quinta-feira, 23 de junho de 2011

SIGILOS, MAMATAS E A FESTANÇA DA CARA-DE-PAU.



Pois é, caro leitor, a relação de amor entre políticos e empreiteiros é coisa antiga e bem conhecida de qualquer um de nós. Entretanto, em tempos de grandes festanças, e com eventos que exijam grandes obras; essas relações normalmente nada lícitas tornam-se ainda mais sujas quando analisadas de perto. Daí talvez o motivo para a vontade de manter em sigilo todas as transações envolvendo a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

A aprovação de sigilo para essas obras só marca mais um capítulo na novela de triste fim em que se tornaram as obras para esses eventos. Tudo porque, com o óbvio objetivo de dificultar a execução dessas obras, o governo retardou repasses; atrasou projetos e criou uma série de entraves para, no final, proporcionar a necessidade de correria e do famoso “Regime Diferenciado de Contratações”. O que, na prática, nada mais é do que o expediente predileto de todo bom político ou funcionário público corrupto: Criar uma dificuldade para vender uma facilidade.

Quando pesquisamos ainda mais a fundo; podemos verificar que o sigilo proposto visa simplesmente coibir a revelação dessas “bondades” trocadas entre políticos e empresários que normalmente se traduzem em um assalto aos cofres públicos e enriquecimento de ambas as partes. Mais uma vez, o povo assiste a tudo calado e sorridente; focado apenas na ansiedade pela realização da Copa e pela vitória do “Brasilzão-de-Meu-Deus”. Se a seleção vence: dane-se que não haja hospitais; dane-se que eu tenha que pisar no esgoto para entrar ou sair de casa; dane-se que meu filho de dezoito anos tenha concluído o segundo grau e mal saiba ler e escrever. O que interessa mesmo é o sentimento de “patriotismo” e o “orgulho” de ver o “Brasilzão-de-Meu-Deus” no topo do pódio.



Um verdadeiro escândalo de roubalheira e uma festança de mamatas incontroláveis se avolumam diante de nossos olhos impassíveis e condescendentes. Enquanto pagamos mais e mais impostos e recebemos cada vez menos por eles. Os políticos enriquecem, os empresários nadam em dinheiro e gerações de ambos os lados se sucedem escravizando uma população apática e cada vez mais omissa.

Tudo isso ficou bem exposto graças à tragédia que vitimou uma família de empresários no Rio de Janeiro. A queda de um helicóptero, pilotado por um dos empresários responsáveis por grande volume de obras no Estado do Rio de Janeiro, revelou através da morte da namorada do filho do governador do Estado – Sérgio Cabral Filho – que ele e sua família eram convidados do empresário para um final de semana num Resort do litoral baiano.

Paralelamente a isso, acabou-se revelando também que o empresário Eike Batista empresta jatinhos e também promove benesses para o governador e sua família e o empresário morto era dono de uma empresa que, sozinha, detêm mais de um quarto de todas as obras sem licitações do estado e possui contratos que ultrapassam um bilhão de reais em obras no geral. Somando-se a isso as denúncias que já jogavam um manto de suspeição sobre a figura de Sérgio Cabral como a estranha relação de trabalho do escritório de advocacia em que sua esposa trabalha e as empresas que prestam serviços para o Estado e contratam a assessoria desse escritório – entre as quais a Supervia, as Barcas e o Metrô – acusadas de uma série de irregularidades e violações dos contratos de concessão; mas que, ainda sim, obtiveram a renovação de seus contratos que na verdade deveriam ter sido rescindidos ou, pelo menos, revistos diante de tantos desmandos; do serviço de péssima qualidade e até de violências corriqueiramente praticadas contra os usuários.

Mesmo antes dessa tragédia, Sérgio Cabral, já teve seu nome envolvido num possível favorecimento a empresários do litoral fluminense ao editar um decreto que reviu as condições e limitações das áreas de preservação ambiental na região de Angra dos Reis e cujos efeitos danosos foram apontados como responsáveis pela tragédia ocorrida no Ano Novo de 2010. Diante da repercussão e das acusações que começavam a aparecer; Sérgio Cabral reeditou o decreto removendo as alterações feitas inicialmente.

E é assim; diante de uma população anestesiada, omissa e conformada que um verdadeiro festival de mamatas e caras-de-pau desfila impunemente e a todo vapor, capitaneado por corruptores adulando corruptos com toda sorte de presentinhos, mimos e facilidades.

Agora, me diga caro leitor, para quem sobrará a enorme conta a pagar depois dessa festança e todas as dificuldades para que isso ocorra?

Pense nisso. Mas, sem sigilo.

Fonte: Visão Panorâmica

Leia mais:

Vergonha Nacional nº 13.171 > Copa do Mundo custará 100 bilhões 

"Copa do Mundo vai custar R$ 100 bilhões para o Brasil", diz Romário
Valor será, no mínimo, dez vezes maior do que o previsto pela CBF em 2007 

Pergunta do Canal R7: A previsão da CBF em 2007 era de que a Copa custaria cerca de R$ 10 bilhões para o Brasil...

  
Resposta de Romário - Deputado Federal (PSB/RJ): A Copa do Mundo vai chegar a R$ 100 bilhões. O valor de todas as obras para a Copa do Mundo vai chegar a R$ 100 bilhões. Pode escrever o que eu estou te falando hoje.

Aí eu pergunto: um país que vai gastar R$ 100 bilhões em um evento como a Copa não poderia gastar ao menos 20% desse dinheiro, o que seria viável, e colocar nos nossos hospitais públicos, nas nossas escolas, em instituições como Apae e Associação Pestalozzi, que precisam?

Não precisava nem ser 20%. Com 10% desses R$ 100 bilhões você resolve, talvez, 80% dos problemas dessas áreas em cada Estado.
 

Fonte: Os Verdes de Tapes / via Facebook/R7

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