Foi no primeiro mandato do tucano Tasso Jereissati como governador do Ceará, no final da década de 1980, que o hoje delator da Lava Jato fez seu debute na gestão pública como secretário de governo. Entre 1991 e 1995, foi deputado federal pelo PSDB. Na legislatura seguinte (1995 – 2002), assumiu uma cadeira no Senado, onde foi líder do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Reportagem de Talita Abrantes publicada na revista Exame
Até pouco tempo, o cearense Sérgio Machado ostentava em seu currículo
o “feito” de ser o mais longevo presidente da história da Transpetro, o
braço logístico da Petrobras.
A trajetória de 11 anos e 4 meses no comando da estatal foi
interrompida em novembro de 2014, quando ele pediu licença do cargo após
ter seu nome envolvido no escândalo de corrupção da petroleira,
investigado pela Operação Lava Jato. Três meses depois, ele pediu
renúncia.
Hoje, entra para a história como o homem cujas gravações (e revelações) apavoram Congresso e Palácio do Planalto.
Nesta terça, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori
Zavascki homologou a delação premiada de Machado. A expectativa é de que
os depoimentos apontem detalhes ainda mais graves sobre os bastidores
da corrupção no setor público e privado.
Por ora, diálogos gravados por ele mesmo já derrubaram um dos
principais ministros do governo interino de Michel Temer (PMDB), o
senador Romero Jucá (PMDB), e colocaram o também peemedebista e
presidente do Senado, Renan Calheiros, em maus lençóis – no mínimo.
De acordo com coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, e
segundo sugerem as gravações, Machado também teria registrado áudios de
conversas privadas com o ex-presidente da República José Sarney,
presidente emérito do PMDB e pai de um dos ministros de Temer.
Dado o conteúdo dos diálogos revelados até agora e dos contatos do
ex-presidente da Transpetro em Brasília (DF), é de se esperar que mais
gente para além de Jucá, Calheiros e Sarney esteja com a pulga atrás da
orelha diante do que pode estar por vir.
Trânsito fácil em Brasília
“Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan”,
afirmou Machado durante encontro com Renan Calheiros, cujo conteúdo foi
divulgado nesta quarta-feira pelo jornal Folha de S. Paulo.
Peemedebista desde 2002, a carreira política de Machado começou muito
antes da indicação de seu partido para ocupar a presidência da
Transpetro em 2003.
Foi no primeiro mandato do tucano Tasso Jereissati como governador do
Ceará, no final da década de 1980, que o hoje delator da Lava Jato fez
seu debute na gestão pública como secretário de governo. Entre 1991 e
1995, foi deputado federal pelo PSDB. Na legislatura seguinte (1995 –
2002), assumiu uma cadeira no Senado, onde foi líder do governo de
Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Já filiado ao PMDB, foi derrotado na disputa pelo governo do Ceará em
2002. O apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à
presidência e o auxílio de Renan Calheiros, apontado como seu padrinho
político, o conduziram à presidência da subsidiária da Petrobras no ano
seguinte.
Machado deixou a empresa no final de 2014, depois que a
PriceWaterhouseCoopers (PwC), auditora dos resultados financeiros da
Petrobras, ter se recusado a aprovar o balanço do terceiro trimestre da
petroleira. Um dos motivos seria sua permanência na presidência da
Transpetro, já que ele fora citado nas denúncias da operação Lava Jato.
Os investigadores trabalham com a hipótese de que Machado é um elo
importante para entender a real atuação do PMDB no esquema de corrupção
da Petrobras.
A Lava Jato chegou ao nome do ex-chefe da Transpetro depois que o
ex-diretor da petroleira Paulo Roberto Costa relatou ter recebido 500
mil reais das mãos do hoje delator. Ainda segundo Costa, o presidente do
Senado só teria mantido Machado no cargo porque a subsidiária da
Petrobras teria contratos com valores “canalizados” para o esquema.
Paranoico
A gestão de Machado na Transpetro ficou marcada, entre outras coisas,
por sua “paranoia” com grampos. De acordo com relato da coluna Expresso
da revista Época, o ex-presidente tinha o hábito de gravar as conversas
que considerava como “delicadas”. Já segundo o jornal El País, ele não
começava nenhum diálogo sem antes se certificar que não estava sendo
gravado.
— CONFIRA OS ÁUDIOS DE ROMERO JUCÁ AQUI
— CONFIRA OS ÁUDIOS DE RENAN CALHEIROS AQUI
— CONFIRA OS ÁUDIOS DE JOSÉ SARNEY AQUI
— ÁUDIOS EXTRAS DE RENAN CALHEIROS E JOSÉ SARNEY AQUI
— CONFIRA OS ÁUDIOS DE RENAN CALHEIROS AQUI
— CONFIRA OS ÁUDIOS DE JOSÉ SARNEY AQUI
— ÁUDIOS EXTRAS DE RENAN CALHEIROS E JOSÉ SARNEY AQUI
Depois dos últimos acontecimentos – que envolvem desde os registros
de Machado e a gravação que levou o hoje senador cassado Delcídio do
Amaral à prisão preventiva -, é de se esperar que Brasília comece a
tomar providências semelhantes.
Fonte Pragmatismo Político
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Do uol:
O MBL (Movimento Brasil Livre), entidade civil criada em 2014 para
combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma
Rousseff (PT), recebeu apoio financeiro, como impressão de panfletos e
uso de carros de som, de partidos políticos como o PMDB e o
Solidariedade.
O movimento negociou também com a Juventude do PSDB ajuda financeira a
suas caravanas, como pagamento de lanches e aluguel de ônibus, e teria
tido apoio da “máquina partidária” do DEM.
Quando fundado, o movimento se definia como apartidário e sem
ligações financeiras com siglas políticas. Em suas páginas em redes
sociais, fazia campanhas permanentes para receber ajuda financeira das
pessoas, sem ligação com partidos.
Os coordenadores do movimento, porém, negociaram e pediram ajuda a
partidos pelo menos a partir deste ano. Atualmente, o MBL continua com
as campanhas de arrecadação nos seus canais de comunicação, mas se
define como “suprapartidário”.
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