"Ramis Bucair, segundo MP, também mama nos cofres públicos. Promotoria de Defesa do Patrimonio Público briga na Justiça para acabar com pensão que Riva inventou para privilegiar "desbravadores" de MT - e, desta forma, ampliar sua base de sustentação". (pagina do E)
Para entender de onde vem o poder de Geraldo Riva é importante ler a matéria desta segunda-feira de carnaval, do repórter Rodrigo Vargas, na Folha de S.Paulo.Ela mostra, nas suas entrelinhas, como é que Riva vai construindo seu "conceito" entre setores importantes de nossa sociedade: o ousado parlamentar, simplesmente, achou uma fórmula de ir distribuindo o dinheiro público, para embeiçar a turma. O mesmo Riva que encontrou um jeito muito legal de pagar generosos "patrocínios" para a imprensa, para o esporte, para as grandes redes de televisão como a Rede Globo local, A Gazeta e outros que tais, não se esqueceu também de beneficiar, também de forma aparentemente legal mas claramente imoral, os nossos, digamos assim, "desbravadores". É muita gente sendo adoçada por esta grana que jorra fácil. O que se está desbravando aqui, neste caso, é o dinheiro público, que deveria ser aplicado em políticas públicas, em favor, prioritariamente, dos pobres e dos filhos dos pobres. Confira a matéria do bravo e solitário Rodrigo Vargas que, ao invés de também entrar e faturar nessa folia, vai revelando ao Brasil como funcionam ou deixam de funcionar as coisas neste melífluo reino de Riva em Mato Grosso. Só faltou a lista completa de quem está na faturando esta boquinha indecente.( Pagina do Enock).
Sete técnicos que ajudaram a demarcar áreas a partir dos anos 50 têm o direito
Ação na Justiça contesta lei de 1998 que concede benefício pela "audácia" de ter enfrentado uma "selva intransponível"
Por RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Profissionais apontados como "desbravadores" de Mato Grosso recebem, desde 1998, uma pensão especial aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado.
FOLHA DE S. PAULO
Riva enxerga longe e envolve figuras tradicionais, como Ramis Bucair, nos negócios da Assembléia que o Ministério Público Estadual não vacila em qualificar como negócios sujos
Rodrigo Vargas, repórter da Folha de S. Paulo em Cuiabá
Ação na Justiça contesta lei de 1998 que concede benefício pela "audácia" de ter enfrentado uma "selva intransponível"
Por RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Profissionais apontados como "desbravadores" de Mato Grosso recebem, desde 1998, uma pensão especial aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado.
Os beneficiários são topógrafos e agrimensores que atuaram a partir dos anos 1950 na demarcação de áreas públicas e privadas em MT.
Da lista de 17 agraciados, segundo a Secretaria da Administração, 7 recebem o benefício até hoje -outros morreram ou tiveram a pensão cancelada pela Justiça.
Cinco dos "desbravadores" têm vencimentos de R$ 1.575,57 e dois recebem R$ 1.050,35. Ao todo, as pensões custam R$ 10 mil mensais aos cofres do Estado.
Além da lei que concedeu a pensão aos 17, em 1998, a Assembleia aprovou em 2004 uma extensão do benefício a outros 31 "desbravadores". Esta, porém, foi negada pelo governo do Estado e nunca chegou a ser paga.
"Foram anos e anos de muito trabalho pelo interior do gigantesco Estado de Mato Grosso", dizia a justificativa da concessão, assinada pelo deputado José Riva (PP).
Para os deputados, o pagamento da pensão se dava pela "audácia" dos beneficiários em atuar "numa época em que só os de suas estirpes ousavam se embrenhar na selva intransponível".
"SEM GPS"
Um dos ainda beneficiados é o agrimensor e espeleólogo (estudioso da formação e constituição de cavernas) Ramis Bucair, 77.
Presidente de uma sociedade dedicada a preservar a memória do marechal Cândido Rondon, Bucair diz que o benefício "não é um favor".
"Todos os que estão nesta lista mereciam muito mais", afirma. "Fomos aonde ninguém queria ir. Abrimos picadas em meio à floresta, sem GPS, enfrentando todo tipo de adversidade. Eu mesmo peguei malária 22 vezes."
Para o também agrimensor Alvanir dos Santos, 78, a pensão é "justa". "Não são valores exorbitantes", diz.
O ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) não quis fazer comentários sobre a pensão que é paga a seu pai, o agrimensor Elias Pereira dos Santos, 73. "Sou suspeito para falar de meu pai. Digo apenas que há pensões merecidas e não merecidas."
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público move ações para extinguir pagamentos remanescentes aos "desbravadores".
"Não há uma profissão mais importante que as outras. Do médico ao profissional de limpeza, todos contribuem para o Estado", diz o promotor Gustavo Dantas.
Segundo ele, trajetórias individuais singulares podem ser reconhecidas pelo Estado, mas sob a forma de honrarias: comendas, nomes de ruas e prédios públicos.
"Uma pensão nesses termos é uma cortesia com o chapéu alheio."
Mulher mais velha do país já teve benefício
DE CUIABÁ
Em dezembro de 2003, a Assembleia de MT aprovou um projeto do Executivo que concedia pensão especial a Ana Martinha da Silva, uma mulher de alegados 127 anos e reconhecida pelo "Livro dos Recordes Brasileiros" como a mais velha do país.
