segunda-feira, 5 de março de 2018

PODE PARAR, PEDRO!


Para, Pedro! Pode parar por aí! Pare de pensar em reeleição! Já está o suficientemente provada que a boa política, como a arte de bem governar, não é sua área. Não serão os milhões dos recursos públicos desperdiçados com propagandas e mídias que irão provar o contrário.




RD News

Por Antonio Cavalcante Filho 




Um dos direitos de maior relevância que existe na Constituição Federal, na minha opinião, e que está logo ali, no comecinho, é aquele que diz expressamente que todo poder vem do povo, e por ele será exercido diretamente (em alguns casos), ou por meio de um representante eleito no parlamento ou no poder executivo.

E com essa previsão existente na regra mais importante em nosso sistema, a Constituição, é que eu entendo que a mesma pessoa que elege alguém pode destituí-lo do mandato. Simples assim, violou o compromisso feito com o “patrão-eleitor”, nasce a possibilidade desse poder revogar a procuração concedida ao seu “empregado-eleito”. Por isso, que, ao meu modo, continuo desvotando o atual governador.

Os meus amigos sabem que minhas posições (como a de quem prega no deserto), geralmente vão na contramão do pensamento da maioria. Mesmo assim, não costumo opinar simplesmente para agradar ou contrariar alguém. Busco sempre um fundamento dentro do sistema lógico ou legal. Foi assim que agi, quando, no MCCC (Movimento Cívico de Combate à Corrupção), defendi, lá pelo final dos anos 1990, a punição à compra de votos, fenômeno que era absolutamente normal desde o tempo do coronelismo, ainda no século passado.

Na época, o processo eleitoral era uma verdadeira feira livre de compras e de vendas de votos. Podiam-se comprar e vender votos até por telefone, num sistema leiloeiro de quem dá mais. Até ali, os comitês dos candidatos eram mercados atacadistas de votos, enquanto nas praças de Cuiabá se entrelaçando com as bancas da contravenção do jogo do bicho, do “comendador” João Arcanjo, estavam as bancas dos delinquentes eleitorais. O primeiro, com o seu jogo do azar, vendia a “esperança” do apostador a ser “premiado”, o segundo, com a jogatina eleitoral, comprava-se, no varejo, a ilusão do eleitor a levar vantagens ao vender a sua procuração (o voto), para qualquer candidato picareta que pagasse mais.

Quero lembrar que a compra de voto, a chamada corrupção eleitoral, ou captação ilícita de sufrágio, passou a ser punida a partir do ano 2000, e levou muitos eleitos a perderem o mandato em todo o país. Dez anos depois, foi a vez da lei da Ficha Limpa do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) ser aprovada. Esta Lei tinha por intenção afastar do exercício do mandato aquelas pessoas inelegíveis pelo cometimento de atos de improbidade. Pena que, em alguns casos, ela é utilizada com desvio de finalidade, para perseguir inimigos (a exemplo do caso Lula e outros). Mais recentemente, a partir de 2014, a minha postura tem sido contra o Golpe que viria a acontecer em 2016, uma vez que era visível que as 7 pragas do Egito recairiam sobre o Brasil.

Dito e feito. Logo depois de ter votado em Pedro Taques, para governador de Mato Grosso, com a esperança de que teríamos no cargo uma pessoa honesta, competente, inovadora, e que elevaria a qualidade da classe política, percebi que me enganei. Com isso, sofri mais uma enorme decepção.

Por isso é que no exercício do meu direito de “desvotar”, durante todos os dias de 2018 até o dia 31 de dezembro, estarei bradando pela invalidação e revogação do meu voto ao TX e pela anulação do mandato concedido. É o mínimo que posso fazer.

Me surpreende cada vez mais, quando o vejo argumentando que vai disputar nova eleição, seja para o cargo de governador, ou para outro qualquer (acho que pra manter o foro dos privilegiados). Taques, na minha opinião, não reúne as menores possibilidades de governabilidade, pois tropeça todos os dias na própria arrogância, nas frases de efeito e é atropelado a cada instante pelas promessas não-cumpridas que geram dor e sofrimento para milhares de famílias que não têm acesso à saúde. As malditas OSSs que o Pedro Henry inventou, junto com Silval e Blairo Maggi, foram mantidas intocadas dentro do governo do Pedro Taques, quando deveriam ter sido extirpadas do sistema.

Taques garganteava que tinha prendido o Arcanjo. Pois é, o detento famoso da organização criminosa, agora está em liberdade. Quando era membro do Ministério Púbico, mesmo com o “comendador” preso, TX alardeava que o braço político do crime organizado continuava impune, e que precisava ele entrar na política para continuar a faxina por dentro do sistema corrupto da politicalha.

Mas, pelo que vi, eleito governador, o seu Pedro Taques “caiu nos braços” do braço político do crime organizado. A sua gestão é de longe a pior dos últimos cinquenta anos. Em nenhum setor da atividade pública o ex-membro do MPF conseguiu apresentar algo novo e proveitoso para a sociedade. Ele negociou cargos públicos, secretarias, “pedalou” milhares de vezes mais que Dilma Roussef, a quem criticava exatamente por isso. Talvez porque tivesse inchado a folha de pagamento com a nomeação de policiais, ele criou um rombo nos cofres do estado. Me parece que as pessoas pediam a edição de “políticas” para o povo, e ele entendeu que era necessário “polícia” pra deitar a borracha no povo, como fez com os servidores que reivindicavam seus direitos.

Por esses dias, uma adolescente grávida foi decapitada em Cuiabá. Com dificuldade para descobrir a autoria do insano crime, a polícia de Taques ouve um acusado e o libera. Dias depois, o “tribunal do crime” encontra os acusados, prende, interroga e executa. Tudo filmado e com imagens distribuídas publicamente. A polícia diz que o comandante do “tribunal do crime” morreu em confronto. Com isso, aumenta a lista de crimes insolúveis.

Em outro caso, o homicídio de um jovem morador de Várzea Grande, de novo, a polícia de Pedro Taques “bate cabeça”, e, com o uso de recursos públicos, vai prender uma suspeita no estado do Paraná. Recambiada para Mato Grosso, fica um dia presa e é liberada. Em sua prisão espetaculosa, foi dinheiro jogado fora.

Isso mostra, que, até mesmo na última área em que TX poderia mostrar força e competência, também é um fracasso.

O jogo do bicho voltou no Bairro 1º de Março, na Capital. As máquinas que emitem os bilhetes agora são iguais àquelas de cartão de crédito. Lembro-me que a primeira vez que denunciei a contravenção do bicheiro João Arcanjo, que surgiu no governo Júlio Campos, foi ao secretário de segurança pública da época, Oto Sampaio, no governo Bezerra, que nada fez para impedir. Nos governos seguintes, de Jaime, Dante e Blairo, o contraventor “comendador” já era mais ou menos um poder paralelo ao Estado, quando, em 2003, finalmente foi “derrubado” pela intervenção do MPF e TRF, com o ex-procurador Pedro Taques e o ex-Juiz Sebastião Julier à frente dos processos.

E agora, por ironia do destino, Taques vai deixar o jogo do bicho renascer, sob às suas barbas?
Para, Pedro! Pode parar por aí! Pare de pensar em reeleição! Já está o suficientemente provada que a boa política, como a arte de bem governar, não é sua área. Não serão os milhões dos recursos públicos desperdiçados com propagandas e mídias que irão provar o contrário.

Antonio Cavalcante Filho, o Ceará, é sindicalista e escreve neste espaço às sextas-feiras - E-mail: antoniocavalcantefilho@outlook.com

Fonte RD News