“É lamentável que uma denúncia sem provas seja feita contra o presidente Lula e sua família. É evidente que esta denúncia atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir sua candidatura em 2018". ( Dilma Rousseff )
Procuradores da Lava Jato cometeram série de gafes ao tentar explicar denúncia contra Lula nesta quarta-feira. Além de uma amadora apresentação em Power Point, houve a confissão literal de que não há provas contra o ex-presidente.
Os Procuradores da Operação Lava Jato
denunciaram nesta quarta-feira (14) o ex-presidente Lula, sua esposa,
Marisa Letícia, e outras seis pessoas. O centro da denúncia seria a
lavagem de dinheiro no caso da reforma do tríplex no Guarujá (SP).
A confusão que se deu em torno de um ‘Power Point’ apresentado pelos procuradores para explicar a denúncia gerou uma série de memes na internet.
“Lula é comandante máximo de esquema criminoso”,
disse o procurador Delton Dallagnol, chefe da Lava Jato. A frase já
estava estampada nos portais da imprensa comercial enquanto corria a
coletiva, indicando que os veículos dispunham previamente do material
exibido.
Na coletiva à imprensa, que aconteceu após a
apresentação do ‘power point’, os procuradores foram questionados por
alguns jornalistas sobre a fragilidade da denúncia contra Lula, que não
apresentava nenhuma prova.
Foi quando o procurador Roberson Henrique Pozzobom afirmou, literalmente: “Não temos como provar, mas temos convicção”.
Curiosamente, Roberson é o mesmo que esteve no centro de uma grave polêmica em abril deste ano, quando foi acusado de induzir um homem a incriminar o ex-presidente Lula.
Nas redes sociais, a hashtag #MasTenhoConviccao figurou entre as mais comentadas do dia.
‘Show midiático’
De acordo com a defesa de Lula, as acusações
representam um show midiático e são “de cunho claramente político para o
fim estabelecido desde o início da operação, que é impor uma condenação
indevida e injusta ao ex-presidente”.
Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, disse em
entrevista coletiva que a denúncia foi apresentada em um inquérito que
tramitava de forma oculta. O MPF requereu e o juiz de Curitiba (Sérgio
Moro) deferiu a tramitação oculta.
“Lamento profundamente que hoje a Lava Jato tenha
se utilizado dos recursos dos cidadãos para fazer uma narrativa falsa,
de fim político e estranha à própria denúncia apenas para atingir a
reputação de Lula e seus familiares.
Delegado fã de Aécio Neves
“O que serviu de base para o MP fazer denúncia é um
relatório de um policial [delegado] que tem um histórico contrário a
Lula. Enquanto eu apresento provas, lá se apresentam hipóteses feitas
por uma pessoa que não tinha condições de isenção e por isso fez de
forma secreta”, disse.
“O delegado que indiciou Lula o fez sem dar a
oportunidade de esclarecer. Indiciou porque já tinha a intenção de
fazê-lo a qualquer custo”, acrescentou.
Cristiano se refere ao delegado Márcio Anselmo, que foi cabo eleitoral de Aécio Neves e costumava chamar Lula de “anta” nas redes sociais.
Em novembro de 2014, o jornal O Estado de S.Paulo publicou uma matéria que revelou que todos os delegados da Lava Jato eram simpáticos ao PSDB e a Aécio Neves.
MPF ou partido político?
Em entrevista no no salão verde da Câmara, o
deputado Paulo Pimenta afirmou que setores do MPF perderam completamente
a isenção e que se transformaram em um partido político com a
finalidade de acabar com a vida de Lula.
Pimenta também disse que os procuradores não apresentaram nenhuma prova, mas, sim, uma tese que parte de um pressuposto.
“Dr. Dallagnol fez apresentação de uma tese que
parte de um pressuposto ilegal, ele busca um culpado e, a partir dessa
culpa do presidente Lula, desenvolve uma tese para justificar o seu
ponto de vista”, disse.
O deputado lembra que os procuradores culparam o
atual sistema de governabilidade para a aprovação de projetos com base
em propina, porém, esqueceram-se de que esse sistema existe há muito
tempo.
“A mesma base política que deu maioria pro
presidente Lula foi a mesma base que deu governabilidade para FHC por
oito anos”, lembrou.
Pimenta ainda ratificou que empresas envolvidas e
denunciadas nesse esquema já participavam de processos ilícitos em
governos anteriores e criticou o que os procuradores chamaram de
“república da propina”.
“Se era a propina que determinava qualquer votação
da base aliada, isto lhe permite, então, imaginar que a indicação para
os ministros do Supremo Tribunal Federal, para os ministros do Tribunal
de Contas da União, para os ministros do Superior Tribunal de Justiça,
foram realizados, também, nessa mesma lógica”, afirmou.
“Se estas empresas para adquirirem contratos
pagavam propina pro governo federal, e, por conta disso, remuneravam
agentes públicos, de maneira legal ou ilegal, por que razão eu teria que
acreditar que estas mesmas empresas não mantêm essas mesmas práticas
nos contratos que detém há décadas nos governos estaduais, capitaneados –
especialmente -, pelo PSDB, pelo PMDB, pelo DEM e assim por diante?”,
questionou.
Dilma
A presidente impedida Dilma Rousseff comentou a
denúncia contra Lula. “É lamentável que uma denúncia sem provas seja
feita contra o presidente Lula e sua família. É evidente que esta
denúncia atende ao objetivo daqueles que pretendem impedir sua
candidatura em 2018. Mais uma vez, a democracia é ferida. Mais uma vez,
grave injustiça é cometida sem fundamentos reais. Agora, o alvo é o
ex-presidente Lula. Certamente, ele saberá se defender e as pessoas de
bem saberão reagir”, afirmou.
Fonte Pragmatismo Político
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