Se a montagem de fotos feita por Época for uma
ilustração real do objeto e alvo da CPI de Cachoeira, não restará muito
das elites políticas que governam o estado esmeraldino nos últimos
quinze anos. E, se for além do que aí está descrito, será uma CPI que se
sabe por onde começa e não para onde termina.
Por Bruno Lima Rocha
A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, criou cachoeiras de oportunidades políticas, mudando drasticamente a conjuntura. Impressiona a capacidade transformadora de um fato midiático à altura da difusão pública das conversas entre o senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM, agora sem partido) com seu conterrâneo – e suposto amigo – Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Se fizermos uma breve digressão antes que os arquivos de áudio “vazassem” da elite policial brasileira para as telas da emissora líder de TV aberta, vamos ver que o governo de Dilma estava indo contra a parede. Era quase um consenso entre analistas (onde este que aqui escreve se inclui) a caracterização de uma possível paralisia decisória em função dos embates do Executivo para com sua base “aliada”. Em poucos dias, a emergência dos fatos evidenciados coloca em segundo plano a estrutura do presidencialismo de coalizão.
A Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, criou cachoeiras de oportunidades políticas, mudando drasticamente a conjuntura. Impressiona a capacidade transformadora de um fato midiático à altura da difusão pública das conversas entre o senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEM, agora sem partido) com seu conterrâneo – e suposto amigo – Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Se fizermos uma breve digressão antes que os arquivos de áudio “vazassem” da elite policial brasileira para as telas da emissora líder de TV aberta, vamos ver que o governo de Dilma estava indo contra a parede. Era quase um consenso entre analistas (onde este que aqui escreve se inclui) a caracterização de uma possível paralisia decisória em função dos embates do Executivo para com sua base “aliada”. Em poucos dias, a emergência dos fatos evidenciados coloca em segundo plano a estrutura do presidencialismo de coalizão.
As oportunidades ocorrem quando os agentes
coletivos – no caso, legendas e lideranças – são obrigados a
posicionarem-se diante da “novidade”. Na arena do Jogo Real, importa
menos os fatos conhecidos do que aqueles tornados públicos. Quando o
acusador de estilo lacerdista ganha holofotes negativos, tanto seu
partido, como os aliados e adversários se vêem na urgência de tomarem
posição. Os oligarcas e as direitas – dentro e fora do governo -
poderiam apostar no esquecimento, na operação abafa de sempre, mas se
viram ultrapassadas pela contundência midiática e a chiadeira dos
opositores de Demóstenes. Agora, com a abertura de processo de quebra de
decoro no Conselho de Ética do Senado, e da CPMI (será instalada em
ambas as casas) tendo como alvo as relações de lobby informal dos
tribunos goianos e o empresário de jogos ilegais, a cancha literalmente
se abre.
As peças se movem no Congresso e alguns movimentos da oposição de
direita são óbvios. De imediato é buscar o “efeito teflon”,
descolando-se dos alvos do julgamento político, que pode não se
interromper apenas em Demóstenes. Já os “aliados” de Dilma – incluindo o
partido do governo - também terão momentos tensos, pois o objeto da CPI
pode transbordar o alvo primário, trazendo memórias nada agradáveis do
ano de 2004, assim como relações atuais muito “complicadas”. Quem fatura
alto mesmo é a oposição de esquerda, estando o PSOL como paladino da
legalidade republicana. O racha do PT pode abrir uma trincheira em cada
tribuna, bater dentro e fora do Planalto, ganhando uma visibilidade
interessante em ano eleitoral.
Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat
Fonte:Estrtégia e Análise
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