Desde a posse do governo provisório era possível ouvir, num crescendo, o grito Fora Temer, modulado em vários ritmos e melodias, inclusive de caráter erudito. Fora Temer, agora, é pouco. Não expressa a gravidade da situação. Não há governo mas uma fraude e uma farsa.
Por Paulo Moreira Leite
Vamos combinar que a ruína precoce
do governo Michel Temer era visível desde o primeiro dia. Num país que
abriga 200 milhões de pessoas, hospeda a sétima economia do planeta e
que na última década e meia atravessou um período de progresso social
reconhecido, nenhum governo poderia sobreviver sem oferecer respostas a
demandas urgentes de bem-estar social e sem apreço pelos valores valores
democráticos consolidados pela Constituição de 1988.
Obra do talento e perseverança do
repórter Rubens Valente, a revelação do espetacular conjunto de diálogos
gravados entre o agora ex-ministro Romero Jucá e o empresário-senador
tucano Sergio Machado está destinada a apressar o colapso de um pacto
nascido de uma aliança entre o oportunismo absoluto e a
irresponsabilidade total.
Num país habituado a escândalos
abrigados no interior de tantos governos, temos a comprovação de que,
desta vez, o governo em si é o próprio escândalo. Não há "problemas" no
governo Temer. Ele é o problema, mostram os diálogos. Vem de dentro,
como um mal interno.
Todos os passos que levaram a
derrubada de uma presidente eleita com mais de 54,5 milhões de votos são
explicados e muitas vezes explicitados numa conversa reveladora e
chocante. O escândalo é este. É certo que Temer & Cia pretendem
promover a regressão econômica, social e política do país, que tentam
ecolonizar em prazo recorde e linguagem pedante, cuidados ideais para
medidas às costas do povo.
Os grampos confirmam uma motivação
final. Promoveu-se uma operação dramática, de imensas consequências
históricas e traumas profundos na economia, na política, no destino do
maior país da América do Sul, pelo puro interesse de salvar a pele de
senadores, ministros e empresários acusados de corrupção.
Tentou-se a destruição de toda
liderança autêntica que pudesse aparecer no meio do caminho, inclusive
Lula, o mais popular político brasileiro, com esta finalidade.
Manipulou-se a vontade política de um país inteiro.
Você escolhe a trapaça. A aliança
entre Michel Temer e Eduardo Cunha surge como uma força real imbatível
nos movimentos da turma – exatamente como se vê hoje em dia, em
nomeações que envergonham e constrangem. A docilidade de Renan Calheiros
aos golpistas, quando seria razoável aguardar uma postura menos
submissa, se explica e se compreende pelos argumentos de Sérgio Machado,
aliado e amigo.
Desde a posse do governo provisório
era possível ouvir, num crescendo, o grito Fora Temer, modulado em
vários ritmos e melodias, inclusive de caráter erudito. Fora Temer,
agora, é pouco. Não expressa a gravidade da situação. Não há governo mas
uma fraude e uma farsa.
Empossado sem a legitimidade que só o
voto direto e secreto confere a qualquer autoridade política num país
onde a Diretas-Já permanece como a mais profunda mobilização política
desde a Abolição da escravatura, até agora a presença governo Michel
Temer a frente da República podia ser justificado como um acidente de
percurso. As gravações mostram que se trata de uma conspiração e um
escárnio. O acidente foi provocado e o percurso era uma montagem.
São fatos que humilham analistas
políticos que saudaram um suposto progresso ético prometido pelo
impeachment de uma presidente honesta. Envergonham quem disse que a
economia precisava da credibilidade de voltar a crescer. Confiança?
Credibilidade. Por favor...
O sonho fajutíssimo da democracia sem povo acabou ontem.
Não duvide. Nos próximos dias, quem sabe semanas, a população, já descontente, já mobilizada, começa a reagir com mais força.
Fonte Brasil 247
O
GOLPE FOI ARTICULADO POR UMA GANGUE DE CRIMINOSOS COORDENADA POR VÁRIOS
BANDIDOS PARA ASSALTAR O PODER ASSASSINANDO A DEMOCRACIA E LIVRAREM OS
SEUS COMPARSAS DA CADEIA.
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