segunda-feira, 1 de maio de 2017

POR DEMOCRACIA E DIREITOS, GREVE GERAL!


Em Chicago, numa manifestação de milhares de grevistas, extremistas de direita explodiram uma bomba, causando a morte de policiais e trabalhadores, iniciando aí uma repressão que levou a prisão de oito líderes, e após uma farsa judicial, ao enforcamento de quatro deles, em 11 de novembro de 1887. Tudo isso porque os trabalhadores reivindicavam a jornada de oito horas. São também a eles os “mártires de Chicago”, que homenageamos nessa data. 




Por Antonio Cavalcante Filho 



“Senhores, patrões, chefes supremos,/Nada esperamos de nenhum!/Sejamos nós que conquistemos/A terra mãe livre e comum!/Para não ter protestos vãos,/Para sair desse antro estreito,/Façamos nós por nossas mãos/Tudo o que a nós diz respeito!”, diz um dos versos da Internacional Socialista.

Nesta segunda-feira, 1º de Maio, estaremos comemorando a data universal da classe trabalhadora. Mesmo em pleno século XXI, nunca é demais relembrar as batalhas dos nossos heróis trabalhadores na luta contra a opressão e exploração capitalistas no longínquo ano de 1885, quando foram reprimidos violentamente, causando numerosos motes e feridos.

Em 1º de maio daquele ano, em Chicago, numa manifestação de milhares de grevistas, extremistas de direita explodiram uma bomba, causando a morte de policiais e trabalhadores, iniciando aí uma repressão que levou a prisão de oito líderes, e após uma farsa judicial, ao enforcamento de quatro deles, em 11 de novembro de 1887. Tudo isso porque os trabalhadores reivindicavam a jornada de oito horas. São também a eles os “mártires de Chicago”, que homenageamos nessa data.

Já passados 132 anos, ainda estamos aqui tendo que lutar para garantir direitos conquistados há tanto tempo. O grande “presente de grego” dado pelo atual governador de Mato Grosso aos trabalhadores do nosso Estado é ter apoiado a conspiração midiático-parlamentar-judicial que tramou o golpe, usurpando o poder para entregá-lo aos rentistas nacionais e estrangeiros, contra os interesses do Brasil e da classe trabalhadora.

Há poucos dias, o Pedro Taques esteve em Tangará da Serra para inaugurar mais umas placas, digo algumas obras para aquela progressista cidade que sofre há décadas com a falta de postura de líderes políticos locais e em destaque uma nova escola. O povo daquela cidade tá “escolado” com engravatado que fala bonito e depois engana quando assume o governo.

Ao discursar no meio de políticos tradicionais, alguns da “lista do Riva”, e que começaram a sofrer vaias, Taques resolve tomar as dores dos deputados amigos e começa a atacar os manifestantes, pessoas simples, do povo, mães e pais de alunos das escolas tangaraenses, servidores públicos. O governador, no alto do palanque, aponta para eles e diz: “esses ali são os culpados pela crise que se instalou no país”!

É óbvio que as tímidas vaias aumentaram e o falastrão teve que engolir saliva porque os que estavam ali não são os mesmos que jogaram o Brasil no precipício; os servidores públicos não provocaram danos ao país. Essa tragédia em que vivemos, o golpe e a sucessão de retirada de direitos que veio depois, teve início com o golpista Aécio Neves, que foi derrotado nas eleições de 2014, justamente porque seu projeto político não era o que atendia ao interesse da maior parte da população brasileira.

Ato contínuo, Aécio Neves, que na planilha de propina da Odebrecht, era chamado de “Mineirinho”, e que já possui cinco processos criminais no STF (da Lava Jato), se alia ao deputado Eduardo Cunha, condenado a 15 anos de cadeia, e juntos lançam as tais “pautas-bombas” sobre o país.

Só para lembrar, entre as pautas-bombas estavam o aumento de idade de aposentadoria dos servidores públicos para 75 anos, a proibição de que a presidenta Dilma diminuísse o rombo fiscal (que estava em R$ 30 bilhões e agora passa de R$ 200 bi) e o aumento de 78% nos já polpudos salários do Poder Judiciário.

