Os Maias tinham razão? Começou o Fim do Mundo?
Uma esbórnia total.
Na Capital da República, o confronto entre Mensaleiros e Cachoeiristas, escândalos de parte a parte, podridão, imundície. Puro pântano.
Todos estes detritos, estas fezes, estes excrementos malcheirosos, lá e cá, vindo à tona, sendo escancarados à luz do dia.
Ratos, ratos e mais ratos. E ratazanas também.
A Luz do Sol é, mesmo, o melhor detergente...
Será mesmo o começo do Fim do Mundo, como previram os Maias?
Do Blog Abra a Boca Cidadão
Do Blog Abra a Boca Cidadão
Mensalão versus caso Cachoeira: é a guerra
do fim do mundo
do fim do mundo
DOIS
ESCÂNDALOS ATÔMICOS CORREM EM PARALELO; DE UM LADO, UMA ALA NEGA O
MENSALÃO E VÊ NA CACHOEIRA GOIANA UM MANANCIAL INESGOTÁVEL DE PODRIDÃO;
DE OUTRO, APONTA-SE A CORTINA DE FUMAÇA DOS MENSALEIROS; NÃO SERIA O
CASO DE SIMPLESMENTE ACABAR COM A HIPOCRISIA NA MÍDIA E NA POLÍTICA?
Por Leonardo Attuch _247
Lá se vão 31 anos de que o escritor peruano Mario Vargas Llosa
publicou um clássico da literatura latino-americana: “A Guerra do Fim do
Mundo”, que mistura personagens reais e fictícios da Guerra de Canudos,
liderada no sertão da Bahia por Antonio Conselheiro.
Vargas Llosa usou a imaginação para elaborar sua narrativa, mas, no Brasil, a realidade sempre supera a ficção. Ninguém poderia prever que, em 2012, dois escândalos atômicos correriam em paralelo: o do mensalão, que está prestes a ser julgado, e o do esquema de Carlos Cachoeira, que acaba de ser desbaratado pela Polícia Federal.
De cada lado, haverá uma torcida organizada, com políticos, jornalistas e porta-vozes informais. Uma espécie de Gaviões da Fiel contra Mancha Verde numa competição para apontar qual foi o maior escândalo de corrupção de todos os tempos no Brasil.
Um lado sustenta que o mensalão nunca existiu, ou seja, que jamais houve uma rotina de pagamentos mensais a parlamentares, em troca de apoio político. De fato, nunca existiu. Parlamentares não tinham salarinho mensal, com descontos no dia 20 e no dia 5. Mas a tese de que o mensalão foi apenas um megaesquema de caixa dois eleitoral não elimina uma série de crimes. Quando um determinado grupo político se propõe a pagar dívidas de campanha passadas e a organizar campanhas políticas futuras de sua base aliada, o que se está fazendo é, sim, a compra de apoio parlamentar. Afinal, políticos visam o poder. O poder depende do voto. E o voto depende de dinheiro, no sistema eleitoral brasileiro. Se a palavra mensalão puder ser utilizada como sinônimo de esquema de financiamento político, é algo que existe em todas as câmaras de vereadores e assembleias legislativas do País.
O outro lado, por sua vez, irá apontar que, por trás da CPI do Cachoeira, há o dedo de forças ocultas tentando criar uma cortina de fumaça para evitar o julgamento do “maior escândalo de corrupção de todos os tempos” – essa é a tese da revista Veja, por exemplo. E seus porta-vozes enxergarão em qualquer ato da CPI, como as possíveis convocações do procurador Roberto Gurgel ou de jornalistas ligados a Cachoeira, uma tentativa de melar o mensalão.
Cada um no seu quadrado
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, já diria o sábio Vicente Matheus. Todos querem que o mensalão seja julgado – e o ideal é que o seja de forma justa, sem pressões exercidas por fatores externos, como a própria imprensa. E a sociedade brasileira também quer que a CPI tenha liberdade plena para investigar todos os aspectos da quadrilha liderada por Carlos Cachoeira. Uma quadrilha, diga-se de passagem, com ramificações em governos estaduais, no Ministério Público, no Judiciário, no PAC e, sim, na imprensa.
Por que será que, num país livre como o Brasil, deve haver temas proibidos ou tabus? Se o procurador Roberto Gurgel vier a ser convocado, porque, aparentemente, prevaricou, nenhuma instituição sairá abalada. Se jornalistas vierem a ser chamados a explicar suas relações com Carlinhos Cachoeira, o Brasil compreenderá melhor como funciona o jogo de achaques e extorsões no submundo da política brasileira. E a liberdade de imprensa sairá fortalecida.
Perde-perde?
Com o olhar arguto de jornalista acostumada a desvendar os meandros do po
der, a brilhante Tereza Cruvinel, que presidiu a Empresa Brasileira de
Comunicação e comandou a coluna política mais importante do jornal O
Globo, definiu a CPI do Cachoeira como um jogo de perde-perde.
