um criminoso à espera de meu primeiro
crime.
Eduardo teve sua cabeça de criança destruída pela bala de um policial
militar. E nos portais que noticiaram sua morte sem destaque,
comentaristas agiram com escárnio e disseram que, se pudessem, ajudariam
a polícia militar a matar 50 por dia. E gritam pela redução da
maioridade penal em um país que já condena à morte crianças de dez anos.
Você está morto, Eduardo, e eu preciso ir ali abraçar meus filhos bem
apertado enquanto penso na dor da sua mãe cujos braços vão para sempre
sentir a falta do calor de seu corpinho de criança.
Desculpa esse mundo, Eduardo. Desculpa esse mundo.
Fonte Diário do Centro do Mundo
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Estão batendo em Luciana Genro porque ela disse, mais uma vez, uma verdade.
Dizer a verdade custa caro
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