Portanto, Cunha e Aécio, associados a empresas sonegadoras (isso também foi denunciado na Lava Jato), fizeram rodar a engrenagem parlamentar do golpe, paralisaram o país, incendiaram as massas manobráveis, e com o apoio de complexos grupos empresariais de mídia, para convencer o país de que Dilma deveria sair.

E aqui, em Mato Grosso, a primeira camiseta “Não tenho culpa, votei em Aécio” foi usada exatamente por Pedro Taques, que patrocinou regionalmente o ataque feito à Constituição. E é daí que resultou a emenda que congelou gastos com saúde e escola por 20 anos; que nasceu a ideia de extinguir os programas habitacionais como o Minha Casa Minha Vida. Foi do golpe que emergiu a proposta para acabar com o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço dos Trabalhadores, as férias e todas as demais medidas para precarizar os direitos de quem levanta de madrugada para trabalhar.

E é por essa razão que nesta sexta-feira, dia 28, o Brasil paralisa. É greve geral!

A greve é uma medida para alertar o golpismo de um modo geral, e os deputados e senadores de uma forma direta, para que não traiam a classe trabalhadora. Certamente, o Brasil irá conhecer, porque ficarão na história o nome e a feição dos traidores. É claro que um outdoor com o nome de políticos que agem contra o povo tem poder corrosivo nas campanhas eleitorais.

O que os golpistas querem não é uma reforma nas leis que tratam sobre esses assuntos, mas, sim, uma proposta para acabar com as aposentadorias e com os direitos trabalhistas. O assunto já caiu no conhecimento do povão,  tanto é que diversas categorias profissionais, de múltiplos setores, já demonstraram o desejo de adesão à greve geral deste 28 de abril. Do motorista de ônibus ao servidor do Tribunal do Trabalho, todos aderiram ao movimento.

O golpe quer enganar o país com um discurso de “modernização” das leis, mas isso é mentira. Ora, aumentar a terceirização, transformar o emprego fixo em “bico”, facilitar as demissões sem nenhuma multa para o patrão que descumpre obrigações não são formas que irão modernizar a legislação trabalhista. É a volta da escravidão no Brasil.

Encerro.

Em 11 meses de ações criminosas contra o povo, a gestão golpista já é rejeitada por quase 90% da população brasileira, e até mesmo o Estado de Mato Grosso foi vítima direta de Temer. Todos sabem que a soja não paga imposto (ICMS) em Mato Grosso, e isso gera um rombo de R$ 7 bilhões para os cofres estaduais. Para compensar essa perda, a então presidenta Dilma repassava uma compensação por meio do FEX, que é um auxílio financeiro para o aumento das exportações.

Quando assumiu a cadeira após o golpe, Temer cortou o repasse desse dinheiro a Mato Grosso, portanto, fico aqui matutando o motivo pelo qual Pedro Taques continua apoiando o golpe e os golpistas.

Talvez seja porque o seu colega tucano Aécio Neves tenha confessado timidamente que ele e o PSDB apoiam Michel Temer e o programa de maldade contra os trabalhadores que ele aplica. Pois, se eleito, Aécio aplicaria o mesmo veneno contra o povo.

Mas, o caso é que Aécio e o PSDB foram rejeitados por meio do voto, se vingaram do Brasil e criaram um grande problema. A greve geral é o primeiro passo para responder a essa organização malévola que o Brasil não é deles, e nem mesmo a massa coxinha acredita mais em suas bravatas.

Os culpados da crise não são os trabalhadores; ouviu bem, senhor Pedro Taques! Não temos culpa da crise, não apoiamos o golpe! São nessas horas que ouço alto, e em bom som, quase aos berros: "Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões!"

Antonio Cavalcante Filho é sindicalista, cidadão mato-grossense e escreve suas angústias neste blog às sextas-feiras. E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News 


"Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!"
(do Hino da Internacional Socialista)




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