Para, Pedro! Pode parar por aí! Pare de pensar em reeleição! Já está o suficientemente provada que a boa política, como a arte de bem governar, não é sua área. Não serão os milhões dos recursos públicos desperdiçados com propagandas e mídias que irão provar o contrário.
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Por Antonio Cavalcante Filho
Um dos direitos de maior relevância que existe na Constituição Federal, na minha opinião, e que está logo ali, no comecinho, é aquele que diz expressamente que todo poder vem do povo, e por ele será exercido diretamente (em alguns casos), ou por meio de um representante eleito no parlamento ou no poder executivo.
E com essa previsão existente na regra mais importante em nosso
sistema, a Constituição, é que eu entendo que a mesma pessoa que elege
alguém pode destituí-lo do mandato. Simples assim, violou o compromisso
feito com o “patrão-eleitor”, nasce a possibilidade desse poder revogar a
procuração concedida ao seu “empregado-eleito”. Por isso, que, ao meu
modo, continuo desvotando o atual governador.
Os meus amigos sabem que minhas posições (como a de quem prega no
deserto), geralmente vão na contramão do pensamento da maioria. Mesmo
assim, não costumo opinar simplesmente para agradar ou contrariar
alguém. Busco sempre um fundamento dentro do sistema lógico ou legal.
Foi assim que agi, quando, no MCCC (Movimento Cívico de Combate à
Corrupção), defendi, lá pelo final dos anos 1990, a punição à compra de
votos, fenômeno que era absolutamente normal desde o tempo do
coronelismo, ainda no século passado.
Na época, o processo eleitoral era uma verdadeira feira livre de
compras e de vendas de votos. Podiam-se comprar e vender votos até por
telefone, num sistema leiloeiro de quem dá mais. Até ali, os comitês dos
candidatos eram mercados atacadistas de votos, enquanto nas praças de
Cuiabá se entrelaçando com as bancas da contravenção do jogo do bicho,
do “comendador” João Arcanjo, estavam as bancas dos delinquentes
eleitorais. O primeiro, com o seu jogo do azar, vendia a “esperança” do
apostador a ser “premiado”, o segundo, com a jogatina eleitoral,
comprava-se, no varejo, a ilusão do eleitor a levar vantagens ao vender a
sua procuração (o voto), para qualquer candidato picareta que pagasse
mais.
Quero lembrar que a compra de voto, a chamada corrupção eleitoral, ou
captação ilícita de sufrágio, passou a ser punida a partir do ano 2000,
e levou muitos eleitos a perderem o mandato em todo o país. Dez anos
depois, foi a vez da lei da Ficha Limpa do MCCE (Movimento de Combate à
Corrupção Eleitoral) ser aprovada. Esta Lei tinha por intenção afastar
do exercício do mandato aquelas pessoas inelegíveis pelo cometimento de
atos de improbidade. Pena que, em alguns casos, ela é utilizada com
desvio de finalidade, para perseguir inimigos (a exemplo do caso Lula e
outros). Mais recentemente, a partir de 2014, a minha postura tem sido
contra o Golpe que viria a acontecer em 2016, uma vez que era visível
que as 7 pragas do Egito recairiam sobre o Brasil.
Dito e feito. Logo depois de ter votado em Pedro Taques, para
governador de Mato Grosso, com a esperança de que teríamos no cargo uma
pessoa honesta, competente, inovadora, e que elevaria a qualidade da
classe política, percebi que me enganei. Com isso, sofri mais uma enorme
decepção.
Por isso é que no exercício do meu direito de “desvotar”, durante
todos os dias de 2018 até o dia 31 de dezembro, estarei bradando pela
invalidação e revogação do meu voto ao TX e pela anulação do mandato
concedido. É o mínimo que posso fazer.
