terça-feira, 5 de janeiro de 2010

POR QUE TE CALAS?


*Por Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho

Nunca a histórica frase de Martin Luther King foi tão útil ao nosso cotidiano, quando afirma ser incômodo não o grito dos maus, “mas o silêncio dos bons”. Ora, as coisas vêm ocorrendo ao nosso redor, sem que a irresignação e a revolta ultrapassem quatro paredes ou a mesa de um boteco.


No Tribunal de Contas de Mato Grosso o dirigente responsável pelo controle externo sente-se ‘constrangido’ em fiscalizar os membros da ‘Corte”. Acredita que a criação de um “Conselho Nacional dos Tribunais de Contas” resolveria a parada, combatendo os maus integrantes do TCE. Entende o ilustre conselheiro que ele pode fiscalizar a todos (governador, prefeitos, vereadores, concessionários públicos, servidores em geral) exceto os ‘colegas’. Mas o fato é que seu congênere inspirador (o Conselho Nacional de Justiça) não deu até o dia de hoje uma satisfação ao nosso povo sobre a investigação realizada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Ainda que as auditorias e investigações tenham sido conduzidas pela Polícia Federal e Corregedoria de Justiça com o auxílio do Tribunal de Conas da União, portanto feitas por entidades confiáveis.


Ora, incomoda o silêncio da sociedade. Há pessoas boas em Mato Grosso, e a prova é que 10% dos eleitores subscreveu o projeto de lei da “Ficha Limpa”, que impede maus políticos de se candidatarem (o PL tá na lista para ser votado no Congresso Nacional em fevereiro). Porém há um ensurdecedor silêncio.


Não parece crível que aquela pirataria feita por maus empresários para se aproveitarem das verbas do PAC (desviando dinheiro de obras de esgoto, casas populares e tratamento de água) seja um padrão de comportamento de todos os empresários. Mas onde estão os bons empreendedores, de boa fé, que não aparecem?


Será que tinha razão Lima Barreto quando escreveu em ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’ que “o Brasil não tem Povo, tem Público”? Por que te calas?


PS.Afonso Henriques de Lima Barreto, filho de pai mulato escravo liberto e mãe nascida escrava que se tornou professora. Foi jornalista, escritor libertário, crítico e nunca se calou.


*Vilson Nery e Antonio Cavalcante Filho são militantes do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral) Comitê de Mato Grosso