A corrupção hoje não é mais disfarçada e nem causa vergonha entre os envolvidos. Os acusados, mesmo apanhados em flagrante delito – filmados em plena ação ou gravados em alto e bom som – batem no peito e clamam por sua “honra” (como se ladrões e bandidos a tivessem).
Quando um certo político brasileiro se referiu ao Congresso Nacional como a casa dos 300 picaretas, muita gente achou essa declaração um acinte.
Esse mesmo político, anos depois, conseguiu se eleger (depois de várias tentativas) sob a bandeira da mudança, da ética na política e do banimento dos picaretas de forma a tornar a política nacional mais limpa e menos corrupta.
Mas, o que a população assistiu poucos meses depois da posse, foi justamente esse mesmo político aliando-se aos 300 picaretas e fazendo esse número multiplicar.
Diante de uma nação apática, alienada e sem qualquer interesse; esse político e seus novos aliados erigiram um império de poder e corrupção nunca antes visto “nessepaís”.
Atos completamente imorais e flagrantemente ilegais eram amenizados e afagados com declarações do tipo “mas, ele não é uma pessoa como outra qualquer”; “sua biografia é maior do que isso”; "não, eu não sabia”; “tudo é culpa da imprensa golpista e denuncista” ou o pior dos mundos: “Collor foi o melhor presidente desde JK”.
Não que a corrupção tenha nascido ou seja exclusiva do governo desse senhor. Mas, usando um dos termos favoritos dele: “nunca antes na história dessepaís” se abraçou, se afagou, se incentivou e se compactuou com a corrupção, com os corruptos e com os corruptores quanto nesses últimos nove anos.
A absolvição de Jaqueline Roriz (PMN/DF) nada mais é do que a coroação de um jeito de fazer política que trata o Tesouro como caixa particular e fundo de apoio aos “amigos”. Quem esperava a condenação com cassação de mandato vive em um universo paralelo ou é extremamente inocente.
A corrupção hoje não é mais disfarçada e nem causa vergonha entre os envolvidos. Os acusados, mesmo apanhados em flagrante delito – filmados em plena ação ou gravados em alto e bom som – batem no peito e clamam por sua “honra” (como se ladrões e bandidos a tivessem).
Como se estivéssemos mergulhados num verdadeiro romance kafkiano a fala de Jaqueline dá o tom de como o corrupto brasileiro se vê: “- Fizeram isso comigo, com minha honra, e mais uma vez me calei. Venho agora quebrar esse silêncio. Sofri e vi minha família sofrer comigo”.
Numa total reversão de valores o ladrão se transforma na vítima e a sociedade em seu algoz cruel. Não é o corrupto que causa a morte de milhares de brasileiros ao apropriar-se de verbas que faltam nos hospitais; não é o ladrão que se envergonha por matar lentamente e com crueldade pela falta de recursos para saneamento básico; não há arrependimento pelas famílias famintas, desfeitas ou condenadas a uma vida degradante simplesmente porque um ladrão resolveu embolsar “um qualquer a mais”.
Na visão do corrupto brasileiro, a corrupção é um direito seu. É algo a ser transferido de pai para filho e fruto do Direito Divino. O corrupto brasileiro se vê como um eterno injustiçado. Afinal de contas, ele estava apenas fazendo o que todo mundo faz e a imprensa (sempre a cruel imprensa) foi lá atrapalhar. Chegamos a tal ponto de podridão que os “grandes nomes” se afastam da vida pública por temerem se ver ligados a tal corja de alguma forma.
Mas, se analisarmos seriamente a questão, veremos que a indignação exibida pelo corrupto brasileiro e toda a sua revolta ao ser desmascarado pela imprensa é legítima. Sim, isso mesmo, é legítima e deve ser compreendida por todo cidadão.
Na verdade, a explicação para isso é muito simples. Um ladrão que rouba frequentemente e é sempre perdoado acaba achando o ato de roubar coisa normal e aceita dentro da sociedade em que vive.
O Mesmo se dá com o político corrupto. Ao ser apanhado “com a boca na botija” inúmeras vezes e, no caso de Jaqueline, fazer parte de uma família de políticos sempre envolvidos com todo tipo de denúncias e desvios e, mesmo assim, constantemente se verem eleitos e reeleitos (e gozando de incrível poder político); torna a corrupção algo aceitável eticamente e bem visto pela população.
O raciocínio é simples: quando você é assaltado na rua, exige a punição do bandido e a ação imediata da polícia. A partir daí, você passará a vigiar melhor por onde anda e tomará mais cuidado com seu patrimônio; não é mesmo?
Mas, ao ver um corrupto apanhado roubando os cofres públicos ou dizendo barbaridades – como o político do início de nossa pequena história – você reclama para sua família, chora para o vizinho e bate o pé no botequim da esquina. Contudo, logo depois, acredita em suas propostas mirabolantes, na sua propaganda cara e bem feita, em seu sorriso “imaculado” e dá o seu voto alegremente para que ele continue te roubando e matando milhares de brasileiros por falta de atendimento médico, saneamento básico. Condenando uma grande parcela da população a miséria eterna por falta de uma boa educação e de oportunidades.
Então? Antes de perguntar quem são os culpados pela roubalheira generalizada, pela falta de pudor e pela desfaçatez dos corruptos que infestam Brasília e todas as áreas da administração pública brasileira; faça um exame de consciência e olhe-se no espelho.
O culpado por tudo isso estará diante de você.
Pense nisso.
Luís Inácio (300 Picaretas)
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
Eles ficaram ofendidos com a afirmação
Que reflete na verdade o sentimento da nação
É lobby, é conchavo, é propina e jeton
Variações do mesmo tema sem sair do tom
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia
Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
Ia juntar muita gente pra pegar na saída
Pra fazer justiça uma vez na vida
Eu me vali deste discurso panfletário
Mas a minha burrice faz aniversário
Ao permitir que num país como o Brasil
Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado
Por um par se sapatos, um saco de farinha
A nossa imensa massa de iletrados
Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez
O congresso continua a serviço de vocês
Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão
Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição
Se eu fosse dizer nomes, a canção era pequena
João Alves, Genebaldo, Humberto Lucena
De exemplo em exemplo aprendemos a lição
Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão
De rádio FM e de televisão
Rádio FM e televisão
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
São trezentos picaretas com anel de doutor
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou
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Eles ficaram ofendidos com a afirmação
Que reflete na verdade o sentimento da nação
É lobby, é conchavo, é propina e jeton
Variações do mesmo tema sem sair do tom
Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
Uma cidade que fabrica sua própria lei
Aonde se vive mais ou menos como na Disneylândia
Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
Ia juntar muita gente pra pegar na saída
Pra fazer justiça uma vez na vida
Eu me vali deste discurso panfletário
Mas a minha burrice faz aniversário
Ao permitir que num país como o Brasil
Ainda se obrigue a votar por qualquer trocado
Por um par se sapatos, um saco de farinha
A nossa imensa massa de iletrados
Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez
O congresso continua a serviço de vocês
Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão
Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição
Se eu fosse dizer nomes, a canção era pequena
João Alves, Genebaldo, Humberto Lucena
De exemplo em exemplo aprendemos a lição
Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão
De rádio FM e de televisão
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