Os dois lados, governistas e oposição, mensaleiros e cachoeiristas, sairão derrotados. Mas, se é assim, e se estamos mesmo diante de uma guerra de extermínio entre gangues rivais da política, o Brasil sairá ganhando. A bomba atômica fez nascer o Japão da paz, como diria Gilberto Gil. E o cogumelo nuclear pode também estar gestando um sistema político mais saudável no Brasil.
Transparência, liberdade e o fim da hipocrisia só podem fazer bem a um país. Quem sabe se, depois disso, brotam do pântano as flores do mal.
Brasil 247
Saiba mais
Os encontrosentre Policarpo, da Veja, e os homens de Cachoeira

Levantamento feito a partir de documentos da Operação Monte Carlo
indicam que o editor da revista Veja esteve, pelo menos, 10 vezes com o
contraventor Cachoeira e membros de sua organização. Em geral, os temas
dessas conversas acabaram se transformando em matérias da revista.
Operação no Hotel Nahoum, que envolveu tentativa de invasão do quarto de
José Dirceu, também foi tema dessas conversas. A reportagem é de
Vinicius Mansur.
Por Vinicius Mansur/Carta Maior
Brasília - Um levantamento do inquérito 3430, resultado da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), indica que o editor da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior, e a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira se encontraram presencialmente, pelo menos, 10 vezes. Só com Cachoeira foram 4 encontros.
O número pode ser maior, uma vez que a reportagem de Carta Maior teve acesso apenas ao apenso 1 do inquérito, com 7 volumes. Entretanto, existem mais dois apensos que, juntos, tem 8 volumes.
O primeiro destes encontros foi marcado para o dia 10 março de 2011. Em ligação telefônica no dia 9 daquele mês, às 22:59, Cachoeira diz ao senador Demóstenes Torres (então do DEM, hoje sem partido):
“É o seguinte: eu vou lá no Policarpo amanhã, que ele me ligou de novo, aí na hora que eu chegar eu te procuro.”
No dia 27 de abril, Cachoeira anunciou ao diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, outro encontro com o jornalista. Sobre a ligação, interceptada às 07:19, o inquérito da PF relata:
“Carlinhos diz que vai almoçar com a prefeita de Valparaíso e com Policarpo da revista Veja”.
Às 09:02, o contraventor avisa a Demóstenes do almoço com Policarpo:
“Eu vou almoçar com o Policarpo aí. Se terminar o almoço e você estiver lá no apartamento eu passo lá.”
O senador respondeu:
“Ok... o Policarpo me ligou, tava procurando um trem aí. Queria que eu olhasse pra ele algumas coisas. Pediu até pra eu ligar para ele mais tarde, não quis falar pelo telefone”.
Nesta mesma conversa, Demóstenes pediu conselhos a Cachoeira sobre sua mudança de partido. Cachoeira afirmou que “esse DEM já naufragou” e disse:
“Tem que ir pro PMDB, até pra virar do STF né?”O terceiro encontro: o alvo é Zé Dirceu, não a Delta
A partir do dia 7 de maio de 2011, aparecem conversas da quadrilha de Cachoeira sobre a reportagem “O segredo do sucesso”, assinada por Hugo Marques e publicada pela revista Veja na edição 2216, daquele mesmo fim de semana. A matéria relaciona o crescimento da empresa Delta com os serviços de consultoria de José Dirceu.
Em ligação do dia 8 de maio, às 19:58, Cachoeira diz a Cláudio Abreu que Demóstenes vai trabalhar nos bastidores do Senado para abafar a reportagem.
No dia 9, às 23:07, Cláudio pergunta ao bicheiro se ele irá “no almoço com aquele Policarpo” no dia seguinte. Cachoeira responde:
“Ah o Policarpo eu encontro com ele em vinte minutos lá no prédio, é rapidinho”.
No dia 10, às 14:43, Cachoeira conversa com Cláudio. O resumo da ligação feito pela PF diz: ”Carlinhos conta a Cláudio sobre a conversa que teve com Policarpo, da Veja, a respeito da reportagem que saiu na revista no último final de semana”.
Em outra ligação, no dia 11, às 09:59, Idalberto Matias de Araujo, o Dadá, tido pela PF como braço direito de Cachoeira, conta ao bicheiro que conversou com o repórter da Veja, Hugo Marques, que lhe revelou que o alvo de sua reportagem era “Zé Dirceu e não a Delta”.
O quarto encontro foi com Cláudio Abreu. No dia 29 de junho de 2011, às 19:43, Cláudio disse a Cachoeira que esteve com Policarpo e passou informações sobre licitação da BR 280. As informações foram parar na reportagem “O mensalão do PR”
, publicada na edição 2224 da revista Veja, dando origem as demissões no Ministério dos Transportes.