Me surpreende cada vez mais, quando o vejo argumentando que vai
disputar nova eleição, seja para o cargo de governador, ou para outro
qualquer (acho que pra manter o foro dos privilegiados). Taques, na
minha opinião, não reúne as menores possibilidades de governabilidade,
pois tropeça todos os dias na própria arrogância, nas frases de efeito e
é atropelado a cada instante pelas promessas não-cumpridas que geram
dor e sofrimento para milhares de famílias que não têm acesso à saúde.
As malditas OSSs que o Pedro Henry inventou, junto com Silval e Blairo
Maggi, foram mantidas intocadas dentro do governo do Pedro Taques,
quando deveriam ter sido extirpadas do sistema.
Taques garganteava que tinha prendido o Arcanjo. Pois é, o detento
famoso da organização criminosa, agora está em liberdade. Quando era
membro do Ministério Púbico, mesmo com o “comendador” preso, TX
alardeava que o braço político do crime organizado continuava impune, e
que precisava ele entrar na política para continuar a faxina por dentro
do sistema corrupto da politicalha.
Mas, pelo que vi, eleito governador, o seu Pedro Taques “caiu nos
braços” do braço político do crime organizado. A sua gestão é de longe a
pior dos últimos cinquenta anos. Em nenhum setor da atividade pública o
ex-membro do MPF conseguiu apresentar algo novo e proveitoso para a
sociedade. Ele negociou cargos públicos, secretarias, “pedalou” milhares
de vezes mais que Dilma Roussef, a quem criticava exatamente por isso.
Talvez porque tivesse inchado a folha de pagamento com a nomeação de
policiais, ele criou um rombo nos cofres do estado. Me parece que as
pessoas pediam a edição de “políticas” para o povo, e ele entendeu que
era necessário “polícia” pra deitar a borracha no povo, como fez com os
servidores que reivindicavam seus direitos.
Por esses dias, uma adolescente grávida foi decapitada em Cuiabá. Com
dificuldade para descobrir a autoria do insano crime, a polícia de
Taques ouve um acusado e o libera. Dias depois, o “tribunal do crime”
encontra os acusados, prende, interroga e executa. Tudo filmado e com
imagens distribuídas publicamente. A polícia diz que o comandante do
“tribunal do crime” morreu em confronto. Com isso, aumenta a lista de
crimes insolúveis.
Em outro caso, o homicídio de um jovem morador de Várzea Grande, de
novo, a polícia de Pedro Taques “bate cabeça”, e, com o uso de recursos
públicos, vai prender uma suspeita no estado do Paraná. Recambiada para
Mato Grosso, fica um dia presa e é liberada. Em sua prisão espetaculosa,
foi dinheiro jogado fora.
Isso mostra, que, até mesmo na última área em que TX poderia mostrar força e competência, também é um fracasso.
O jogo do bicho voltou no Bairro 1º de Março, na Capital. As máquinas
que emitem os bilhetes agora são iguais àquelas de cartão de crédito.
Lembro-me que a primeira vez que denunciei a contravenção do bicheiro
João Arcanjo, que surgiu no governo Júlio Campos, foi ao secretário de
segurança pública da época, Oto Sampaio, no governo Bezerra, que nada
fez para impedir. Nos governos seguintes, de Jaime, Dante e Blairo, o
contraventor “comendador” já era mais ou menos um poder paralelo ao
Estado, quando, em 2003, finalmente foi “derrubado” pela intervenção do
MPF e TRF, com o ex-procurador Pedro Taques e o ex-Juiz Sebastião Julier
à frente dos processos.
E agora, por ironia do destino, Taques vai deixar o jogo do bicho renascer, sob às suas barbas?
Para, Pedro! Pode parar por aí! Pare de pensar em reeleição! Já está o
suficientemente provada que a boa política, como a arte de bem
governar, não é sua área. Não serão os milhões dos recursos públicos
desperdiçados com propagandas e mídias que irão provar o contrário.
Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e
escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail:
antoniocavalcantefilho@outlook.com
Fonte RD News