sexta-feira, 11 de maio de 2012

Caso Empaer – A mediocridade da Corte eleitoral


A sociedade deve ficar vigilante e toda vez que assuntos importantes forem levados a julgamento deve comparecer em peso para ver de perto como agem os ungidos com o poder de decidir a vida da nossa terra.

Ademar Adams aponta mediocridade no TRE

por Ademar Adams

Após a sessão do TRE na noite de terça-feira, cheguei em casa às 10 da noite cansado e deprimido. Não me saía da cabeça a mediocridade da Corte Eleitoral, constatada após o voto do relator e a manifestação dos demais pares.
 
A fora o estilo sempre sereno do desembargador Rui Ramos, que deu novos ares ao Tribunal e não tem culpa das toscas companhias, e a posição corajosa do juiz federal Pedro Francisco, que acompanho de longa data, o resto foi de doer na alma.
 
Fiquei a me perguntar, o porquê de sermos obrigados a nos submeter a um tribunal tão fraco, que deveria na verdade ser composto pelos luminares do direito. O relator nos submeteu a um voto longo recheado de críticas ao instituto da reeleição, escancarou a verdade de fundo do processo, ou seja, a convocação dos servidores da Empaer para um evento eleitoreiro à custa do erário.
 
E daí, após dar a entender que votaria pela cassação, passou a defender de forma apaixonada o evento ilegal, concluindo que não teria o condão de mudar o resultado eleitoral, como se isso era o que de fato contava.
 
Aí começou a sessão caititu. O primeiro começou bem, que me fez concentrar a atenção no seu voto. Ledo e Ivo engano. Era apenas um contorcionismo jurídico para aparentar erudição e tecnicidade, mas restou concluindo por entrar no carreiro aberto. Veio um voto ridículo, como se fosse num tambor de rinhadeiro, onde o dono do galo julga a luta do seu próprio bicudo.
 
O pedido de vistas do juiz federal não brecou a carreira da vara. Votou um que confessou mal conhecer os autos, mas que parece que conhecia bem o caminho traçado. Porque não esperar o tempo da vista requerida, para conhecer melhor o processo? E por fim a grande decepção da noite, o jovem com a oportunidade de justificar sua presença no sodalício, perdeu a chance de pelo menos mostrar seriedade, resguardando o voto, aderiu sem a mínima justificativa.
 
Foi justamente sobre os dois votos dados após o pedido de vistas, que me chamou a atenção um amigo. Mostrou-me que este fato aponta para uma combinação prévia, que levou os dois membros a não esperar um eventual voto divergente. E eles não se arriscaram, nem para mostrar um laivo de sobriedade, nem para ficar bem com a sociedade.
 
Agora resta esperar um eventual voto divergente do juiz federal, que como os membros da mesma origem que o antecederam, mostrou independência. Não foi na onda, na avalanche que tolerou e incentivou o uso da máquina pública pelos governantes que buscam a reeleição. E aí, na subida ao TSE, o voto divergente poderá ter mais atenção do que a lengalenga que tangeu os caititus.
 
Firme também foi a postura da jovem procuradora eleitoral que mesmo cercada pela composição machista do Tribunal, leu seu lúcido parecer, que também foi ignorado pelos votantes.
 
O tumulto causado pela tentativa de exposição de uma faixa, foi a única novidade na sessão. Um sopro de rebeldia, uma marola de liberdade de manifestação, que quebrou um pouco a frieza dura da solenidade. Foi uma aguinha no chope governista, uma mera ameaça de retardar eventuais prebendas extraordinárias.
 
A sociedade deve ficar vigilante e toda vez que assuntos importantes foram levados a julgamento e deve comparecer em peso para ver de perto como agem os ungidos com o poder de decidir a vida da nossa terra.
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Ademar Adams é jornalista em Cuiabá

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