No dia 7 de julho, às 09:12, Cláudio conta a Cachoeira que “o JR” quer falar com ele.
Cachoeira: “Que que é JR?”
Cláudio: “PJ, né amigo.”
Cachoeira: “PJ?”
Cláudio: “Pole.”
Cachoeira: “O que?”.
Cláudio: “Engraçado lá, Carlinhos. Policarpo, porra.”
No dia 26 de julho de 2011, Policarpo perguntou a Cachoeira, em telefonema às 19:07, como fazer para levantar umas ligações entre o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) e “gente da Conab”.
No dia 28, às 17:19, uma ligação interceptada pela PF entre Jairo Martins, o araponga de Cachoeira, e uma pessoa identificada apenas como “Editora Abril” é sucintamente resumida pela palavra “encontro”.
No fim de semana seguinte a revista é publicada com a reportagem “Dinheiro por fora”, trazendo informações sobre o financiamento de campanha de Jovair e de outros políticos de Goiás por empresa favorecida pela Conab.Invadindo o hotel Naoum
No dia 2 de agosto de 2011, às 10:46, Jairo Martins, marca encontro por telefone “no Gibão do Parque da Cidade” com “Caneta”, identificado inicialmente pela PF como alguém da Editora Abril. Às 12:04, Jairo informa a Cachoeira que irá almoçar com “Caneta” às “15 pra uma” para tratar “daquela matéria lá (...) que ta pronta”.
Às 14:30, o araponga informa ao bicheiro que “Caneta” quer usar imagens do hotel “pra daqui a duas semanas, que naquele período que ele me pediu, o cara recebeu 25 pessoas lá, sendo que 5 pessoas assim importantíssimas” (sic). Ele também se mostra preocupado e diz que o combinado era não usar as imagens. Cachoeira diz:
“Põe ele pra pedir pra mim”.
Às 21:03, Cachoeira revela a identidade de “Caneta”. O contraventor conta a Demóstenes:
“...o Policarpo vai estourar aí, o Jairo arrumou uma fita pra ele lá do hotel lá, onde o Dirceu, Dirceu, é, recebia o pessoal na época do tombo do Palocci”.
Segundo Cachoeira, Policarpo pediu para “por a fita na Veja online”.
No dia 4, às 17:18, Cachoeira fala com Policarpo ao telefone e pede para ele ir encontrar Cláudio Abreu, da Delta, que está esperando. Às 17:31, Cachoeira
diz para Claudio mandar Policarpo soltar nota de Carlos Costa.
Às 17:47, Cláudio pergunta onde a nota deve ser publicada. Cachoeira diz que no “on-line já ta bom”, mas “se for na revista melhor”. Às 18:37, o bicheiro informa ao diretor da Delta que Policarpo “está com um problema sério na revista”, pediu para desmarcar o encontro e receber a nota por email.
No dia 10 de agosto, às 19:11, Cláudio conta ao chefe da quadrilha que estará em Brasília no dia seguinte para falar com “PJ”. No mesmo dia, às 19:22, Jairo e Policarpo combinam por telefone um “encontro no churrasquinho”. Às 20:41, Jairo e Cachoeira falam sobre liberação das imagens.
No dia 11, às 08:58, Carlinhos fala a Demóstenes que almoçará com Policarpo. O resumo de uma ligação às 14:09, entre Cachoeira e Cláudio, afirma que “Carlinhos está no Churchill, possivelmente com Policarpo Júnior”. Às 20:05, em conversa com Demóstenes, Cachoeira conta que encontro com Policarpo foi para ele “pedir permissão para o trem lá do Zé”.
No dia 15, às 10:12, Cachoeira orienta Jairo para “matar a conversa com Policarpo”:
“Nós temos que pedir aquele assunto para ele.”
Às 19:04, Policarpo marca encontro com Jairo “em 10 minutos no espetinho”. O resumo de uma ligação entre os dois às 19:26 diz “encontro”.
O resumo de uma ligação às 12:45 do dia 16 descreve:
“Carlinhos diz que liberou, que só falta ele liberar. Jairo diz que falta pouca coisa. Acha que hoje ele libera.”
No fim de semana de 27 e 28 de agosto de 2011, a revista Veja deu uma capa com o título “O Poderoso Chefão”, em alusão a influência que o ex-ministro José Dirceu ainda tinha sobre o PT e o governo de Dilma Rousseff. A reportagem trouxe imagens de vários políticos visitando Dirceu dentro do Hotel Naoum, onde ele se hospedava em Brasília, afirmando que Dirceu articulou a queda do então ministro da Casa Civil, Antônio Palloci.
O repórter da Veja, Gustavo Ribeiro, foi acusado de tentar invadir o apartamento de Dirceu. A polícia também investiga como as imagens do circuito interno do hotel foram capturadas.