
"Não gostar da imagem refletida no espelho e culpá-lo por sua feiúra é o que faz Zé Riva processar 5 cidadãos por ousarem tornar público que ele é recordista em processos por improbidade" (ADEMAR ADAMS)
Por Ademar Adams
Não gostar da imagem refletida no espelho e culpá-lo por sua feiúra é o que faz o deputado Zé Riva processar cinco cidadãos pela ousadia de tentar tornar público que ele é um recordista nacional em processos por improbidade.
Não lhe tiro o direito de considerar-se ferido em sua honra. Honra é coisa subjetiva e personalíssima, e cada um tem o direito a avaliar a sua. Até Zé Riva tem direito à subjetividade.
Assim, mesmo com mais de 100 ações contra ele, nas quais é acusado pelo Ministério Público de desvio de mais de uma centena de milhões de reais, Zé Riva pode achar que continua sendo um homem honrado. A seu favor ele traz mais de 80 mil votos. Adiciona ainda uma jornada de trabalho que, segundo ele, deve ser de umas 15 horas diárias. E pode contar ainda com amizades nas altas esferas, tanto do poder laico, como da cúria.
Então, essa tentativa de calar jornalistas e ativistas, me parece mais uma jogada desesperada de buscar pela intimidação judicial, segurar o tsunami de sentenças que poderão arrastar para o mar sem fim, a sua honra, sua carreira política e sua fortuna pessoal. Ainda mais agora que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a chamada Meta 2 está querendo fazer com que sejam julgados até o final do ano, todos os processos proposto até dezembro de 2005.
No próximo ano virá a Meta 3, e assim por diante. Está chegando a hora da remissão do Judiciário e as chicanas, as amizades desembargatistas passaram a ser detonadas.
Quando o CNJ conhecer a famosa fábula das “ostras e parasitas” que está no Youtube, já vai tirar de qualquer julgamento dos processos contra Zé Riva um dos maiorais do Judiciário que o protege na nossa instância superior. Outros também ainda serão impedidos. Mas, o que de fato vai pesar na hora da onça beber água, será a pressão popular por Justiça.
Contra este jornalista o deputado condenado fala, em programas de rádio e em seus discursos na tribuna, que tenho mágoa dele pelos nossos tempos de vida no Norte, onde ele foi prefeito de Juara e eu dirigente partidário em Porto dos Gaúchos. Naquele tempo, eu presidia o PMDB e ele, que fazia uma administração desastrada em Juara, veio dar apoio o nosso candidato ao governo (Bezerra). Depois eu elegi o prefeito de Porto e ele não fez o sucessor na sua cidade.
Eu vim pra Cuiabá e fui fazer Direito na Unic em 1989. Ele não passou no vestibular e continuou fazendo política na sua currutela. Direitão e incoerente, Zé Riva se agarrou num ícone da esquerda de então, Dante de Oliveira, para se eleger deputado. Vale dizer ainda que ter apoiado Júlio Campos em 1982, Bezerra em 1986, Jaime em 1990 e Dante em 1994, mostra bem a honra política dele.
Então Riva fez sucesso. Virou deputado e transformou a Assembléia Legislativa num feudo seu, para a desonra de tantos quantos foram e são parlamentares estaduais nos últimos 15 anos. E ficou rico. Tanto que, na sua última declaração de bens à Justiça Eleitoral, ele tinha em dinheiro nos bancos um milhão e meio de reais. Já eu, servidor público e jornalista, remediado, teria inveja do Zé Riva e, por isso, o atacaria pela mídia...
Alguém acha que dá para ter inveja de quem foi mostrado pela imprensa nacional como amigo e parceiro do bicheiro João Arcanjo? De quem foi e é acusado todos os dias pelos meios de comunicação de ter centenas de processos por corrupção, coisa que deve envergonhar a família e os amigos?
O que sempre fiz e faço com relação ao Zé Riva é tentar contar para o povo, o que estão fazendo as autoridades competentes, Ministério Público e Judiciário. É o meu simples papel de cidadão. Não faço mais que a obrigação, já que a coragem e independência, não só me permitem, como me obrigam a fazer o que faço. Se não fizesse isso, teria vergonha de olhar nos olhos dos meus filhos e a insônia me tiraria a paz.
É claro que se vivêssemos num lugar onde o afastamento de um presidente do Poder Legislativo fosse manchete em todos os jornais e abrisse os noticiosos de TV, eu não precisaria ficar nessa luta cotidiana de ajudar a furar a casamata midiática construída com sacos de areia pública.
Mas, enfim, o processo de Zé Riva contra nós faz parte do jogo da democracia. Com a Adriana Vandoni, o Ceará, o Dr. Wilson Nery e o jornalista Enock, vamos montar a nossa trincheira de defesa. Será custeada com recursos próprios e vamos confiar na Justiça.
O nosso julgamento vai ser o julgamento da sociedade civil organizada contra os facínoras que gastam mal a verba do erário e matam crianças por falta de saúde e saneamento. Se formos condenados por ombrear com ela a defesa do interesse público e da causa republicana, será um dia muito triste da nossa história.
A determinação de emenda da inicial pelo juiz do feito, pode até resultar num recuo do deputado. Mas estejamos atentos, pois, com a água na barba, o Baixinho vai atirar para todos os lados.
