quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Travesti vai ser ouvido pela Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá


A vergonhosa História em que se meteu o vereador de primeiro mandato Ralf Leite, filho do coronel Leite, da reserva da Polícia Militar, está muito longe de ter um fim. A partir de amanhã, quarta (11) a Comissão de Ética da Câmara de Vereadores de Cuiabá começa a ouvir as pessoas envolvidas na tragicomédia que teve Ralf Leite como ator principal e como ator coadjuvante o menor DBSC, de 17 anos, que se prostitui como travesti na conhecidíssima e manjada região do Zero Quilômetro, em Várzea Grande, onde prostituição e as drogas proliferam às barbas da lei.
Quarta, 11, as atenções estarão permanentemente voltadas para o ator coadjuvante. DBSC, que vai, mais uma vez, contar em detalhes o “affaire” com o vereador Ralf Leite, do início até a chegada da patrulha policial que lavrou o flagrante da sessão de sexo oral, desacato à autoridade, embriaguês ao volante e atentado ao pudor, no mínimo, uma vez que ambos estavam em via pública.
O que a sociedade cuiabana espera - principalmente os 3.115 eleitores que viram em Ralf Leite alguma possibilidade de mudança das velhas práticas políticas e, que, por certo, amargam uma grande decepção -, é que, a Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá, presidida pelo também estreante na vereança, Everton Pop, radialista e apresentador, não siga os péssimos exemplos de corporativismo a que estamos acostumados a assistir, em que pese a já demonstrada postura dúbia do presidente da Câmara, vereador Deucimar Silva (PP) e de 11 outros senhores vereadores que assinaram a Ata de Reunião onde Ralf Leite foi ouvido, aceitando o pedido de licença para tratamento de saúde.
Deucimar Silva, portanto a Câmara de Cuiabá cometeu dois erros crassos junto com os demais vereadores que subscreveram a ata, e isso, por si só, já demonstra o corporativismo e a falta de lisura na condução do problema. Primeiro: aceitou um laudo assinado pelo psicólogo Aristides Soares de Campos Filho. Psicólogo não é médico, portanto, não pode atestar doença. Pode, sim, recomendar o afastamento de determinada pessoa ou funcionário da sua função, porém, nunca assinar um laudo atestando doença.
De acordo com a lei, o psicólogo não é médico, nem mexe com a cabeça das pessoas. O psicólogo pensa com as pessoas. É um profissional da saúde que dispõem de métodos e técnicas científicas que possibilitam a avaliação psicológica e o acompanhamento psicoterapêutico. A situação terapêutica não requer uma relação de poder, mas antes de reciprocidade, onde o psicólogo e o paciente unem esforços para delinearem um plano e objetivos terapêuticos.
Segundo erro, aceitou um pedido de licença por 90 dias do vereador que se diz vítima de uma armação, mas, que, ele próprio protagoniza uma “armação” para sair de cena, apostando no jargão popular que afirma que “o povo tem a memória curta”, sem possibilitar ao seu companheiro de partido, que também contribuiu para a sua eleição, no caso, o suplente Totó César, do mesmo partido, o PRTB, ascensão ao cargo de vereador, mostrando toda sua mesquinhez, egoísmo e ganância pelo poder, quando o normal seria um simples pedido de licença para tratar de assunto particular por 121 dias, até porque, antes e durante o encontro com o travesti ele não apresentava nenhum sintoma de doença e sim de embriaguês. Ou será que ficou doente apenas após a “ressaca moral” pela qual foi obrigado a passar, fruto daquilo que ele mesmo plantou?
Mais vergonhoso ainda é saber que durante os 90 dias em que permanecerá longe do plenário da Câmara, sabe-se lá fazendo o quê, o vereador Ralf Leite vai continuar a expensas do povo cuiabano, isto é, recebendo em conta corrente e regiamente em dia seu polpudo salário de R$ 9,2 mil mensais.
Situação totalmente inversa a de um trabalhador comum que, para receber o auxílio doença, tem que se humilhar nas filas do INSS, passar por três ou quatro perícias médicas compostas por dois ou três médicos (clínico geral, cardiologista e perito) e, mesmo assim, na maioria das vezes, tem seu direito negado, ainda que não possa andar ou, no mínimo, segurar um simples copo d’água.
Deucimar Silva, que assumiu pregando moralidade, lisura e revolução na forma de conduzir a Casa do Povo de Cuiabá, está prestes a cair na vala comum e se juntar aos mesmos pares que ele tanto criticou a menos de um mês e os quais prometeu investigar. Só depende dele, assim como aconteceu com Ralf Leite, escolher o caminho que quer seguir.


Da Redação/LUIZ ACOSTA

Fonte:www.circuitomt.com.br