quinta-feira, 28 de abril de 2011

Professores da UFMT fazem ato público no Centro de Cuiabá



Professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) cruzaram os braços hoje, dia 28 de abril, e, para marcar a paralisação, fizeram pela manhã, no Centro de Cuiabá, um ato público contra a ameaça de congelamento dos salários do funcionalismo público até 2019 e a precarização do trabalho docente.

Não houve aula da UFMT e no IFMT, nos campi de Cuiabá e do interior. As aulas voltam ao normal amanhã (29).

O ato, realizado em parceria entre a Associação dos Docentes da UFMT (ADUFMAT S.SIND.) e os docentes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), começou com uma caminhada, do IFMT até a praça Alencastro.

Na rua Barão de Melgaço,a caminhada parou por um minuto, no cruzamento com a Cândido Mariano.

Durante o percurso, alguns manifestantes usaram nariz de palhaço, para denunciar o Projeto de Lei Parlamentar (PLP) 549, que propõe o congelamento.

O presidente da ADUFMAT S.SIND., Carlos Alberto Eilert, disse que essa paralisação servirá para dialogar com a sociedade sobre uma série de distorções que vêm sendo recorrentes no ensino superior e técnico. “O Governo Federal entende que deve ampliar o acesso às escolas públicas de ensino superior, nós também, mas é preciso contratar mais professores para não superlotar as salas de aulas. Além disso, os prédios novos não dão conta da nova demanda universitária. Para piorar, alguns deles já apresentam rachadura, vazamento de água. Na UFMT, tudo tem sido na pressão. O Hospital para grande animais, por exemplo, da Veterinária, nunca saiu. O de pequenos animais só saiu, porque os alunos ficaram um semestre sem aula e houve uma greve”.

Eilert destaca que também tem sido rotineiro o assédio moral na UFMT, principalmente contra os novos docentes, ainda em estágio probatório. “Nós precisamos de dignidade no trabalho e não de mais problemas”.

Eilert atacou ainda a MP 520, que cria uma empresa de caráter privatista para gerir os hospitais universitários, e a MP 525 que permite a contratação de professores temorários, sem quaisquer direitos trabalhistas, menos ainda que os substitutos.

Os docentes do IFMT temem ainda a PLP 248, também em trâmite, que propõe a demissão compulsória de concursados, em algumas situações.

Sobre o ato, a presidente do Sindicato dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) em Mato Grosso, Alenir Ferreira, disse que “esse é o momento do choro, temos que lutar é agora, porque essas PLPs que nos arrasam, se aprovadas, vão prejudicar não somente os docentes, mas atingir alunos e a sociedade”.

A professora da UFMT Sirlei Silveira, que estava no ato, avalia que a luta dos trabalhadores sempre foi uma luta de rua, daí a importância de momentos como esse. “Com mais gente ou com menos gente, é nessa hora que apresentamos nossas indignações e debatemos com a sociedade”. Sobre o congelamento dos salários, ela diz que esse é um Projeto de Lei descabido com relação à defesa dos servidores públicos federais, mas está em forte sintonia com a proposta mais geral de desmonte da coisa pública. “Esse congelamento é uma forma de desmobilizar o funcionalismo federal e quebrar o interesse das pessoas em abraçar essa carreira”, lamenta.

A carreira do professor de universidade já teve outro status e respeito. É o que diz a Professora da UFMT Marluce Souza Silva. Segundo ela, “hoje temos consciência de que somos trabalhadores preteridos, porque estamos em uma instituição que ainda pensa e pensar é uma das formas de tirar o Brasil da situação de miséria, mas isso vai contra os interesses de muita gente, porque se não existem mais pobres, não existem mais ricos”.

O professor da UFMT Evandro Moreira, que não é sindicalizado, mesmo assim, resolveu participar do ato, porque tem sentido na pele os problemas estruturais da UFMT. Ele é um dos professores novos, que entrou na Universidade no concurso de 2008. “É muito aluno para poucos professores. Tanto é que temos ficado focados em apenas dar aula, não tendo tempo para outras atividades, que também fazem parte da formação constante do docente”.

Há 19 anos professor do IFMT, Ivo da Silva destaca a indignação com a política Lula/Dilma, que propõe “um negócio tão absurdo como esse de congelar salários por tantos anos”.

A professora Sílvia Stering, também do IFMT, reforça que o aluno é afetado por esse descaso com a educação.

É por isso que a estudante de Desenvolvimento de Sistemas no campi de Cáceres compareceu ao ato. Ela veio de ônibus, com professores, servidores e alunos de lá. “Venho aqui em defesa da qualidade de ensino, mas também para apoiar os meus professores, para que sejam valorizados e possam acreditar no trabalho que desenvolvem”.
 
Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa da ADUFMAT S.SIND.
 
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