Nesse triste momento de nossa história, apenas dois lados são possíveis: o da defesa da legalidade, da justiça e da dignidade humana ou o da escravidão, do preconceito e da desigualdade.
Michel Temer, por tudo o que fez com a democracia, já demonstrou de que lado está.
Por Carlos Fernandes
Não fosse o cinismo internacionalmente reconhecido de Michel
Temer – esse moribundo político que ora arrasta-se pelos salões do
Palácio do Planalto -, já seria o caso de começarmos a duvidar de sua
sanidade mental.
Responsável pela maior crise política, econômica e social
que este país já presenciou, acuado pela maior greve geral desde a
redemocratização brasileira e reduzido ao político mais mal avaliado do
Brasil, Temer perdeu de vez a noção de ridículo no seu pronunciamento de
1º de maio.
Num vídeo divulgado na internet, ao seu mais tradicional
estilo covarde e medíocre, Temer conseguiu suprimir em pouco mais de
dois minutos uma das mais grotescas peças de manipulação em massa que se
tem notícia.
Como se desesperado com a mais nova pesquisa Datafolha que
sepultou de vez qualquer esperança sobre a mais remota possibilidade de
um dia ser visto pelos brasileiros como um líder respeitado a conduzir
políticas austeras, o mordomo das causas infiéis pelejou inutilmente com
a verdade.
Completamente descolado da realidade, o cidadão que
conseguiu a façanha de unir o país em seu desfavor, fala em estarmos
vivendo um “momento histórico” na geração de empregos e na “modernização
dos direitos trabalhistas”.
Isso apenas 3 dias após o IBGE ter divulgado o seu mais novo
recorde de desempregados no país. Contra todas as previsões do governo,
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nos mostrou que
chegamos à obscena taxa de desemprego de 13,7%.
Um contingente de nada menos que 14,2 milhões de homens e
mulheres, jovens e adultos que simplesmente não conseguem uma vaga no
mercado de trabalho. Número, inclusive, maior que toda a população do
Uruguai e Paraguai juntos.
Isso, por si só, já seria mais do que suficiente para
entendermos a que presta o seu discurso, mas a patranha seguiu,
desavergonhadamente.
Em determinado momento chegou à suprema hipocrisia de
considerar benéfica às relações trabalhistas o fato de empresários e
trabalhadores poderem negociar acordos coletivos diretamente entre eles
sem qualquer intervenção dos sindicatos.
Temer, e o grande empresariado que o banca, sabem
perfeitamente que a criminalização dos sindicatos é condição
indispensável para a deterioração da já frágil harmonia entre os
direitos e deveres que regem patrões e empregados.
Querer fazer crer que o empregado, sozinho, esteja em pé de
igualdade com grandes empresas e corporações para negociar seus salários
e direitos trabalhistas é, seguramente, uma das formas mais baixas e
cruéis de ludibriar aqueles que representam o elo mais fraco da
corrente.
Discursos dessa natureza nos alertam o quanto ainda
precisamos lutar para que nossos direitos, não só trabalhistas, sejam
efetivamente preservados.
Nesse triste momento de nossa história, apenas dois lados
são possíveis: o da defesa da legalidade, da justiça e da dignidade
humana ou o da escravidão, do preconceito e da desigualdade.
Michel Temer, por tudo o que fez com a democracia, já demonstrou de que lado está.
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