"Eu acredito na sensibilidade dos deputados", disse o então governador e hoje senador Blairo Maggi (PR), quando pediu a aprovação da pensão especial.
A concessão do benefício, de R$ 1.400 mensais, também foi defendida pela então primeira-dama, Terezinha Maggi, que chamou Ana de "mãe do Brasil".
"Agora, com esse salário mensal, ela poderá ter uma alimentação balanceada de acordo com as necessidades da idade", disse Terezinha.
A pensão chegou a ser paga, mas acabou suspensa em 2004 por recomendação do Ministério Público Estadual.
A intervenção gerou polêmica. Às afirmações de que atuara com "excesso de zelo", a Promotoria respondeu que a pensão não tinha "critérios legais" e que formas de amparo já estavam previstas no Estatuto do Idoso.
Ana Martinha da Silva morreu em julho de 2004, pouco tempo após a suspensão dos pagamentos. Oficialmente, estava prestes a completar 124 anos -ela, porém, dizia que havia nascido quatro anos antes da data registrada em seus documentos: 24 de agosto de 1880.
Em 2006, uma praça com seu nome foi inaugurada pelo governo em Cuiabá.
Da lista de 17 agraciados, segundo a Secretaria da Administração, 7 recebem o benefício até hoje -outros morreram ou tiveram a pensão cancelada pela Justiça.
Cinco dos "desbravadores" têm vencimentos de R$ 1.575,57 e dois recebem R$ 1.050,35. Ao todo, as pensões custam R$ 10 mil mensais aos cofres do Estado.
Além da lei que concedeu a pensão aos 17, em 1998, a Assembleia aprovou em 2004 uma extensão do benefício a outros 31 "desbravadores". Esta, porém, foi negada pelo governo do Estado e nunca chegou a ser paga.
"Foram anos e anos de muito trabalho pelo interior do gigantesco Estado de Mato Grosso", dizia a justificativa da concessão, assinada pelo deputado José Riva (PP).
Para os deputados, o pagamento da pensão se dava pela "audácia" dos beneficiários em atuar "numa época em que só os de suas estirpes ousavam se embrenhar na selva intransponível".
"SEM GPS"
Um dos ainda beneficiados é o agrimensor e espeleólogo (estudioso da formação e constituição de cavernas) Ramis Bucair, 77.
Presidente de uma sociedade dedicada a preservar a memória do marechal Cândido Rondon, Bucair diz que o benefício "não é um favor".
"Todos os que estão nesta lista mereciam muito mais", afirma. "Fomos aonde ninguém queria ir. Abrimos picadas em meio à floresta, sem GPS, enfrentando todo tipo de adversidade. Eu mesmo peguei malária 22 vezes."
Para o também agrimensor Alvanir dos Santos, 78, a pensão é "justa". "Não são valores exorbitantes", diz.
O ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) não quis fazer comentários sobre a pensão que é paga a seu pai, o agrimensor Elias Pereira dos Santos, 73. "Sou suspeito para falar de meu pai. Digo apenas que há pensões merecidas e não merecidas."
A Promotoria de Defesa do Patrimônio Público move ações para extinguir pagamentos remanescentes aos "desbravadores".
"Não há uma profissão mais importante que as outras. Do médico ao profissional de limpeza, todos contribuem para o Estado", diz o promotor Gustavo Dantas.
Segundo ele, trajetórias individuais singulares podem ser reconhecidas pelo Estado, mas sob a forma de honrarias: comendas, nomes de ruas e prédios públicos.
"Uma pensão nesses termos é uma cortesia com o chapéu alheio."
Mulher mais velha do país já teve benefício
DE CUIABÁ
Em dezembro de 2003, a Assembleia de MT aprovou um projeto do Executivo que concedia pensão especial a Ana Martinha da Silva, uma mulher de alegados 127 anos e reconhecida pelo "Livro dos Recordes Brasileiros" como a mais velha do país.
"Eu acredito na sensibilidade dos deputados", disse o então governador e hoje senador Blairo Maggi (PR), quando pediu a aprovação da pensão especial.
A concessão do benefício, de R$ 1.400 mensais, também foi defendida pela então primeira-dama, Terezinha Maggi, que chamou Ana de "mãe do Brasil".
"Agora, com esse salário mensal, ela poderá ter uma alimentação balanceada de acordo com as necessidades da idade", disse Terezinha.
A pensão chegou a ser paga, mas acabou suspensa em 2004 por recomendação do Ministério Público Estadual.
A intervenção gerou polêmica. Às afirmações de que atuara com "excesso de zelo", a Promotoria respondeu que a pensão não tinha "critérios legais" e que formas de amparo já estavam previstas no Estatuto do Idoso.
Ana Martinha da Silva morreu em julho de 2004, pouco tempo após a suspensão dos pagamentos. Oficialmente, estava prestes a completar 124 anos -ela, porém, dizia que havia nascido quatro anos antes da data registrada em seus documentos: 24 de agosto de 1880.
Em 2006, uma praça com seu nome foi inaugurada pelo governo em Cuiabá.
FOLHA DE S. PAULO
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