terça-feira, 12 de abril de 2011

MST tranca por 2 horas a BR-163 em segundo dia de protesto



ABRIL - JORNADAS DE LUTAS

No segundo dia consecutivo de protestos, cerca de 350 homens e mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) trancaram novamente na manhã de hoje (12 de abril), das 7h às 9h, a BR-163, no Trevo do Lagarto, em Várzea Grande (MT). Assim como ontem, eles fecharam, com pneus, os acessos para Cáceres, Rondonópolis e Jangada. Um fila de caminhões e carros se formou diante de cada uma das barreiras. Mas não houve conflito. A intenção, com os protestos, é pautar a reforma agrária e dar voz às famílias acampadas há anos em barracos de lona preta sem uma definição da vida.


É o caso de Nadir Cândida da Silva, 54 anos, casada. O marido dela, de 64 anos, está doente e por isso ficou em casa, no acampamento Vicente Nobre, na divisa dos municípios de Araputanga e Reserva do Cabaçal. Casa é modo de dizer, porque o casal de idosos vive em um barraco de lona preta há quatro anos. “Nessa idade, a gente não consegue mais trabalho pesado e não consegue também aposentar”, diz Nadir. Apesar das incertezas, ela e o marido plantam mandioca, milho, feijão e amendoim. “Antes de entrar para o MST a gente não sabia de nada, nem dos nossos direitos. Agora eu sei”. Na linha de frente da manifestação, diz lutar para conseguir a terra definitivamente.


Com a filha de 4 anos no colo, Janete Rosa, 27, mora nesse mesmo acampamento, há pouco mais de um ano. Também planta milho, mandioca, feijão e amendoim e cria galinhas. O irmão, de 33 anos, mora com elas em um barraco de lona preta. “Meu sonho é sair a terra, ampliar a lavoura e construir uma casa. Esse é o sonho de todos nós”.


Os trancamentos da rodovia abrem as Jornadas de Lutas do MST em Mato Grosso. Em abril o Movimento, em todo o país, lembra com tristeza o Massacre de Eldorado dos Carajás em que 19 sem-terra foram assassinados por pistoleiros. O Massacre aconteceu no Pará, há 15 anos; os assassinos continuam impunes.


No dia 18, os sem-terra seguem em caminhada até Várzea Grande, aonde vão se unir a outros movimentos sociais, para denunciar o estado de abandono daquela cidade.

No dia 19, a caminhada será na capital, encerrando com um ato político, conjuntamente com moradores de Cuiabá, para denunciar o descaso do poder público com a população de Cuiabá. Depois disso, a caminhada segue até o INCRA.



 

VEJA A PAUTA DO MOVIMENTO:



- Cumprimento das metas do Plano Nacional de Reforma Agrária de 2005 - Assentar 100 mil famílias ano;


- Revisão dos índices de produtividade. O Atual índice é de 1975;


- Reestruturação e fortalecimento do INCRA com valorização dos servidores e concurso público urgente;


- Mais Qualidade para os Assentamentos – Escolas, saúde, lazer etc..


- Plano Emergencial para Assentar 90 mil famílias que estão acampadas vivendo em péssimas condições;


- Aumento de recursos para o PRONERA;


- Renegociação das dívidas dos assentados e liberação de créditos para as famílias assentadas


- Construção de Agroindústrias cooperativadas nos assentamentos;


- Incentivo a Produção agroecológica


- Universalizar a Assistência Técnica para todas as famílias assentadas.



Principais pontos de pauta em Mato Grosso:

- Assentamento imediato de 2.500 famílias

- Infraestrutura básica para os assentamentos, como estradas, postos de saúde da família, melhoria as escolas do campo e principalmente água potável.

- Assistência técnica para todas as famílias assentadas

- Cursos técnicos e superiores para assentados e seus filhos/as

- Reorganização do INCRA com pessoas no comando que tenham mais disposição de resolver os problemas dos acampamentos e assentamentos, que tenham mais capacidade técnica e administrativa e vontade política de negociar com os movimentos sociais, governo do estado e prefeitos.

Fonte: Direção Estadual do MST MT
 
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