Enfrentamento da greve na Educação destaca diferença entre Serys e Rosa Neide, nomeada por Abicalil e Ságuas. A primeira, solidária com grevistas, enfrentou governador e apoiou a greve. A secretária de hoje, é a primeira a reprimir uma greve justa
Da pagina do Enock
No final dos anos 80, quando Mato Grosso era governado pelo peemedebista Carlos Bezerra, o nosso Estado também assistiu a uma greve do trabalhadores da Educação. Só que, naquela época a secretária de Educação era uma professora chamada Serys Slhessarenko, então filiada ao mesmo partido do governador, o PMDB. Ao contrário do que acontece hoje, naquela época, a professora Serys resolveu enfrentar seu amigo governador e ficar ao lado dos professores. Bezerra mandava Serys demitir as lideranças do movimento grevista - e Serys não demitia. Bezerra mandava Serys cortar o ponto dos grevistas - e Serys não cortava. Resultado: Serys é que acabou sendo demitida pelo truculento governador Bezerra. Só que ela saiu do cargo nos braços dos professores e dos demais trabalhadores, que durante a greve passaram a exibir em suas roupas uma tarja preta, em protesto contra a demissão daquela valente professora que defendia a sua categoria.
Os anos se passaram - e hoje a secretaria de Educação se chama Rosa Neide. Ela foi indicada para o cargo pelo grupo do PT que é comandado pelo também professor Carlos Abicalil, pelo procurador do Estado Alexandre César e pelo médico Ságuas Moraes. Gente que, ao longo do tempo, conseguiu hegemonizar o movimento dos professores, transformando os assalariados que se articulam em torno do Sintep em sua principal base de sustentação no Estado. Foram os professsores, pelo Estado afora, que fizeram de Carlos Abicalil um fenômeno de voto. Cada sede do Sintep, nos mais diversos municipios, se transformou em base de sustentação do crescimento da carreira política de Abicalil, de Alexandre e de Ságuas. Essas três lideranças políticas, colocaram Ságuas na Educação, no tempo em que o governador era Maggi. Agora, que o governador é Silval, e Ságuas havia sido eleito deputado federal, eles indicaram para o cargo a professora Rosa Neide, que já fora secretária de Educação em Diamantino e tem um passado de militancia na antiga Ampe e no Sintep.
Só que, aparentemente, quando ascendeu à função de secretaria de Educação, Rosa Neide se esqueceu do seu passado de professora, se esqueceu dos seus companheiros do magistério e do Sintep, virou as costas para sua categoria. Hoje, Mato Grosso tem, na figura da professora Rosa Neide, a principal repressora do movimento dos profissionais da Educação. Com ela não tem diálogo. Ela não trabalha para resolver a crise que se instalou entre professores e governo do Estado - parece querer, cada vez mais, alimentá-la.
Os professores, que agora sofrem e esperneiam sob o chicote da secretária indicada por Abicalil, por Alexandre e por Ságuas são, em grande número, os mesmos que, ao longo dos anos, preferiram se esquecer da professora Serys e fortalecer uma corrente política, dentro do PT, que acabou produzindo este fenômeno chamado Rosa Neide.
Será que os professores e demais trabalhadores da Educação, os ditos formadores de opinião da Educação, vão aprender, de uma vez por todas, que tudo que se planta, se colhe? Será que, de todo este episódio, eles vão tirar a lição certa.
E eu também pergunto: onde está a professora Serys? Por que ela sumiu das lutas de sua categoria em Mato Grosso? Para ser imprescindível, é preciso lutar sempre.
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Rosa Neide caga e anda para críticas de sua categoria e cumprirá ao pé da letra ordem do desembargador "sub-judice" Tadeu Cury: grevistas passam a ser descontados em seus salários, de forma implacável, pelo governo de Silval, a partir desta terça
Rosa Neide, secretária de Educação, foi escolhida por Abicalil, Ságuas e Alexandre, para comandar a Seduc em nome do PT
Por Enock Cavalcante
A professora petista Rosa Neide, indicada pelo grupo do ex-deputado Carlos Abicalil para comandar a secretaria de Educação, no governo da coligação PMDB-PT-PR parece que está pouco ligando para as críticas disparadas contra ele por diversas lideranças de sua categoria. Ao mesmo tempo que anuncia que não haverá nova proposta salaraial para os grevistas, Rosa Neide garantiu - segundo A Gazeta - que já determinou à Seduc o estrito cumprimento da determinação do desembargador "sub-judice" José Tadeu Cury que, em decisão liminar, declarou a ilegalidade da greve. A partir desta terça, a paralisação passa a doer no bolso dos grevistas, com desconto dos dias parados. O Sintep também está ameaçado de pagar multa diária de 50 mil reais. Veja o que divulga a imprensa.
