Naquele período de eleição havia as bancas do jogo de bicho do Arcanjo
espalhadas nas praças públicas, recolhendo grana oriunda da
contravenção. E do lado havia as bancas dos candidatos fazendo o famoso
cadastro de títulos para a compra de voto. Tudo nas barbas da Justiça.
Por Antonio Cavalcante Filho
Sempre me manifestei nos momentos em que ocorrem as lutas eleitorais,
desde o século passado. Fiz críticas a todos os partidos
indistintamente quando achei que devia falar, e quando eu questionava o
partido “A” diziam que era partidário da sigla “B”. Quando falava da
coligação “C” diziam que eu estava a serviço do partido “A”, que era
perseguição política e assim por diante.
Me parece que naquela época já vigorava a tese do fascismo jurídico,
parlamentar e midiático: “não temos como provar que Antonio Cavalcante
Filho pertença a algum partido, mas temos convicção”. Essa é a mesma
tese ignóbil que os golpistas empregaram para derrubar o mandato popular
de Dilma e prenderem um ex-presidente sem nenhuma prova dos tais
crimes.
Ainda hoje há quem leia o que escrevo e entenda exatamente o
contrário do que eu disse. Paciência, interpretação de texto a pessoa
faz como quer, de acordo com seus “preconceitos” e suas “convicções”. Às
vezes o crítico lê e entende o que quis ler, e não o que está escrito.
E tem os malandros também (que dizem que eu disse o que eu não
disse), mas isso é outro caso, é “sem-vergonhice” crônica misturada com
“coxinhice” aguda.
Vejo a movimentação da campanha municipal em Cuiabá em 2016 e me
lembro que tínhamos um comitê nas eleições de 2000 que tentava
conscientizar eleitores e candidatos de que compra de voto era crime.
Naquele período de eleição havia as bancas do jogo de bicho do Arcanjo
espalhadas nas praças públicas, recolhendo grana oriunda da
contravenção. E do lado havia as bancas dos candidatos fazendo o famoso
cadastro de títulos para a compra de voto. Tudo nas barbas da Justiça.
Há muito custo conseguimos convencer a Polícia Federal e o juiz
eleitoral de que havia compra de voto. Gravamos contatos telefônicos com
comitês, onde recebíamos oferta financeira por nossos votos e de
familiares, havia um leilão do tipo “eu pago mais”. Por ordem judicial,
10 comitês de candidatos a vereador foram monitorados, e dois deles
foram “visitados” pela polícia, e provas recolhidas atestando a
ocorrência de compra de votos.
Um dos alvos da Polícia Federal naquela época é candidato a
vice-prefeito de Cuiabá nas eleições de 2016 por um dos principais
partido golpista.
E me lembro que na operação ocorrido lá em 2000 foi apreendido
dinheiro vivo que seria usado para a compra de votos, lista de eleitores
cadastrados e os respectivos valores a serem pagos, mas o que mais
impressionou é que documentos do Detran foram localizados entre as
“ofertas” pela compra de voto. Se entregavam CNHs em troca de votos, e
isso ocorreu há bem pouco tempo, tanto que os criminosos continuam
“atuando” na eleição e continuam na vida pública.
Os politicóides são resistentes como baratas!
Em 2000 as nossas denúncias foram feitas por meio do MCCC (Movimento
Cívico de Combate à Corrupção) que evoluiu em 2002 para MCCE (Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral), se estendendo para todo o Brasil.
Este Movimento teve origem na Lei 9840/99 da Compra de Voto e dez anos
depois fez a Lei Complementar n° 135/2010, chamada Lei da Ficha
Limpa através de iniciativas populares.
Naquele ano, cerca de 10 vereadores que denunciamos foram cassados,
mas a Justiça Eleitoral anulou as condenações, mesmo que a Assembleia
Legislativa tenha instaurado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar os crimes e a compra de voto. À “boca miúda” falavam em
venda de sentença para beneficiar os corruptos.
Lembro-me até de um procurador da República, que ao ser procurado
pelo MCCC para que recorresse ao TSE contra a impunidade daqueles
delinquentes eleitorais, ele se negou, dizendo que tinha lei que
“pegava” e tinha lei, como a 9.840, que, segundo ele, foi feita para não
pegar. Aquele procurador da República em Mato Grosso, ao contrário
desse, da República do Paraná, que não tem provas contra o Lula, mas tem
“convicção”. O nosso, tinha as provas dos inúmeros crimes eleitorais,
mais não tinha a “convicção”.
Passados 10 anos, um presidente do Tribunal Regional Eleitoral de
Mato Grosso foi condenado e preso, sob a acusação de venda de sentença.
Nessa linha de raciocínio não se pode jogar toda a culpa no empobrecido
eleitor, que “não sabe escolher”, votando em corruptos que se elegeram
corrompendo julgamentos.
Não adianta existir “pauta limpa”, “pardal” e outras iniciativas, se a
Justiça Eleitoral não se corrigir. Lembremos que a Empaer foi usada
pelo Silval descaradamente e, da infração, o mesmo foi absolvido. Será
que teríamos esses rombos nos cofres do Estado se o TRE tivesse feito a
sua parte e punido um crime eleitoral tão grave?
E o caso Campo Verde? Levamos à Justiça Eleitoral as provas contra
José Riva, Eder Morais e outros, mas nada foi feito. Se tivesse punido
Riva em tempo, o rombo do VLT teria existido? As negociações desastrosas
da dívida de Mato Grosso, em dólar, teriam ocorrido?
E o crime da “ata falsa”? Por que o TRE não pune adequadamente,
precisa que as cortes superiores determinem que o nosso regional faça o
julgamento para que tão grave crime eleitoral seja punido? Por que o
sujeito é acusado de fraudar uma ata de candidatura ao Senado, obtém
mandato ilegítimo (senador biônico) e continua dando as cartas? É para
fazer a “Lei do Farol Aceso”, ou pior, engrossar as fileiras dos
golpistas?
E aquele churrasquinho oferecido pelo “seo” Aldo no posto de
gasolina, lá na rodovia durante a eleição passada, com muita cerveja e
“pedição” de voto, não é infração eleitoral? Até quando o TRE vai
protelar o julgamento sobre a legalidade daquele convescote?
Ao eleitor, cabe não votar em candidatos corruptos. E à Justiça
Eleitoral cabe punir os que cometem crimes eleitorais, antes que eles
façam estragos na gestão pública e no próprio Estado Democrático de
Direito, confiscando um mandato legitimo e ferindo de morte a soberania
do voto. Infelizmente é isso que está acontecendo hoje.
Antonio Cavalcante Filho, cidadão, escreve às sextas feiras neste Blog. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News
OS CANDIDATOS GOLPISTAS JÁ ESTÃO BATENDO EM NOSSAS PORTAS PEDINDO OS
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CANDIDATOS OU EM PARTIDOS QUE APOIARAM O GOLPE CONTRA A DEMOCRACIA
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