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Ademar Adams é jornalista e dirigente da Ong Moral
Por Ademar Adams
Não gostar da imagem refletida no espelho e culpá-lo por sua feiúra é o que faz o deputado Zé Riva processar cinco cidadãos pela ousadia de tentar tornar público que ele é um recordista nacional em processos por improbidade.
Não lhe tiro o direito de considerar-se ferido em sua honra. Honra é coisa subjetiva e personalíssima, e cada um tem o direito a avaliar a sua. Até Zé Riva tem direito à subjetividade.
Assim, mesmo com mais de 100 ações contra ele, nas quais é acusado pelo Ministério Público de desvio de mais de uma centena de milhões de reais, Zé Riva pode achar que continua sendo um homem honrado. A seu favor ele traz mais de 80 mil votos. Adiciona ainda uma jornada de trabalho que, segundo ele, deve ser de umas 15 horas diárias. E pode contar ainda com amizades nas altas esferas, tanto do poder laico, como da cúria.
Então, essa tentativa de calar jornalistas e ativistas, me parece mais uma jogada desesperada de buscar pela intimidação judicial, segurar o tsunami de sentenças que poderão arrastar para o mar sem fim, a sua honra, sua carreira política e sua fortuna pessoal. Ainda mais agora que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com a chamada Meta 2 está querendo fazer com que sejam julgados até o final do ano, todos os processos proposto até dezembro de 2005.
No próximo ano virá a Meta 3, e assim por diante. Está chegando a hora da remissão do Judiciário e as chicanas, as amizades desembargatistas passaram a ser detonadas.
Quando o CNJ conhecer a famosa fábula das “ostras e parasitas” que está no Youtube, já vai tirar de qualquer julgamento dos processos contra Zé Riva um dos maiorais do Judiciário que o protege na nossa instância superior. Outros também ainda serão impedidos. Mas, o que de fato vai pesar na hora da onça beber água, será a pressão popular por Justiça.
Contra este jornalista o deputado condenado fala, em programas de rádio e em seus discursos na tribuna, que tenho mágoa dele pelos nossos tempos de vida no Norte, onde ele foi prefeito de Juara e eu dirigente partidário em Porto dos Gaúchos. Naquele tempo, eu presidia o PMDB e ele, que fazia uma administração desastrada em Juara, veio dar apoio o nosso candidato ao governo (Bezerra). Depois eu elegi o prefeito de Porto e ele não fez o sucessor na sua cidade.
Eu vim pra Cuiabá e fui fazer Direito na Unic em 1989. Ele não passou no vestibular e continuou fazendo política na sua currutela. Direitão e incoerente, Zé Riva se agarrou num ícone da esquerda de então, Dante de Oliveira, para se eleger deputado. Vale dizer ainda que ter apoiado Júlio Campos em 1982, Bezerra em 1986, Jaime em 1990 e Dante em 1994, mostra bem a honra política dele.
Então Riva fez sucesso. Virou deputado e transformou a Assembléia Legislativa num feudo seu, para a desonra de tantos quantos foram e são parlamentares estaduais nos últimos 15 anos. E ficou rico. Tanto que, na sua última declaração de bens à Justiça Eleitoral, ele tinha em dinheiro nos bancos um milhão e meio de reais. Já eu, servidor público e jornalista, remediado, teria inveja do Zé Riva e, por isso, o atacaria pela mídia...
Alguém acha que dá para ter inveja de quem foi mostrado pela imprensa nacional como amigo e parceiro do bicheiro João Arcanjo? De quem foi e é acusado todos os dias pelos meios de comunicação de ter centenas de processos por corrupção, coisa que deve envergonhar a família e os amigos?
O que sempre fiz e faço com relação ao Zé Riva é tentar contar para o povo, o que estão fazendo as autoridades competentes, Ministério Público e Judiciário. É o meu simples papel de cidadão. Não faço mais que a obrigação, já que a coragem e independência, não só me permitem, como me obrigam a fazer o que faço. Se não fizesse isso, teria vergonha de olhar nos olhos dos meus filhos e a insônia me tiraria a paz.
É claro que se vivêssemos num lugar onde o afastamento de um presidente do Poder Legislativo fosse manchete em todos os jornais e abrisse os noticiosos de TV, eu não precisaria ficar nessa luta cotidiana de ajudar a furar a casamata midiática construída com sacos de areia pública.
Mas, enfim, o processo de Zé Riva contra nós faz parte do jogo da democracia. Com a Adriana Vandoni, o Ceará, o Dr. Wilson Nery e o jornalista Enock, vamos montar a nossa trincheira de defesa. Será custeada com recursos próprios e vamos confiar na Justiça.
O nosso julgamento vai ser o julgamento da sociedade civil organizada contra os facínoras que gastam mal a verba do erário e matam crianças por falta de saúde e saneamento. Se formos condenados por ombrear com ela a defesa do interesse público e da causa republicana, será um dia muito triste da nossa história.
A determinação de emenda da inicial pelo juiz do feito, pode até resultar num recuo do deputado. Mas estejamos atentos, pois, com a água na barba, o Baixinho vai atirar para todos os lados.
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Ademar Adams é jornalista e dirigente da Ong Moral