Seduc começa descontar faltas
De A GAZETA
Procurada para comentar a decisão do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep) em permanecer em greve, a Secretaria de Educação (Seduc), por meio da assessoria de imprensa, informou que manterá os procedimentos determinados pelo desembargador José Tadeu Cury para garantir o retorno dos alunos às aulas. A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico do dia 22 de junho.
Segundo a secretaria, o corte de ponto dos trabalhadores grevistas está mantido. A partir de hoje, aqueles que não comparecerem às escolas para trabalhar terão suas faltas descontadas dos vencimentos. A Seduc também não encaminhará nova proposta salarial aos grevistas por entender que o valor oferecido está no limite do possível da pasta. Todos as outras reivindicações da categoria, como o pagamento de hora-atividade aos interinos e convocação imediata dos aprovados no concurso público, poderão ser negociadas.
Sobre as denúncias realizadas pelos professores de que a secretaria tem realizado ameaças, a Seduc nega todas as acusações. Segundo a assessoria, o corte de ponto, considerado pelo Sintep como uma tentativa de coagir a categoria, faz parte da liminar concedida pelo desembargador. Porém, os valores descontados serão restituídos no momento em que as aulas forem repostas aos alunos, após o retorno às atividades. De acordo com a Seduc, nesta segunda-feira (27) cerca de 80% dos profissionais já voltaram às atividades.
A suspensão da greve dos professores foi pedida pela Procuradoria Geral do Estado (PGE). Conforme o procurador geral, Jenz Prochnow Júnior, a medida foi tomada pela recusa por parte da categoria em negociar os itens de sua pauta de reivindicações. (GN)
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Professores mantêm greve; ponto cortado
Sintep anunciou ontem decisão de dar sequência à paralisação, mesmo diante de liminar que determina retorno. Governo anuncia que vai ter cortes
ALECY ALVES
DO DIÁRIO DE CUIABÁ
Os professores das escolas públicas estaduais, parados desde o último dia 6, decidiram manter a greve por tempo indeterminado, mas podem ter o ponto cortado a partir de hoje.
No final da tarde de ontem, a categoria se reuniu em assembleia geral, aprovou a manutenção do movimento e saiu em passeata pelas ruas centrais de Cuiabá.
Essa decisão confronta a liminar do desembargador José Tadeu Cury, que determina o retorno ao trabalho e o corte de pontos daqueles que insistirem em continuar parados. A Justiça pune também o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública (Sintep) com multa de R$ 50 mil para cada dia de manutenção da greve.
De acordo com o presidente do Sintep, Gilmar Soares Ferreira, o retorno ao trabalho está condicionado ao atendimento da proposta salarial. Ferreira disse que a categoria decidiu recuar na data de pagamento do novo piso, mas não no valor de R$ 1.312.
O sindicalista anunciou que podem abrir mão do mês de maio, data-base de negociação salarial, porém não aceitam a elevação gradativa para chegar ao valor reivindicado apenas no mês de dezembro. “Essa é uma proposta alternativa”, assinalou.
A alegação de impossibilidade de negociação salarial, como fez a Procuradoria Geral do Estado (PGE) no pedido de declaração de ilegalidade da greve, porque a categoria estaria inflexível, é contestada pelo Sindicato.
Além de recorrer da liminar, ontem o Sintep divulgou uma nova avaliação do movimento grevista. Conforme Gilmar Ferreira, 70% das escolas continuam total ou parcialmente paradas. O percentual seria referente ao levantamento feito até dia 24. Hoje, já com os efeitos da liminar, o sindicato apresentará novos dados mais recentes.
O sindicalista considera natural que uma parcela retorne ao trabalho nos próximos dias por conta da repercussão da liminar. Entretanto, o comando de greve permanece atuando na tentativa de mostrar a importância da paralisação.
Além de permanecerem acampados na praça Ulisses Guimarães (avenida Rubens do Mendonça), enfrente ao Pantanal Shopping, os grevistas estão com a agenda cheia. Para esta semana, o Sintep programou panfletagem, caminhada e ato público.
