Se condenado, deputado eleito pode pegar de dois a cinco anos de prisão
Oapresentador Walter Rabello, que é réu e pode ser condenado por tráfico de influência
ANTONIELLE COSTA
DA REDAÇÃO
O Ministério Público Estadual (MPE) reiterou o pedido de condenação do deputado estadual eleito e apresentador de TV Walter Rabello (PP) pelo crime de tráfico de influência, por envolvimento no suposto esquema comandado pelo empresário Júlio Uemura. Segundo o MPE, Uemura aplicava golpes financeiros em Mato Grosso e contava com respaldo político de Rabello, que o chamava de "chefe" e "padrinho".
Rabello é réu em ação penal que tramita na Vara Especializada do Crime Organizado, sob responsabilidade do juiz José Arimatéa Neves. O pedido de condenação foi reiterado pelo MPE, nas alegações finais do processo, assinada pelo coordenador do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), Paulo Prado, e pelo promotor Arnaldo Silva.
De acordo com o Código Penal, se condenado Rabello pode pegar de dois a cinco anos de reclusão, mais multa.
Segundo o MPE, Rabello fazia intervenções por meio de influência política quando Uemura tinha problemas em o Fisco Estadual, em troca, ele recebia doações financeiras.
"No caso ficou caracterizado o tráfico de influência, porquanto Walter Rabello obtinha a simpatia de Júlio Uemura e recebia dele várias doações em espécie, porque o apresentador do programa de televisão sempre intervinha em favor do empresário quando este tinha problemas com o fisco, que resultava em apreensão de caminhões e mercadorias", diz um trecho das alegações finais.
No relatório, o Gaeco apontou ainda que Walter teria oferecido uma vaga de assessor diretor na Assembleia Legislativa, para o empresário. A oferta foi feita durante uma ligação telefônica no dia 11 de dezembro de 2007, após solicitar apoio financeiro para a realização de uma campanha beneficente de Natal.
"Sua estreita relação com Júlio Uemura também restou comprovada através das conversas telefônicas onde se relatam empréstimos concedidos por Júlio Uemura, doação de cadeiras de rodas para seu programa, sendo que o denunciado Walter reconheceu no seu programa de TV, que recebeu o benefício, além do denunciado empregar enquanto deputado, pessoas indicadas pelo denunciado Júlio Uemura", diz outro trecho do relatório.
Ainda segundo o MPE, consta em uma agenda apreendida na Comercial Uemura que está apensa nos autos, uma extensa relação de pagamentos a Rabello. Os valores somam R$ 28 mil.
"Em seu interrogatório, Walter asseverou que os valores foram muito mais e alegou que era para fazer doações em seu programa de televisão. Em vez de resolver com advogado era mais fácil passar dinheiro para Walter Rabello, que com sua influência política resolvia o problema com mais agilidade", afirmou os promotores.
"Ato de bondade"
"Somente em nossas viagens da imaginação poderíamos creditar essas doações de Júlio Uemura a um ato de bondade e amizade. Sabendo-se de sua truculência, sabe-se que doava para ter retornos em influência políticas para facilitar seu esquema de sonegação fiscal", diz a parte final do trecho que cita a partição de Rabello no esquema.