quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A MÚSICA DO DIA...


 ...é de 40 anos atrás: "Bezerro de ouro", de Sérgio Ricardo, bem apropriada para um momento em que tantos se afligem tanto com a possibilidade de que a crise cíclica do capitalismo evolua para uma depressão como a da década de 1930 -- sem levarem em conta que tal depressão é apenas questão de tempo.

Mais dia, menos dia ocorrerá, como prêmio por tardarmos tanto em nos livrar do capitalismo putrefato, com forte risco de ele nos acarretar uma terrível penúria e as piores catástrofes ambientais.



"Os bancos de caixa forte
que eram rochas, se quebraram
e um rio de dinheiro correu.
Os habitantes da Terra,
tão descuidados pescadores,
içaram velas ao vento
pra se afortunar.

Pesca o dólar,
pesca o rublo
e a libra esterlina.
Pesca as tranças
empenhadas
da pobre menina.
Pesca o amor, que foi vendido
protestando estima.

O dinheiro faz dinheiro,
esse rio multiplicou-se
e a Terra, submergindo, naufragou.
Os habitantes da Terra,
tão descuidados pescadores,
se afogaram no dinheiro
sem se aperceber.

Pesca o dólar...

Um banqueiro precavido,
dono da arca, pôde salvar-se,
levando remanescentes
para o amanhã:
umas tranças de menina,
tão empenhadas de esperança
e um bezerro de ouro,
lacrimejado em brilhantes.

Pesca o dólar.."

Leia mais:


AOS HOMENS OCOS



Quem são esses homens incapazes de se indignar com os tormentos infligidos aos indefesos, esses homens que se mantêm olimpicamente insensíveis à dor de seus semelhantes?

São os homens ocos.

A eles T. S. Eliot dedicou um poema terrível e terrivelmente belo, do qual reproduzo os versos que vêm ao caso:

"Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada


Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor


(...) É assim que acaba o mundo
É assim que acaba o mundo
É assim que acaba o mundo
Não com estrondo, mas com um suspiro".


Fonte: Náufrago da Utopia


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