Processo de privatização da Sanecap é revelador da confusão que impera na administração de Chico Galindo.Não foi para dilapidar o patrimônio público que foi eleito. Não, nunca. Seria bom se ele tivesse auto-crítica e desse um passo atrás
Em artigo que circula na edição impressa do jornal Circuito Mato Grosso, dou a minha opinião quanto à atuação do prefeito Chico Galindo no processo de privatização (ele insiste que é concessão) da Sanecap. Abaixo, uma versão estendida do texto. Ou seja, aqui ele é maior do que aquele que está publicado no jornal de Pérsio Briante.
A farra de Chico Galindo
Por Enock Cavalcanti
Meus amigos, meus inimigos: o processo de privatização da Sanecap é revelador da confusão que impera na administração do prefeito Chico Galindo. Cuiabá não merecia mergulhar numa barafunda destas, mas Chico Galindo não nos poupa. Achou que poderia repassar a empresa pública de saneamento para o controle de grupos privados sem ouvir a população, sem dialogar francamente com as diferentes forças políticas. Coisa de um administrador estouvado, incompetente, sem o mínimo de jogo de cintura.
Todo mundo viu a confusão que foi aquela votação realizada na Câmara num dia em que Galindo passeava por Portugal, Júlio Pinheiro oferecia café da manhã a imprensa, acontecia uma audiência publica sobre saneamento no Plenarinho - e os vereadores subordinados à Prefeitura apunhalavam pelas costas a nossa Sanecap. A grande verdade é que, ao propor a privatização da Sanecap, Chico Galindo faz como que uma confissão pública de que não é um homem nem um profissional talhado para administrar os negócios públicos em Cuiabá. Quem assume uma missão pra valer, não pode querer fugir dela no meio do caminho. Quando ele se candidatou junto com Wilson, para a Prefeitura, não falava em privatizar (ou conceder, concedamos) coisa nenhuma! Todo bom brasileiro, amante do futebol, sabe que as regras do jogo não podem ser mudadas durante a partida!
Mesmo deixando de lado os regramentos constitucionais, veremos que se existem hoje diversos capitalistas interessados em gastar mais de 2 bilhões de reais para assumir o controle do negócio da água é por que esse negócio é verdadeira mina de ouro, já que lida com um bem público, a água, que é de consumo inescapável para todas as pessoas. Por absoluta incompetência como gerente de nossa cidade, Galindo tenta transformar nossa água em mercadoria que irá gerar novos lucros para os capitalistas quando se sabe que existe dinheiro público, em Brasília, para viabilizar os negócios não só da Petrobrás mas também da Sanecap.
Quem é que pode entender e aceitar o fato de que Galindo deixe retornar aos cofres do Governo Federal os milhões que o presidente Lula destinou para o PAC em Cuiabá? Se os milhões do PAC não se transformaram em obras na área de saneamento em nossos bairros foi por uma falência absoluta no gerenciamento de nossa capital, comprometido além do mais pela corrupção flagrada durante a Operação Pacenas. Nessa balbúrdia, com o gerenciamento do PAC sendo repassado para o governador Silval, e a prefeitura se omitindo completamente na mobilização de nossa bancada federal para ampliar os investimentos federais em Cuiabá, quem fica com o maior prejuízo é a população. Sem as obras do PAC, sem a reestruturação da Sanecap, e ameaçada de ter seu abastecimento de água agora entregue a um desses conglomerados capitalistas cujo objetivo maior é sempre engordar o seu faturamento. E o prefeito desleixado ainda fala que, ao entregar a Sanecap, está pensando no povo pobre da periferia, lá do Doutor Fábio, dos Altos da Serra, que não dispõe de água nem esgoto!
Ora, todos sabemos da seletividade com que trabalham os capitalistas, buscando sempre atender aos mais aquinhoados e empurrando cada vez mais para a miséria aqueles que não podem pagar para se integrarem ao mercado de consumo. Olhem para o mercado da energia elétrica, do transporte público, da telefonia, entregues nas mãos de capitalistas pantagruélicos e vejam os benefícios que deles conseguem arrancar os nossos pobres e os filhos dos pobres. Para eles, sobram as migalhas! Onde se busca o lucro, se produz a miséria. A intervenção do Estado, através da gestão pública, é sempre fundamental para equilibrar minimamente o atendimento que se oferece às pessoas. Se Chico Galindo não consegue entender isso, por que é não privatiza de vez toda a prefeitura de Cuiabá, e não vai cantar em outra freguesia?
Não foi para dilapidar o patrimônio público que Chico Galindo foi eleito. Não, nunca. Essa farra que Galindo está fazendo nos negócios da Prefeitura não pode continuar. Seria bom se ele tivesse auto-crítica e desse um passo atrás. Mas será Galindo capaz deste discernimento? Tem horas que duvido muito.
Fonte pagina do Enock
visite a pagina do MCCE-MT
