quarta-feira, 4 de novembro de 2009

POR QUE LUTERO É TEMIDO?

"Uma corrupção descomunal, hedionda, nauseabunda, e que resulta do gigantismo de burocracias criadas e mantidas para alimentar - em seus infinitos escaninhos, arquivos e labirintos, com uma infinidade de fluxos, normas e rotinas – ratazanas, vampiros e a malta da malandragem de colarinho branco...Essa turba de humanos gravita em torno de setores da atividade estatal em que o dinheiro se acumula com facilidade, e para tungá-lo, organizam-se em grupos, redes, quadrilhas, maltas de larápios e corruptos". (Educação & Cultura - Antônio Carlos Santos)


POR QUE LUTERO É TEMIDO?





Por Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery*


É fácil imaginar que a fonte de poder do vereador Lutero seria inesgotável. Uma atormentadora dúvida se mostrou nos últimos dias, a ponto de apontar diversas hipóteses que poderiam ser aplicadas no caso do processo de cassação do vereador Lutero Ponce de Arruda (PMDB), ex presidente da Câmara Municipal de Cuiabá.


A origem das dúvidas e questionamentos são graças à operação ‘abafa’, claramente demonstrada pela Comissão Processante na recusa imotivada em falar sobre o processo. A Comissão Processante, encarregada de instruir o pedido de cassação apresentada pelo MCCE e diversas outras entidades e pessoas físicas, se esquiva de prestar contas dos trabalhos já realizados e apresentar o cronograma futuro. Ora, o princípio da publicidade dos atos administrativos vem sendo solenemente ignorado pelos ilustres edis. Quem quiser acompanhar os depoimentos de acusados e testemunhas, segundo a Comissão Processante, que se acotovele pelos cantos da sala ao lado (contígua ao local de audiência).


Mas vejamos: que informações teria Lutero a ponto de justificar tanto zelo (de classe política) para preservar o seu mandato? Por que a debandada (licença médica) de parlamentares para evitar a presença na sessão de (provável) cassação de mandato? Teria o nobre vereador Lutero informações detalhadas sobre o modus administrandi de seus antecessores? Por que o Alencastro e o Paiaguás não demonstram publicamente a orientação dada a suas bancadas no caso em questão?


Bem, que a vereadora Lueci Ramos (PSDB) deu uma sambadinha (de contentamento) quando foi sorteada para integrar a Comissão Processante do Lutero, todo mundo viu (ou ouviu). E que Lúdio Cabral (PT) e Francisco Vuolo (PR) não são inimigos públicos do edil processado também é informação notória. Mas e os demais vereadores? E a classe política, porque o abafa geral?


A fala de uma testemunha, ouvida pela Comissão Processante, garantindo que (aquilo) o que Lutero faz, todo mundo fazia, é no mínimo uma grande revelação. Será esse (jeito de administrar os recursos financeiros da câmara municipal) o segredo político de Antonio Malheiros, Luiz Marinho, Dentinho e outros ex presidentes? Porventura estaria em curso uma operação, capitaneada por ex dirigentes da Câmara, para livrar o ‘couro’ do Lutero Ponce?


Bem, essas e outras dúvidas continuarão nos assombrando, enquanto não sobrevier o resultado do pedido de cassação de mandado do Lutero, por improbidade e falta de decoro. Mas até lá qualquer teoria tem validade, ao menos relativa.



* Antonio Cavalcante Filho e Vilson Nery são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)