Para 75,6% dos entrevistados, todos os políticos roubam, e 60,8% concordam total ou parcialmente que político honesto não tem sucesso na política. A figura do político que “rouba, mas faz” é aceita por 59,6% dos chefes de família.
Thais Tomie
redação 24 Horas News
Os políticos estão desacreditados. Os partidos na mesma situação. O grau de credibilidade deles é tão baixa, mas tão baixa, que a primeira associação que a população faz ao falar em participação política está relacionada à corrupção, roubo e propina. É o que mostra a pesquisa realizada pelo Instituto Vetor, divulgada nesta quinta-feira, dia 27, que mediu o grau de interesse dos chefes de família em relação a política. O levantamento mostrou que apenas 3,8% participam ativamente do processo político.
É muito pouco. Segundo o levantamento, o interesse do cidadão é muito reduzido. Seja como eleitor ou como agente, esse envolvimento – tão necessário para fazer prevalecer o interesse do povo – é pouco sentido, o que garante solo fértil para quem deseja se utilizar da política para promover mazelas de toda ordem.
O levantamento indicou que 67,7% dos chefes de família afirmaram nunca ter exercido alguma participação política. Do universo pesquisado, 25% dos entrevistados já participaram, isto é, já tiveram contato, mas não significa que ainda estejam envolvidos em algum processo. Dentre os chefes de família que afirmaram já ter tido algum tipo de participação política, 9,3% disseram que esta se deu por meio de trabalho em campanhas eleitorais ou atuando como cabo eleitoral.
De acordo com 5,9% dos entrevistados, o principal motivo que levou a participar politicamente de algum ato foi a possibilidade de trabalho ou de ganhar algum tipo de renumeração, salário ou dinheiro. Cerca de 25,3% dos chefes de família responderam que a falta de interesse e o não apreço pelo assunto política são as principais justificativas por nunca terem participado politicamente. Para 1,8% dos cuiabanos dizem estar descrente com a política.
Para 75,6% dos entrevistados, todos os políticos roubam, e 60,8% concordam total ou parcialmente que político honesto não tem sucesso na política. A figura do político que “rouba, mas faz” é aceita por 59,6% dos chefes de família.
“Há um descrédito, uma imagem negativa em relação a políticos e partidos, ou seja, no senso comum o político é cheio de falcatruas, e isso faz com que o chefe de família adote uma postura de descrédito e desconfiança em relação à política”- observa a socióloga Miriam Braga, diretora geral da Vetor Pesquisas.
Outro fato que acaba afastando o cuiabano do processo político é a baixa informação sobre as questões políticas. Pelo levantamento, 87,5% dos entrevistados possuem média/baixa ou nenhuma informação política. Apenas 10,9% possuem alta informação política. Segundo a pesquisa, o percentual daqueles que possuem alta informação política se eleva à medida que a escolaridade, a classe socioeconômica e a renda mensal familiar também são elevadas.
A pesquisa também mostrou que mais de 75% dos entrevistados concordam totalmente ou parcialmente que todos os políticos roubam. Aproximadamente 60% concordam que político honesto não tem sucesso na política e também que é melhor um político que faça muitas obras, mesmo que roube um pouco, do que um político que é honesto, mas não tenha realizações.
Entre os cuiabanos, mais um dado que merece atenção: 45,7% afirmaram que já foi oferecido a eles produtos, benefícios ou dinheiro em troca de voto. Mas o surpreendente é que 51,2% dos entrevistados da classe A/B afirmaram que já foram abordados com algum benefício. Já 38,6% da classe D afirmaram o mesmo. A avaliação mostra que nesse caso, que os políticos não procuram somente aqueles que são necessitados, mas qualquer pessoa.
Como solução para a participação pouco expressiva, Miriam aponta um caminho: o fortalecimento partidário. De acordo com ela, os políticos não se preocupam fora do período eleitoral de fazer algum trabalho mais presente de conscientização e orientação. E talvez a saída fosse um fortalecimento dos partidos para que pudessem ter linhas mais claras de posicionamento a respeito de grandes temas.
“Hoje o cidadão não consegue identificar qual é a linha mestre do partido e por isso ele está votando na pessoa e não na postura partidária. Se houvesse um fortalecimento da linha ideológica e postura partidária o cidadão veria com clareza a política e participaria mais do processo” – argumentou.
O levantamento foi feito entre os dias 11 a 18 de fevereiro com 505 chefes de família de ambos os sexos que moram em Cuiabá. A margem de erro aproximada é de 4,4%, com intervalo de confiança estabelecido em 95%. A técnica de pesquisa utilizada foi o survey de opinião, com abordagem domiciliar.
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