Quem disse que o PT tem moral para questionar o mandato de Lúdio Cabral? Me parece que, no caso, a cassação só cabe ao povo
Por enock Cavalcante
Lúdio Cabral se absteve na cassação de Lutero. Atitude reprovavel. Daí, todavia, a alguns militantes do PT aparecerem querendo que o partido casse seu mandato vai uma distância enorme. Primeiro, que a tese deve ser rejeitada pelos pragmáticos dirigentes partidários. Afinal de contas, não houve fechamento de questão, orientação partidária em favor da cassação. Pode-se discordar da tese defendida por Lúdio, em plenário, mas a abstenção pode ser mesmo entendida como uma forma de guardar coerencia com o relatório por Lúdio assinado.
Vuolo foi mais político, denunciou o encaminhamento de votação adotado por Deucimar, mas votou contra Lutero. Lúdio preferiu não agir politicamente, donde se pode perguntar: o que ele está fazendo, afinal de contas, na Câmara de Cuiabá que, acima de tudo, é um espaço de atuação politica?
Quanto ao PT, como é que poderia cassar Ludio por vacilar diante da cassação de um corrupto na Câmara se o partido também vacila em questionar o deputado Alexandre César e o deputado Ademir Brunetto que também vacilam em questionar os corruptos e a corrupção dentro da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, comanda por Riva, deputado do PP que compõe a base de sustentação de Lula?
Como se vê, antes de propor a cassação de Lúdio, seria importante que esses militantes ditos radicais e compromissados mais profundamente com a ética partidária, tratassem de contribuir, no dia-a-dia, para que o PT, firmasse uma nova maioria em favor da ética política. Do jeito que está, o PT está maus.
Eu entendo que Lúdio Cabral vacilou pra cacete neste episódio, dando azo a que se fortaleçam as especulações em torno de algum tipo de acordo secreto que exista entre ele e o Lutero. Sempre se falou disso (sem se provar, é claro), nas esquinas partidárias, e agora vai se falar muito mais. Que Lutero, por exemplo, teria financiado parte da campanha de Ludio. Mas quem disse que o PT tem moral para questionar o mandato de Lúdio Cabral? E mesmo o financiamento de uma campanha interna por um agente interno, desde que o PT se arreglou, em Mato Grosso, com os patrões da Turma da Botina?
Me parece que, no caso, a cassação do parlamentar só cabe ao povo, esse povão que, infelizmente, não sabe que tem este poder. Vai daí que, além das críticas, entendo que o Lúdio Cabral ganhou um tempo para se angustiar e, quem sabe, se reciclar nesta desafiante tarefa de ser, na Câmara de Cuiabá, a voz de um partido que há muito tempo não tem mais voz e que, paulatinamente, vai perdendo a importância à medida que se transforma num partido como outro qualquer.
Fonte Pagina do Enock
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