A Seduc informou que a partir de hoje os professores grevistas terão o ponto cortado. A ausência deles nas escolas será considerada falta injustificada. Isso porque a liminar publicada no Diário da Justiça do dia 22 de junho estipulou prazo de 72h para os professores voltarem ao trabalho
Fonte: Pagina do Enock
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Declaração de ilegalidade da greve por Tadeu Cury não intimida grevistas. Em assembléia alegre, profissionais da Educação endurecem criticas ao governo de Silval. Gilson Romeu quer Rosa Neide como "persona non grata"
Na abertura da reunião, a faixa já dava o tom da disposição dos grevistas
Da pagina do Enock
Foi uma assembléia alegre, movimentada, sacudida, com muita gente sambando no salão, antes de se iniciar a discussão das propostas, no ambiente superlotado do ginásio da Escola Presidente Médici, em Cuiabá. Enquanto Silval Barbosa se esconde, evitando assumir as responsabilidades que lhe competem como governador, os profissionais da Educação seguem fortalecendo o seu movimento. Depois da assembléia desta segunda-feira, 27 de junho de 2011, demonstrando muita garra, os professores e demais profissionais do ensino público - caminhando, cantando e seguindo a canção - fizeram nova caminhada até o centro de Cuiabá, para demonstrar à população de todo Mato Grosso, que a declaração da ilegalidade da greve, através de uma liminar (decisão provisória da Justiça) que a procuradoria do Estado conseguiu arrancar do desembargador Tadeu Cury, não teve o condão de arrefecer a disposição deles todos na defesa dos seus interesses e dos interesses da população. A assessoria jurídica do Sintep já apresentou recurso para derrubar a liminar - o que, espera-se, aconteça nas próximas horas.
O tom dos discursos contra o governador Silval e contra o governo da coligação PMDB-PT-PR foi mais duro desta vez. À medida que o tempo passa, e a greve se arrasta, sem nova proposta do governo, a paciência dos grevistas vai ficando menor. O presidente do Sintep, Gilmar Ferreira Soares chegou a sugerir que o atual governador, quando em campanha eleitoral, mentiu despudoradamente para a população. Cadê a Educação para enfrentar a realidade de violência em meio à qual vivem (e morrem muito) os jovens de Mato Grosso? Até quando vai continuar esta mendicância por recursos para a Escola Pública? Até quando teremos salas atulhadas de alunos, tendo aulas com tantos e tantos professores contratados, interinos, que trabalham sem qualquer estabilidade? Cadê a prioridade de investimentos na Educação? Segundo Gilmar, a luta dos grevistas vai bem além dos salários e é uma luta em defesa de um projeto educacional que priorize, efetivamente, os interesses do povo.
Outro orador na assembléia, o professor Edmilson, sugeriu que personalidades como Carlos Abicalil, que conquistaram posições de destaque a partir do apoio que tiveram da categoria, sejam procuradas para intervir junto aos governantes e forçar uma negociação mais digna com quem só faz greve porque luta por dignidade na escola pública. Mais revoltado - e menos complacente - o professor Gilson Romeu, de Cuiabá, sugeriu que a secretaria Rosa Neide, da Educação, que está pressionando de todas as forças os professores para que enfraqueçam o movimento comandado pelo Sintep, que ela seja declarada "persona non grata" à categoria. Na agitação da assembléia, marcada por tantos momentos de vibração, de vaias, de alegria e de protestos, a proposta de Gilson Romeu acabou não sendo submetida a voto. Foi muito aplaudido o trecho do discurso de Romeu quando ele garantiu que o deputado Geraldo Riva, presidente da Assembléia, não é parceiro confiável dos trabalhadores, na sua atual negociação, já que Riva é um político ficha suja, "mais processado do que Al Capone".
Gilson Romeu não perdoa vacilos da secretária Rosa Neide: "persona non grata"
O professor Amaral, depois de lastimar que aqueles que foram eleitos pelos professores acabaram virando as costas para estes mesmos professores, argumentou que o piso pretendido pela categoria não paga um café da manhã sequer da familia do desembargador que declarou a ilegalidade da paralisação. "Sabemos que R$ 1.312 é muito pouco, mas nem esse pouco eles querem nos dar", reclamou. Fátima, de Várzea Grande, puxou a orelha da enorme platéia dizendo que os profissionais da Educação não sabem votar - e, por isso, acabarim elegendo políticos que logo depois só sabem apunhalar professores e demais trabalhadores pelas costas. Além da continuidade da greve, os professores decidiram, também que, na quinta-feira, dia 29, vão voltar às ruas, com nova manifestação no centro de Cuiabá. Segundo outro orador, o professor Antônio, o movimento grevista comandado pelo Sintep "já estremeceu Mato Grosso". Confira, abaixo, comunicado oficial do Sintep sobre a assembléia desta segunda-feira.
