quinta-feira, 13 de maio de 2010

Simon cobra agilidade da Justiça para casos de corrupção envolvendo políticos

“Acho que está tudo a mesma coisa: PSDB, PMDB, PT, PCdoB, tudo igual. Não vejo diferença nenhuma. É farinha do mesmo saco" (Pedro Simon )


Em debate na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu atuação mais expressiva do Judiciário para acabar com a impunidade no país. Ele cobrou maior agilidade dos tribunais, especialmente em processos que tratem de denúncias de corrupção envolvendo políticos e agentes públicos.


Após manifestações de Simon em favos do projeto Ficha Limpa, Peluso disse que todos os membros do STF "vêem com bons olhos" todas as iniciativas tendentes a moralizar o processo eleitoral e a vida político-partidária. Antes do encerramento do debate, o ministro se disse disposto a participar de um grupo para estudar e propor medidas de caráter legislativo que possam acabar com a impunidade no país. A iniciativa recebeu apoio do presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
 
Fonte: Agência Senado
 
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Por Claudio Leal

Com 52 anos de vida pública, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), 80, perdeu a crença em divergências partidárias. Cumprirá o mandato no Senado, e chega. “Não tenho mais projeto político. Mais quatro anos de mandato e, graças a Deus, vou concluir minha vida pública. Não tenho mais interesse. Sinceramente. E ainda me perguntam: por que não sai do PMDB? Sair pra onde?”, questiona o ficha-limpa Simon.

Erro nenhum em afirmar que o senador gaúcho teve apenas uma filiação nas últimas cinco décadas. Do PTB, ele saiu para fundar o MDB, nascido dentro do bipartidarismo da ditadura militar. “Eu sou do velho MDB, de combate à ditadura, um partido que era, modéstia à parte, extraordinário, digno, correto. Tentaram degolar, mas resistiu. Chegou ao governo, mudou tudo”.

Devoto de São Francisco de Assis, Simon parece mesmo ter procurado mais compreender, que ser compreendido. Mas, descumprindo parte da oração franciscana, esvazia a esperança. Os partidos brasileiros o desanimam. “Acho que está tudo mesmo a coisa: PSDB, PMDB, PT, PCdoB, tudo igual. Não vejo diferença nenhuma. Farinha do mesmo saco. Em nome da governabilidade se faz tudo. Isso foi invenção do Fernando Henrique. Ele fez um acordo com um grupo grande em nome da governabilidade”, ataca.

Depois de o ex-presidente Fernando Collor (PTB) declarar apoio a Dilma Rousseff (PT) e o PSDB de José Serra flertar com o ex-governador Paulo Maluf (PP), o peemedebista gaúcho não pondera: “Oito anos depois, veio Lula, fez os acordos com as mesmas pessoas do PMDB. No Senado, aliou-se a Collor. Agora, Serra faz acordo com quem quiser, na base da governabilidade. É um vale tudo, não tem mais diferença. Lula e Fernando Henrique são iguais”.

Para o senador, o ex-presidente Itamar Franco (1992-1994) assumiu uma postura diferente na relação com o Congresso Nacional. “Fui líder do Itamar. Qual foi o ato dele que não tenha tido a mais absoluta dignidade? Quando ele deixou de ser íntegro? O Plano Real, que foi a coisa mais importante, nós votamos aqui sem fazer nenhuma concessão. Não foi medida provisória. Não se deu um copo d’água, não me lembro de qualquer coisa”, relata o veterano, há quatro legislaturas no Senado. “Na CPI dos Anões do Orçamento, foi o único governo em que as coisas foram feitas até o fim”.

No debate eleitoral, José Serra caititua o Plano Real, colando-o ao PSDB banda FHC. Simon, contra a correnteza, destaca a importância de Itamar: “Ele foi o grande promotor do Plano Real. Fernando Henrique começou e saiu pra ser candidato. Depois veio a grande figura de ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. Infelizmente teve aquele momento infeliz, na entrevista à GloboNews, quando vazou o áudio no intervalo, ele dizendo que escondia o que era ruim. Com isso, tivemos o Ciro Gomes na Fazenda. Mas todo o Plano foi executado no governo Itamar, que elegeu Fernando Henrique. Justiça seja feita a Lula: ele continuou cumprindo o Real”, reconhece.

Simon critica a corte de tucanos, socialistas e petistas ao PP, partido oriundo da Arena, no Rio Grande do Sul. No Estado, o PMDB se afastou da governadora Yeda Crusius (PSDB), envolvida em escândalos de corrupção, e tentará a candidatura do ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça. “São alianças esdrúxulas de todos os lados. Não tem exceção”, mordisca, com uma rebarba para o PCdoB: “Era um partido radical… Hoje está aí com qualquer um”.

Daqui a quatro anos, talvez reste a Pedro Simon a leitura de “O Velho Senado”, de Machado de Assis.

FONTE TERRA MAGAZINE