Fonte: Pagina do Enock
"A greve continua, Silval a culpa é sua!", afirma categoria
Em assembleia geral, trabalhadores da educação votam a continuidade da paralisação
Em assembleia geral, trabalhadores da educação votam a continuidade da paralisação
Gilmar Soares comandou mais uma assembléia e puxou o coro contra Silval
Os trabalhadores da educação decidiram aprovar a continuidade da greve até que as reivindicações sejam atendidas, em assembleia geral realizada na tarde desta segunda (27), na Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá, com representantes de mais de 50 municípios. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Gilmar Soares Ferreira, "a afirmação do governo de que a greve é ilegal nunca foi e continuará não sendo um problema para o sindicato".
Gilmar Soares acrescentou que os trabalhadores da educação repudiam as atitudes da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc/MT) e seus órgãos, que tentam pressioná-los a voltar ao trabalho. "Nossa pronta resposta é que não suspenderemos a greve e iremos recorrer da liminar até a última instância. Não baixamos a cabeça para essa elite que desvia recursos da educação", afirmou o presidente. Os estudos do sindicato já comprovaram que é possível a implantação imediata do piso salarial de R$1.312, 00, uma das reivindicações dos profissionais da educação.
Cerca de 70% das escolas estão paralisadas em todo o Estado e o movimento procura cada vez mais o apoio dos trabalhadores que não aderiram à greve, da população e dos estudantes. Por isso, a categoria também condicionou a suspensão da greve com, no mínimo, a apresentação de uma proposta alternativa nas questões reivindicadas e decidiu realizar atos em todas as cidades de Mato Grosso para fazer pressão junto às autoridades, ao Governo Itinerante e aos parlamentares de cada região. Além disso, fortalecerá a presença dos grevistas no acampamento, que permanecerá montado na Praça Ulisses Guimarães, em Cuiabá, e aprovará um manifesto de convocação de luta aos trabalhadores que não paralisaram as atividades. Na próxima quinta-feira (30), às 14h, será realizado um ato público para manifestar publicamente contra a decisão do desembargador José Tadeu Cury de declarar a ilegalidade do movimento com o slogam: "Ilegal é o Tribunal" e "De forma ilegal age o governo". O local será definido pelo Sintep/MT.
Os trabalhadores da educação lutam pela implantação imediata do piso salarial de R$ 1.312,00, mas também pelo pagamento das horas atividades para professores contratados, pela posse imediata dos professores aprovados e pelo avanço na lista dos classificados nos concursos. O movimento é para garantir que os professores tenham condições de se dedicar integralmente aos seus alunos, sem precisar ter dois ou mais empregos. Além disso, é preciso investir na estrutura das escolas para que educação de qualidade seja levada à população.
A luta continua- A atitude lamentável do governo do Estado, de não dar importância e o investimento necessários para a educação, impulsiona o movimento e dá forças aos trabalhadores para lutar pelas reivindicações. Segundo o professor contratado do Estado, Robinson Cireia, "não podemos aceitar voltar ao trabalho pela espada de um governo controlador. Temos que aumentar a mobilização".
João Pinheiro, professor efetivo da rede estadual, reiterou a importância do movimento. "Esse é um momento crucial. Esse governo não tem vergonha na cara, estão fazendo todos os trabalhadores da educação de escravos. Nós não podemos deixar isso em branco. Vamos mostrar que o sindicato não tem medo e luta pelos nossos direitos", frisou o professor.
A busca por mobilização levou o aluno e presidente do grêmio estudantil da Escola Estadual Liceu Cuiabano, Victor Hugo Silva Teixeira, a discursar em favor dos profissionais da educação e manifestar seu total apoio à causa. "Os professores precisam explicar dentro de sala de aula a importância de lutas como essa, precisam politizar os alunos. A maioria deles nem sabe o que está acontecendo, por isso não está aqui. Sinto vergonha da decisão da minha escola de retornar as atividades. Proibir a greve é ir contra a liberdade democrática. Os alunos são enganados, acham que estão sendo ensinados, que estão aprendendo algo, mas não estão", denunciou o aluno.
FONTE SINTEP MT
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